Baianos celebram Dia da Mulher Negra

Salvador, da Bahia, a maior cidade negra fora da África, celebrou as suas rainhas, nesta quarta-feira (25), Dia da Mulher Negra da América Latina e do Caribe. As mulheres são consideradas como rainhas nas religiões de raiz africana e o termo foi resgatado

O evento, organizado pelo Fórum de Mulheres Negras de Salvador, ocorreu no Palácio da Aclamação que foi, durante mais de 50 anos, a residência dos governadores baianos e reuniu belas e altivas rainhas de várias idades, profissões e filiação partidária. O local do evento tem simbolismo. Na história da Bahia, nunca houve uma mulher governadora.  



“A celebração da mulher negra no dia 25 de julho ocorre há 15 anos por iniciativa das mulheres latino-americanas e caribenhas e chega ao Brasil, principalmente a partir da Bahia”, lembrou Ubiracy Matildes, que dirigiu o evento como coordenadora do Fórum.



Participaram da mesa redonda: a professora universitária especialista em gestão de negócios, Célia Santos; a yalorixá Mãe Elenice do terreiro Ilé Axé Omin Jofá; a jornalista Maira Azevedo, representando as mulheres negras jovens; a teóloga, Marlene Moreira e a vereadora de Salvador Olívia Santana (PCdoB).



Para a vereadora Olívia, as comemorações do 25 de julho têm grande significado, na medida em que fazem reverência a uma luta fundamental que é a luta que articula a defesa da emancipação da mulher com a superação do racismo. “Temos que comemorar a ampliação da nossa consciência política e a capacidade organizativa, além da possibilidade de permear a agenda feminista com o corte racial. Hoje, não é mais possível tratar da agenda das mulheres, sem dar visibilidade as especificidades das mulheres negras e indígenas”.
Abordando a agenda específica da mulher negra, Olívia defendeu que entre as lutas estão a questão do emprego e de políticas públicas que possam reconhecer o valor da mulher negra na estrutura social brasileira. “A mulher negra não nasceu com vocação para a escravidão e para a exclusão social e precisa ter oportunidades e janelas abertas para o desenvolvimento do seu potencial político, social e cultural. Portanto, é uma agenda de luta importante para conseguir a igualdade para todas as mulheres”.  



No evento também foram homenageadas mulheres negras destacadas em suas áreas de atuação, entre as quais, a superintendente de Políticas para Mulher, da Secretaria de Promoção da Igualdade do governo do estado, Ana Castelo, que tem o posto mais alto exercido por uma mulher negra no governo da Bahia.