Três hipóteses para acidente da TAM são descartadas

O brigadeiro Jorge Kersul Filho, chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), afirmou há pouco que três das hipóteses apontadas como causas do acidente com o Airbus da TAM na semana passada são improváveis – a inoperânci

No caso do reverso, o brigadeiro afirmou que é preciso checar se os manuais do fabricante do Airbus prevêm condições de pouso com apenas um dos equipamentos em funcionamento. Jorge Kersul lembra, no entanto, que uma aeronave só é homologada para pousar em uma pista sem a necessidade do uso do reverso. O equipamento, segundo ele, funciona apenas como um elemento de segurança adicional. Ele acredita, no entanto, que a falta de um dos reversos pode ter influenciado psicologicamente o piloto, que operava uma aeronave pesada e em situação de chuva.


 


Em relação ao grooving, ele explicou que o sistema funciona apenas como um elemento de escoamento da água e não influencia as condições de atrito da pista. Sobre as condições meteorológicas na região do aeroporto no dia do acidente, Kersul lembra que o registro da torre de Congonhas era de uma chuva leve e as informações preliminares coletadas até agora pelo Cenipa apontam uma garoa no momento da aterrissagem do avião.


 


Sobre o uso incorreto do manete de potência dos motores, o brigadeiro afirmou que o Cenipa ainda não tem condições de confirmar a ocorrência no caso do vôo da TAM. O fabricante dos jatos A320, no entanto, emitiram um comunicado mundial às empresas que operam aeronaves deste tipo sobre o risco do uso incorreto do manete de potência dos motores. Kersul lembra que a Airbus já relatou acidente semelhante, em que a aeronave ultrapassou o limite da pista, provocado por operação inadequada do equipamento.


 


Dados das caixas-pretas 



 
Um requerimento que solicita ao Comando da Aeronáutica todos os dados referentes às duas caixas-pretas do Airbus A320 da TAM, que explodiu na semana passada no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, matando cerca de 200 pessoas, foi aprovado hoje pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Crise Aérea. As duas caixas-pretas estão em Washington (EUA), sob análise de técnicos do Conselho Nacional de Segurança em Transporte (NTSB), agência norte-americana encarregada de investigar acidentes envolvendo meios de transporte.


 


Uma das caixas-pretas contém todas as informações sobre o vôo, como velocidade ao aterrissar, altitude, funcionamento dos equipamentos e potência dos motores. A outra reúne toda a comunicação de voz da aeronave, seja com as torres de controle, seja entre os pilotos.


 


A CPI aprovou outros três requerimentos sobre o vôo 3054 da TAM. Um deles requer todas as comunicações entre as torres de controle de São Paulo, Curitiba e Brasília, no dia do acidente (17 de julho), entre 16 e 18 horas. Os outros dois requerimentos aprovados convocam o representante da Airbus no País, o economista Mário Sampaio; e o coronel da Aeronáutica Fernando Camargo, do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), que está à frente da investigação com o avião da TAM.


 


Outro requerimento importante aprovado pela CPI é para instalar uma subcomissão encarregada de produzir um projeto de lei que unifique toda a legislação sobre aviação civil. Segundo o autor do pedido, deputado Pepe Vargas (PT-RS), a idéia é que o projeto seja incluído no relatório final da comissão.


 


Requerimentos aprovados:


 


– audiência com familiares das vítimas dos acidentes com os aviões da Gol e da TAM;
– diligência de integrantes da CPI no aeroporto de Congonhas, para verificar as condições de operação dele e da base de manutenção da TAM; e no Cindacta 4, de Manaus, que sofreu pane na última sexta-feira (20);
– solicita informações do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo sobre as análises nas pistas principal e auxiliar do aeroporto de Congonhas, que foram reformadas neste ano; e
convoca a ouvidora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Alayde Avelar Freire Sant'Anna.


 


Da redação em Brasília,
Com agências.