Orlando: Não é o Pan que vai reduzir “desigualdade histórica”

O ministro do Esporte, Orlando Silva, que está no Rio de Janeiro para acompanhar os Jogos Pan-Americanos, afirmou que o legado social do Pan não pode ser analisado especificamente pelo olhar da redução da pobreza. Segundo ele, não há contradição entre os

“Não dá pra imaginar que o recurso do Pan é que vai reduzir a pobreza no Brasil”, argumentou. “Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. A desigualdade social é histórica, que tem sido objeto de políticas públicas, como programas de transferência de renda colaboraram muito para reduzir a desigualdade”, afirmou.



Orlando Silva acrescentou que outros instrumentos estão contribuindo para a redução da desigualdade na área de educação, além de medidas econômicas, como a redução da taxa básica de juros e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), além do estímulo ao turismo. “É assim que combatemos a miséria e pobreza. Isso é medido pelos números”, disse.



O ministro afirmou também que a colaboração dos Jogos Pan-Americanos é ajudar a promover o Brasil no exterior, além da geração de emprego e renda devido à realização do evento. Segundo o ministro, após a realização dos jogos será feito um estudo pela Universidade de São Paulo para analisar do impacto econômico dos jogos. “Vamos fazer esse estudo em três meses. O retorno do ponto de vista da imagem do país e do turismo também vai se descobrir em médio prazo”, afirmou.


 


Infra-estrura esportiva


 


Para Orlando Silva, um desafio que o Brasil precisa enfrentar é a criação de infra-estrutura esportiva principalmente nas escolas. “É um desafio que precisa ser enfrentado com mais força após os Jogos Pan-Americanos. Muitas escolas não têm equipamentos esportivos”, constatou.


 


Na opinião do ministro, outro desafio é qualificar melhor os profissionais do esporte para que a atividade esportiva “sirva à qualidade de vida”. “Esses dois desafios vão exigir um pouco de mais Orçamento”, disse Silva.


 


O ministro defendeu ainda as atividades esportivas para crianças e adolescentes que cumprem medidas sócio-educativas, em instituições de recuperação. Ele lembrou que em Brasília e em São Paulo já existem núcleos de atividades físicas e que há expectativa de que também sejam criados no Rio de Janeiro. “O que existe são iniciativas pontuais em Brasília e em São Paulo. Capoeira e artes maciais são atividades de muito interesse deles”, afirmou o ministro dos esportes.


 


Orlando Silva acrescentou que o Brasil ganhará, após os jogos, espaços para treinamento de atletas, para inclusão social, com iniciação esportiva de crianças e adolescentes e para realização de eventos. Os investimentos públicos federais, para os Jogos Pan-Americanos de 2007 e para Jogos Parapanamericanos já somam quase R$ 2 bilhões, de acordo com dados preliminares. Só em instalações esportivas e acomodações foram aplicados cerca de R$ 700 milhões.


 


“A maioria (dos espaços) se tornará em centro nacional de treinamento. A iniciativa privada deve ocupar espaços multifuncionais, onde podem acontecer eventos esportivos e culturais, para que possamos ter sustentabilidade e o Estado não tenha que financiar manutenção” concluiu o ministro.



Lula não vai ao encerramento



Durante a entrevista, o ministro afirmou que a ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no encerramento dos Jogos Pan-Americanos, no próximo domingo (29), se deve a dificuldades de agenda. Ele negou que o não comparecimento tenha ligação com as vaias direcionadas ao presidente na abertura dos jogos.



“O presidente tem dificuldades de participar do encerramento não por conta de vaias, mas por conta de agenda. O Brasil enfrenta algumas dificuldades que estão aos olhos de todos. O presidente Lula está concentrado para enfrentar essas dificuldades”, disse o ministro, referindo-se à crise aérea.



De acordo com Orlando Silva, o presidente tem buscando informações, por telefone sobre “problemas que tem havido nos jogos”, além de orientar sobre soluções.



Hábito da vaia é deplorável



O ministro criticou o hábito de vaiar dos torcedores,  não só na abertura dos jogos, mas também durante competições. Ele afirmou que os atletas reclamam que as vaias atrapalham a concentração. “A prática de torcedores inspirados na atividade de futebol repercute em outras atividades e quebra a concentração do atleta”, disse.



Orlando Silva acrescentou que considera “reprovável” essa manifestação também durante a execução dos hinos dos países. “Não estou de acordo em vaiar o hino de pais. Temos que aprender no Brasil a respeitar a bandeira, o hino e os símbolos de outros países. Essa história das vaias serve apenas como elemento para reflexão do nosso povo e mesmo para reorientação do comportamento da nossa sociedade”, disse.



Da redação,
com agências



Clique aqui para ouvir o áudio da entrevista do ministro do Esporte, Orlando Silva, no programa Bom Dia Ministro.