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Cresce número de trabalhadores sindicalizados no País

O número de trabalhadores brasileiros sindicalizados, principalmente no setor terciário, cresceu nos últimos sete anos. As informações pertencem a uma pesquisa encomendada pelo Sindicato dos Empregados em Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros (Sin

O aumento na taxa de sindicalização mostra um avanço da classe trabalhadora organizada que sucede a década de 90, época em que segundo o estudo, houve um predomínio de políticas neoliberais, queda no nível das ocupações e contratações e um avanço de novas formas de contratação, como a terceirização, cooperativas e o trabalho autônomo.


 


Em entrevista à Radioagência NP, o professor de Sociologia na Universidade Metodista de São Paulo, Mauro Luis Iasi, analisa que o número de trabalhadores sindicalizados não diminuiu, mas chama atenção para a fragmentação que vem ocorrendo nos sindicatos e o fortalecimento das centrais sindicais, que na sua opinião, não são combativas e enm preservam a sua autonomia com relação oa governo.


 


Radioagência NP: Como se deu o aumento da taxa de sindicalização no setor de serviços?


 


Mauro Iasi: O que nós vemos no crescimento da taxa de sindicalização, principalmente no que diz respeito ao setor de serviços, se dá por uma mudança de perfil que ocorre na classe trabalhadora. Por meio das práticas como a terceirização e das práticas de fragmentação de categorias, foi descentralizada a classe trabalhadora em várias outras subcategorias. E com isso, tem a criação de novos sindicatos, e um crescente número de novos trabalhadores nesses setores, o que explica o aumento da categoria e conseqüentemente da sindicalização.


 


Como o professor avalia o impacto da terceirização para a classe trabalhadora?


 


MI: Ela [terceirização] foi acompanhada de uma série de medidas que acabaram por atacar direitos adquiridos aos trabalhadores. Também tem um impacto na questão da intensificação do trabalho, muitas vezes os trabalhadores acabam tendo que se deslocar em várias empresas, sem estabelecer um vínculo permanente, existe um rodízio muito maior de trabalhadores, então houve realmente uma precarização.E também há a questão da fragmentação. Trabalhando para uma grande empresa, você tem um poder de barganha muito maior para lutar pelos seus direitos. E aí você fragmenta e cria uma série de subcategorias que tem mais dificuldade de se unificar.


 


O professor atribui à diminuição da taxa de sindicalismo devido às práticas neoliberais na década de 90?


 


MI: Teve realmente uma grande ofensiva que a gente chama neoliberalismo que está baseada na prática de flexibilização de direitos, nas privatizações, nas terceirizações, na abertura indiscriminada ao mercado internacional e com certeza isso acabou colocando a classe trabalhadora em uma defensiva. Mas ela não perdeu o papel que tem diante da produção nem sequer diminuiu do ponto de vista numérico. E o que nós estamos vendo a partir de agora, uma retomada da reação social contra esse patamar de precarização das relações de trabalho.


 


O governo Lula favoreceu o aumento da taxa de sindicalismo?


 


MI: O governo Lula acabou tomando uma série de medidas que favorece o que a gente chama de uma estrutura sindical oficial. Temos hoje um grande fortalecimento de estruturas sindicais oficiais, como por exemplo, as centrais sindicais e a tentativa de enfraquecer um sindicato combativo, enraizado nas categorias e que apresentasse uma posição de autonomia. Então a posição do governo Lula ao dar continuidade às demandas neoliberais acaba propiciando uma precarização dos direitos, o que indiretamente leva a necessidade de crescer a organização sindical e aumentar o sindicalismo autêntico.


 


Fonte: Radioagência NP