Mantega faz ironia e lembra que não ligou para o FMI
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, usou de ironia ao comentar nesta sexta-feira (17) a crise para marcar a diferença entre a crise imobiliário-financeira, que ele chama “forte turbulência”, para vincar diferenças entre a conduta da equipe econômica bra
Publicado 17/08/2007 17:59
Mantega garantiu que dormiu bem à noite. “Sequer liguei para o FMI. E isso mostra a diferença fundamental em relação a outros momentos de turbulência”, ironizou, agregando que tampouco viajou para Washington, referindo-se à capital norte-americana, que também sedia o Fundo Monetário.
“Os mercados estão mais tranqüilos”…
Para Mantega, se a crise estivesse ocorrendo há alguns anos, o Brasil estaria passando por um momento de fuga de capitais, o Banco Central (BC) teria elevado as taxas de juros de forma importante para “segurar a manada” e tornar atrativa a aplicação no país, mas isso de nada adiantaria pois os recursos sairiam da mesma forma. “O ministro da Fazenda ligaria para o FMI e diria: 'Precisamos de sua compreensão e condescendência, vamos fazer lição de casa, mas precisamos de um empréstimo'”…
O comentário para a imprensa aconteceu na abertura do encontro sobre Reforma Tributária com o grupo de trabalho do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), em São Paulo. Mantega chegou meia hora atrasado à reunião, alegando que “tive que permanecer por mais tempo em Brasília e verificar o comportamento dos mercados”, mas apesar das incertezas no cenário econômico “achei melhor vir ao encontro”.
“Os mercados estão mais tranqüilos; as bolsas estão subindo. Aqui (no Brasil) também a Bolsa sobe e o dólar cai um pouco”, comemorou Mantega, referindo-se aos números desta sexta-feira. No último dia útil da semana, o dólar comercial recuou 3,19%, fechando a R$ 2,027 para venda, em baixa de 3,19%. A Bolsa de Valores de São Paulo recuperou-se em 1,33% (a 48.656 pontos), depois de recuar 18,6% desde a quinta-feira da semana passada.
O ministro voltou a falar que a turbulência externa não deve ser chamada de crise porque ainda não chegou à economia real. “Trata-se de uma forte turbulência financeira, e esses aspectos negativos tem a virtude de pôr à prova os fundamentos do Brasil”, disse. Segundo ele, é fácil dizer que os fundamentos estão bons em um momento de estabilidade. “Mas agora posso dizer que, apesar dessa fase de emergência, os fundamentos continuam bons”, acrescentou.
Destino da CPMF domina pauta do Conselho
A reunião do grupo de trabalho da reforma tributária do CDES foi dominada pela questão da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), o chamado Imposto do Cheque, cuja existência o governo pretende prorrogar. Mantega, contrariando os empresários e trabalhadores que representam a sociedade civil no Conselho, defendeu a transformação da CPMF em um imposto permanente.
Como contrapartida, o ministro acenou com a a proposta de desonerar a folha de pagamentos das empresas, reduzindo sua contribuição ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). “A filosofia do governo é a redução da carga tributária, que é elevada no país. Mas a redução ou eliminação da CPMF seria muito ruim para as contas públicas e para a manutenção da solidez do país”, argumentou. Disse ainda que a taxa representa “1% da arrecadação tributária, mas para nós, R$ 37 bilhões têm um peso muito grande e (seu fim) pode desequilibrar o orçamento”.
Da redação, com agências