Messias Pontes – UNE: brilhante trajetória de lutas
A setentona União Nacional dos Estudantes concluiu no último domingo o seu 50º congresso com a mesma juventude, garra e determinação de lutar sempre por um Brasil melhor para os brasileiros. A UNE é uma das poucas entidades respeitadas e amadas pela maior
Publicado 10/07/2007 19:38 | Editado 04/03/2020 16:37
Teve papel importante no processo de industrialização do País – Companhia Siderúrgica Nacional, Companhia Vale do Rio Doce etc. –, na campanha pela criação da Força Expedicionária Brasileira para lutar contra o nazi-facismo na Segunda Guerra Mundial, pelo monopólio nacional do petróleo e pela criação da Petrobrás, enfim, por um verdadeiro projeto de Nação.
Justamente por ter uma brilhante e heróica trajetória de lutas em defesa da democracia, da justiça social e da soberania nacional é que a UNE foi e continua sendo perseguida e caluniada pelas forças políticas e econômicas mais retrógradas e pela mídia conservadora e venal. Durante a ditadura militar – verdadeira tragédia que se abateu sobre o País e que durou longos 21 anos – a entidade máxima dos estudantes universitários brasileiros foi colocada na clandestinidade e teve sua sede, na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, totalmente destruída pelos generais golpistas.
Em outubro de 1968 os mais de 800 delegados estudantis de todo o País foram presos durante o congresso de Ibiúna, em São Paulo. Acreditaram os militares golpistas ter aniquilado a entidade, mas logo em seguida surgiram protestos em todo o País, sendo Fortaleza a primeira cidade a colocar milhares de estudantes nas ruas exigindo a libertação de todos. A principal palavra-de-ordem era: “A UNE somos nós, nossa força e nossa voz” Ao tomar conhecimento da grande passeata na capital cearense, todos os estudantes presos na OBAN vibraram entusiasticamente, repetindo a mesma palavra-de-ordem: “A UNE somos nós, nossa força e nossa voz”.
A UNE teve participação decisiva na campanha do “Fora Collor”, forçando o Congresso Nacional a cassar o mandato do presidente Fernando Collor de Mello, precursor da tragédia do neoliberalismo no Brasil. Durante os oito anos de desgoverno do outro Fernando, o Coisa Ruim, a UNE denunciou e lutou bravamente ao lado de milhões de brasileiros contra a política anti-povo e de traição nacional dos neoliberais tucanos e pefelistas, e foi importante protagonista na vitória das forças democráticas e populares, tendo o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva à frente.
Durante a crise política de 2005 do chamado “mensalão”, a UNE mobilizou multidões em Goiânia, na véspera do seu 49º congresso, e em Brasília, para defender a apuração e punição de todos os envolvidos em atos de corrupção, porém defendeu o governo do presidente Lula da tentativa golpista da direita e da mídia conservadora e venal a seu serviço.
Por tudo o que a UNE representou e representa é que as forças conservadoras e os jornalistas amestrados continuam mentindo e caluniando a entidade. A última investida da direita é “plantar” informações que a UNE “é chapa branca” por defender o governo do presidente Lula em troca de verbas da União. A entidade recebe verbas federais, sim, mas não em troca de apoio.
Tanto isto é verdade que das dezenas de resoluções aprovadas no congresso encerrado domingo último, a primeira foi a total autonomia e independência da entidade face ao Governo Lula. Também por unanimidade foi aprovada a proposta condenando a política econômica do Governo. Neste sentido foi deliberado que durante o mês de agosto os estudantes vão às ruas exigir o fim da política de arrocho fiscal e de juros altos, pelo superávit primário zero, contra a autonomia do Banco Central e pela demissão do seu presidente Henrique Meireles, pela revogação da Lei de Responsabilidade Fiscal e pelo fim do Programa Nacional de Desburocratização.
A ira da direita e da grande mídia a seu serviço vai aumentar com a participação da UNE, juntamente com dezenas de outras entidades, inclusive a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) na organização do plebiscito, na Semana da Pátria (de 1º a sete de setembro próximo), pela anulação do leilão da Companhia Vale do Rio Doce. Com essa campanha pela retomada da Vale os neoliberais voltam à berlinda e serão execrados mais uma vez pela maioria dos brasileiros. Para desespero dos traidores da Pátria a UNE vai continuar honrando a sua história de lutas, e já começou a botar o bloco na rua por mudanças na política econômica do governo Lula e na educação.
A estudante de Jornalismo da FMU (FaculdadeS Metropolitanas Unidas), de São Paulo, Lúcia Stumpf, eleita com 72% dos votos, é a nova presidente da UNE.
Viva a gloriosa e heróica União Nacional dos Estudantes!
Messias Pontes é jornalista