Com música, cor e luta, Marcha das Margaridas pára Brasília
''Vamos voltar para o Parque da Cidade esperar o Presidente Lula para passar o nosso recado para ele''. Com o chamamento os organizadores da Marcha das Margaridas encerraram a manifestação que reuniu, nesta quarta-feira (22), na Esplanada dos Ministéri
Publicado 22/08/2007 12:53
Música e cor encheram, logo cedo, a Esplanada dos Ministérios. Mulheres, e também homens, em menor quantidade, percorreram as quatro pistas, parando literalmente a cidade. No ato político que realizaram em frente ao Congresso Nacional, os oradores destacaram, entre as principais reivindicações das trabalhadoras rurais, o avanço da reforma agrária que permitirá o desenvolvimento da agricultura familiar.
As manifestantes, vestindo camisetas lilás e chapeús de palha com fitas também lilases, acompanhavam a Marcha ao som da música que dizia ''Brasília está florida/ Estão chegando as margaridas/ Estão chegando as decididas/ É o querer, o querer das margaridas''.
A luta contra a violência de gênero – uma das reivindicações das mulheres do campo – também inspirou a letra de um música que embalou as manifestantes e as fez cantar e dançar durante a caminhada. A música intitulada ''Maria da Penha'', arrancava risos das manifestantes no refrão que dizia: ''Se liga, meu irmão/ Que tem marra/ Que tem grana/ Que tem pinta de bacana/ Tira onda de machão/ Vai popozão/ Ainda bate em mulher/ O remédio que tu quer é algema e camburão''.
No gramado – seco, nesta época do ano – mas colorido de verde pelas bandeiras das manifestantes -, as trabalhadoras rurais confirmavam, com suas experiências de vida, o que diziam os líderes no movimento. Maria Nazaré Andrade da Silva, veio de Nova Timboteua, no Pará, para dizer que na terra que produz lhe falta assistência técnica, o que poderia facilitar sua vida e sua produção.
Nazaré, assim como Maria José Pinto, aposentada rural, que veio de Sabinópolis, em Minas Gerais, acredita que a manifestação ''ajuda, e muito'', nas palavras delas, para chamar atenção das autoridades para os problemas enfrentados por elas pelo Brasil afora.
Pujança
A deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), uma das muitas parlamentares que esteve no carro de som apresentando apoio às manifestantes, também destacou a ''pujança do movimento de mulheres, sobretudo das mulheres rurais; a decisão, a determinação de virem dos quatro cantos do País para apresentar sua pauta de reivindicações no coração do poder que é Brasília''.
Para a parlamentar comunista, ''os direitos das trabalhadoras rurais, sobretudo a aposentadoria, que de certa forma estava sendo ameaçada, com essa demonstração de força, dificilmente o parlamento e o governo terão coragem de tirar direitos''.
Jô destacou ainda ''a forma independente como elas se colocaram, cobrando do governo medidas mais efetivas para avançar na reforma agrária, para mudar o modelo econômico e levantando bandeiras específicas das mulheres rurais, demonstram que elas estão realmente assumindo o seu destino nas próprias mãos''.
A Marcha repercutiu no plenário da Câmara dos Deputados. A deputada Maria do Rosário (PT-RS), entre outros parlamentares, registrou o evento- ''Brasília recebe nestes dias a terceira edição da importante Marcha das Margaridas, um evento promovido pelas CONTAG, FETAG, CUT, pelos movimentos em rede de mulheres em âmbito nacional e internacional, com importante pauta de reivindicações da luta das mulheres no Brasil e no mundo, incluindo demandas nas áreas de Saúde, Previdência e Educação'', afirmou.
E lembrou que ''a bancada feminina desta Casa recebeu uma delegação da Marcha das Margaridas, com representação de todos os Estados brasileiros. Foi-nos solicitado que voltemos a ter a urgência determinada nesta Casa para votação do projeto de lei que trata da Previdência e da garantia da Previdência aos trabalhadores e às trabalhadoras da área rural do Brasil''.
Força nas ruas
A coordenadora Nacional de Mulheres da Contag, Carmen Foro, disse, durante discurso no ato político, que a Marcha das Margaridas mostra que ''estamos ajudando a transformar a história do nosso Brasil, que sempre deixou as mulheres numa posição de submissão, à margem das políticas públicas. A gente só consegue transformar essa história se formos capazes de nos unir e colocar toda a nossa força nas ruas''.
As mulheres do campo marcham em Brasília por direitos previdenciários, contra a violência sexista e pela segurança alimentar. A pauta de reivindicações da terceira edição da Marcha das Margaridas foi entregue ao governo federal há duas semanas. O presidente Lula confirmou presença, nesta quarta-feira, às 13 horas no Parque da Cidade para responder às demandas das trabalhadoras rurais.
De Brasília,
Márcia Xavier
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