PCdoB de Ceilândia solidariza-se com os feirantes do Centro
No dia 12 de agosto, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, retirou todos os feirantes que ficavam do lado de fora da feira permanente da Cidade de Ceilândia. O problema é que havia a promessa de que todos seriam alojados no “shoppin
Publicado 31/08/2007 17:21 | Editado 04/03/2020 16:42
O que causou estranheza aos feirantes foi a notícia que seria aberta licitação para as pessoas ocuparem os boxes do shopping popular, contrariando o que foi prometido inicialmente pelo GDF, de que seriam contempladas as pessoas com maior tempo de feira. Tal medida faz parte de recomendação do Ministério Público do Distrito Federal enviada à administração da cidade. O órgão argumenta que a exploração comercial de boxes, estandes e outros espaços públicos deve ser permitida mediante seleção, de acordo com a Lei de Licitações e Contratos.
Para o presidente da Associação do Comércio Ambulante de Ceilândia, Jesus Sales, conhecido como o “Sales”, a posição do Ministério Público vai prejudicar a maioria dos comerciantes de rua que estão cadastrados à espera de um box no shopping. “A licitação é justa, mas não se encaixa neste caso. Temos cerca de 1.500 ambulantes que trabalham há mais de 10 anos no centro da cidade. Fizemos uma lista com 970 nomes, dando preferência aos mais antigos considerando a diversidade comercial, como artesanato, vestuário, calçados e outros”, explicou.
Segundo ele, “uma licitação sairia caro e essas pessoas não teriam como pagar. O ambulante não vai ter condições de competir com empresário. Dentro de nossa categoria, 90% não vai ter condições de pagar. O objetivo do shopping era resolver os problemas do centro de Ceilândia, mas se for por licitação, o problema vai continuar”.
De acordo com a administração de Ceilândia, a recomendação será avaliada e poderá não ser acatada. O administrador da cidade, Adauri Gomes, que assumiu o cargo há duas semanas, criou um grupo de trabalho para estudar a lista de ambulantes cadastrados e as mudanças com a posição do Ministério Público. Caso sigam o pedido do órgão, eles deverão criar requisitos para a participação no processo de licitação e, assim, dar preferência aos comerciantes de rua mais antigos e já inscritos.
“O Centro da Cidade ficou melhor, mais bonito, mais organizado. Com isso, todos concordamos. Mas e agora? Como ficam os pais de família que precisam da feira para trabalhar?”, questiona Jean Ricardo, presidente do PCdoB de Ceilândia, em solidariedade aos trabalhadores.
Para ele, o primeiro passo deveria ser alojar os feirantes no shopping, “respeitando os critérios de lotação. São mais de 1500 feirantes com mercadoria parada, sem emprego e sem expectativas de trabalhar”. Indignado, Ricardo disse que “as pessoas precisam trabalhar, comer e ter dignidade e o GDF tem sua parcela de participação nisso. Eles só querem trabalhar e pagar seus impostos. Essa medida é autoritária, antipopular e anti-social, e o PCdoB de Ceilândia sempre estará do lado dos trabalhadores”.
O governador do DF, José Roberto Arruda(DEM), prometeu entregar o Shopping Popular a Ceilândia até o fim deste ano. O local terá espaço para quase mil feirantes e com uma expectativa de circulação média de 10 mil pessoas por dia. De acordo com a proposta inicial do GDF, os ambulantes terão a cessão do espaço. Eles negociam para que o governo distrital construa os boxes de cada banca, como foi feito no Shopping Popular do Gama.
De Ceilândia,
Vítor Andrade