Governador da Bahia decreta luto oficial pela morte de ACM

O governador Jacques Wagner decretou luto oficial de cinco dias pela morte do senador Antonio Carlos Magalhães, ocorrida hoje (20), às 11h40, em São Paulo. O senador morreu, aos 79 anos, em São Paulo, de complicações de insuficiência cardíaca

Em nota oficial, Wagner expressou o pesar à família de ACM que, segundo o documento, “exerceu reconhecida liderança política na Bahia e no Brasil”.


 


Segundo informações da família do senador, o corpo, que chega hoje (20/7), às 21h, na Base Aérea de Salvador, será velado no Palácio da Aclamação. O sepultamento será realizado neste sábado (21/7), em Salvador, no Cemitério do Campo Santo, às 17h.


 


Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) traz a Salvador, senadores que vão acompanhar o velório e o enterro do senador Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA).


A morte de ACM encerra um ciclo na política baiana de quase 30 anos de governo do grupo do senador na Bahia.  


Antonio Carlos Magalhães foi presidente do Diretório Central de Estudantes da Universidade Federal da Bahia, onde se formou em Medicina, e iniciou a carreira na política partidária na União Democrática Nacional (UDN), em 1954, quando se elegeu deputado estadual. Em 1958, foi eleito deputado federal, sendo reeleito em 1962 e 1966.


 


Seu poder político cresceu tendo por base a busca de uma alternativa conservadora às oligarquias baianas já desgastadas na política e esgotadas na economia. Projetou-se durante a ditadura militar, quando foi nomeado prefeito de Salvador, em 1967, e governador da Bahia, em 1970, pelo general-presidente Emílio Garrastazu Médici. ACM voltou, pela via indireta, ao governo da Bahia em 1978. 


 


Filiado à Arena, partido de sustentação do regime militar, criado dois anos após o golpe de 1964, ACM foi nomeado em 1975, pelo então presidente Ernesto Geisel, para a presidência da Eletrobrás


 


ACM passou pelo PDS (Partido Democrático Social), que sucedeu a Arena após o fim do bipartidarismo estabelecido pelos militares, e posteriormente participou da fundação da Frente Liberal, que deu origem ao PFL, no qual se manteve até a morte. Com a mesma estrutura, a sigla passou a se chamar Democratas em março deste ano, mantendo-se na oposição ao governo Lula.


 


Foi aliado da ditadura militar até a vitória da democracia. O fim do regime militar em 1985 não significou o término da carreira política de ACM, que foi nomeado naquele ano por José Sarney, primeiro presidente civil em 21 anos, para o Ministério das Comunicações.


 


A distribuição de concessões de rádio e TV a políticos para assegurar a extensão do mandato de Sarney para cinco anos foi uma das acusações feitas à gestão de ACM à frente do ministério.


 


ACM voltou ao governo da Bahia, desta vez eleito pelo voto popular, em 1991, e ingressou no Senado em 1994. Durante o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) foi presidente do Senado e indicou dois ministros de sua cota pessoal: Rodolpho Tourinho (Minas e Energia) e Waldeck Ornelas (Previdência). Sem falar do governo da Bahia e a prefeitura de Salvador, ocupados por seus aliados.


 


O Senado foi o abrigo de ACM até o fim da vida, com a breve interrupção do período em que renunciou ao mandato para não ter os direitos políticos cassados.


 


Durante a votação secreta que cassou o senador Luiz Estevão (PMDB-DF), em 2000, ACM e o então senador José Roberto Arruda, atualmente governador do Distrito Federal pelo DEM, foram acusados de quebra de decoro pela violação do painel eletrônico do Senado, revelando como votaram os senadores.


 


ACM manteve-se ativo e retornou ao Senado em 2002. Foi acusado, em 2003, de ser o idealizador do esquema que utilizou a estrutura da Secretaria de Segurança Pública da Bahia para realizar escutas telefônicas ilegais contra seus adversários políticos. Após a abertura de inquérito pela Polícia Federal e da denúncia oferecida pela Procuradoria Geral da República, o caso acabou arquivado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).


 


Nas eleições de 2006, foi duplamente derrotado. Seu candidato Geraldo Alckmin não conseguiu impedir a reeleição de Lula e sofreu uma derrota no seu principal reduto.


 


Na Bahia, Paulo Souto, apoiado por ACM, foi derrotado na eleição para governador ainda no primeiro turno, por Jacques Wagner (PT), apoiado por uma ampla frente de partidos. A eleição de Wagner pôs fim à hegemonia do ''carlismo'', como ficou conhecida a corrente política comandada pelo senador, abrindo caminho para um novo ciclo na política baiana.


 


Fonte: Agecom/BA e outras agências