Evento fortalece organização das mulheres indígenas do Nordeste e do Leste
Fortalecidas para a luta pela terra e mais articuladas. Assim saíram as 120 guerreiras de mais de 40 povos que se reuniram na 1º Assembléia de Mulheres do Nordeste e do Leste, ocorrida entre 14 e 16 de agosto, em Minas Gerais. Agora, elas têm uma repre
Publicado 17/08/2007 12:32
A principal questão que afeta as mulheres é a falta da terra. “Precisamos da terra para lutar pelos outros direitos coletivos – saúde, educação etc – ou pelos individuais, como nossos direitos como mulheres indígenas”, resume Pretinha Truká, uma das coordenadoras do evento.
Dentre as questões que atingem particularmente as mulheres, a violência doméstica foi uma das mais discutidas. “Há casos de violência dentro das comunidades. Debatemos aqui, que a violência não é uma questão cultural. Precisa ser discutida dentro da comunidade com os maridos, as mulheres, os filhos…”, explicou Pretinha Truká.
Lado a lado
Fortalecer a organização das mulheres também era um dos objetivos da Assembléia. Nesse sentido, elas criaram uma comissão de mulheres de todos os estados do Nordeste e do Leste e escolheram Ceiça Pitaguary, do Ceará, para estar na coordenação da Apoinme.
“Saímos daqui fortalecidas para lutar ao lado dos homens: nem atrás, nem à frente”, destaca Pretinha. Durante as apresentações, foi lembrado que muitas vezes há machismo e discriminação por parte dos companheiros e outros participantes do movimento indígena.
Mas, também foi lembrado que as mulheres sempre estiveram na luta, nas retomadas e discutindo tudo dentro da comunidade, “Agora, vamos dar mais visibilidade e buscar mais espaços para nossa participação”, resume a liderança Truká.
Denúncias e queixas
No documento final da Assembléia, foi destacado que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com seus projetos que atingem terras indígenas, e o avanço do desmatamento praticado por fazendeiros ameaçam os territórios e a vida das diferentes etnias.
Também foram lembradas as invasões dos territórios dos povos Tupinikim e Guarani (Espírito Santo) e Pataxó (Bahia), pelo monocultivo de eucalipto das empresas Aracruz Celulose e Veracel e do povo Jenipapo Kanindé (Ceará) pelo monocultivo da cana de açúcar da empresa Ypióca.
A Assembléia encerrou com uma passeata na Praça da Liberdade, no centro de Belo Horizonte, para protestar contra a transposição do Rio São Francisco e contra as políticas indigenistas governamentais, que se revelam incapazes de assegurar os direitos dos povos indígenas. As guerreiras também denunciaram a violência contra os povos indígenas e suas lideranças.
As guerreiras também homenagearam a líder Maninha Xukuru-Kariri, que, por falta de atendimento, faleceu em 2006. Para homenageá-la, foi definido o dia 11 de outubro como dia de resistência da mulher indígena do Nordeste e Leste.
Fonte: Cimi