Sindicalistas da CSC/SP defendem a saída da CUT

Teve grande êxito o Encontro Sindical Classista do PCdoB/SP, realizado nesta quarta feira, no Sindicato dos Marceneiros. Cerca de duzentas lideranças, de 35 diferentes entidades, além de vereadores e dirigentes partidários estiveram presentes. O Encont

Pela manhã Nivaldo Santana e Anselmo dos Santos, pesquisador do CESIT/INstituto de Economia da Unicamp, apresentaram propostas para o crescimento econômico e desenvolvimento social do Brasil.


 


Nivaldo salientou que “a política contraditória do governo Lula beneficia dois extremos da sociedade: os banqueiros e a legião mais pobre dos brasileiros”, esta última beneficiária de programas de transferência de renda. O vice-presidente do PCdoB/SP expôs as limitações e possibilidades do governo Lula. “O projeto encarnado pelo governo Lula não está esgotado, mas é limitado. O papel político das forças sociais é superar esses limites. É preciso convicção de rumos e saber que teremos de enfrentar adversários poderosos”, afirmou.


 


Anselmo dos Santos ressaltou a ortodoxia da política econômica como principal entrave às transformações que o país espera. “A eleição de Lula trouxe esperança e problemas”. “Contivemos a tendência neoliberal devastadora do governo FHC, mas com essa política econômica não tem mudança efetiva da sociedade, não se encaminha o país para lugar nenhum”.  E acrescentou o que, na sua opinião, geraria mudanças profundas no país: “o crescimento acelerado recupera o emprego, fortalece os sindicatos e modifica a estrutura produtiva, gera mais e melhores ocupações”. Criticando a obsessão pela baixa meta de inflação, Anselmo alertou: “inflação baixa é bom, mas o custo para mantê-la tão baixa tem sido a falta de crescimento, o desemprego”.


 


Pólo Classista


 


Os debates da tarde trataram essencialmente sobre a necessidade de criar um pólo de correntes comprometidas com o movimento sindical classista e a postura da CSC de alavancar essa luta fora da Central Única dos Trabalhadores.


 


As exposições procuraram deixar claro que a posição da CSC não é contra a CUT, mas de buscar contribuir com o fortalecimento de um pensamento transformador no sindicalismo. Para Batista, secretário sindical nacional do PCdoB, “não estamos saindo contra a CUT, mas temos força para jogar o papel que estamos sendo chamados”. Nádia Campeão, presidente estadual do Partido, salientou que “mesmo saindo da CUT a luta pela unidade está presente”e apontou o desafio de “ser o pólo democrático e combativo do movimento operário” para a CSC.


 


“A tradição do Brasil no movimento sindical é conciliar a unicidade sindical na base com o pluralismo em cima [Centrais]”, é a opinião de Marcelo Cardia, secretário sindical do PCdoB/SP. Ele expressou a diversidade do movimento sindical no estado. “O movimento sindical é mais amplo e diversificado em São Paulo, além de aqui estarem presentes as cúpulas das centrais. Por isso, a orientação é abrir o leque. Quem não for filiado à CUT não pode se sentir mal na CSC”, completou.


 


Hegemonia X Hegemonismo


 


As intervenções de vários dirigentes sindicais levantaram o hegemonismo praticado dentro da CUT como uma barreira para as posições classistas. João Batista apresentou que vários movimentos foram feitos junto à cúpula daquela Central, mas não obtiveram sucesso em construir uma estrutura que respeitasse mais a pluralidade de pensamento do movimento.


 


Em contrapartida, quando perguntado sobre como seria a luta pela hegemonia na central a ser criada e que não deve envolver apenas a Corrente Sindical Classista, o secretário sindical exaltou a cultura democrática dos comunistas colocada em prática na União Nacional dos Estudantes. “O nosso maior exemplo é a UNE. Ela aplica uma concepção e uma metodologia [a proporcionalidade qualificada para a diretoria] que permitem a participação expressiva das forças minoritárias”.


 


Socialismo, essa bandeira dá futuro


 


Por fim, a conclusão do debate é que a Corrente Sindical Classista busca viabilizar um projeto avançado e transformador de sindicalismo para disputar a hegemonia entre os trabalhadores.


 


“Não vamos criar estruturas artificiais ou paralelas. Nosso maior desafio é político: construir uma alternativa de classes para jogar papel transformador na sociedade, para realizar mudanças profundas em nosso país. Temos o objetivo estratégico, a luta pelo Socialismo. Essa bandeira dá futuro”, concluiu João Batista Lemos.


 


Fernando Borgonovi, pelo Vermelho-SP