Dirigente do PC de Cuba fala de conjuntura em visita ao PCdoB
“O Brasil exige um intenso esforço de superação de graves problemas sociais, como a pobreza, a desigualdade, a precariedade da saúde, da educação acumulados por séculos de vigência do sistema capitalista e da orientação de governos de direita”. Foi assim
Publicado 04/09/2007 12:22
Ao lado de Sérgio Cervantes e Maria Antonia Ramos, o dirigente cubano esteve ontem, dia 3, na sede do Comitê Central do PCdoB, em São Paulo. A delegação foi recebida pelo presidente do PCdoB, Renato Rabelo, pelo secretário de Relações internacionais, José Reinaldo Carvalho, por Walter Sorrentino, secretário de Organização, Ronald Freitas, secretário da frente Institucional e Adalberto Monteiro, secretário de Formação e Propaganda do PCdoB.
Durante a manhã, Fernando Remírez e Sérgio Cervantes fizeram uma circunstanciada exposição sobre a situação política, social e econômica de Cuba e uma avaliação sobre o continente latino-americano. Em seguida, os dirigentes comunistas brasileiros apresentaram um quadro do cenário político do Brasil e a participação do PCdoB no governo Lula. A delegação cubana participou desde a última sexta-feira do 3º Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores. Acompanhe a seguir a íntegra da conversa.
Qual foi a sua impressão sobre o congresso do PT?
A delegação do Partido Comunista de Cuba participou ativamente dos trabalhos do 3º Congresso do PT, fez uma intervenção na plenária de abertura do evento e manteve uma sessão especial com os dirigentes petistas para tratar da situação em Cuba. Desta forma, pudemos dar curso à histórica relação fraternal entre o PC de Cuba e o PT. A realização do congresso do PT foi muito importante, em nossa avaliação, para os rumos políticos do Brasil neste início do segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um governo de ampla coalizão de forças progressistas e de esquerda, como o PCdoB. O Brasil exige um intenso esforço de superação de graves problemas sociais, como a pobreza, a desigualdade, precariedade da saúde, da educação acumulados por séculos de vigência do sistema capitalista e da orientação de governos de direita.
Qual o impacto da situação brasileira na América Latina?
O Brasil se enquadra neste momento novo na América Latina de crescimento do movimento democrático e popular. Assistimos a vários países caminharem no sentido da esquerda como é o caso da Venezuela, com o movimento revolucionário bolivariano, liderado pelo presidente Hugo Chávez, na Bolívia, com a eleição do presidente Evo Morales, no Equador, no Uruguai e no Brasil, entre outros. Estes governos têm a oportunidade de responder às necessidades de avançar na união dos povos da América Latina e do Caribe, no combate ao fracassado modelo neoliberal e na elaboração de planos alternativos contra a política hegemonista e intervencionista dos Estados Unidos sob a direção de George W. Bush.
E qual é a disposição atual do governo cubano de participar deste movimento?
Cuba ratificou a sua decisão de dar continuidade ao processo revolucionário e socialista. Após o desaparecimento da União Soviética e da queda do Leste europeu, os Estados Unidos intensificaram suas atividades de intervencionismo e beligerância em relação à Cuba. Foram anos em que os cubanos tiveram que enfrentar grandes dificuldades, como a queda de 35% em sua produção econômica, os apagões, o colapso do transporte público. Mas graças ao sacrifício e disposição de luta do povo, do exemplo do Partido Comunista de Cuba e da liderança do comandante Fidel Castro, foi possível iniciar o processo de recuperação econômica. Em 2006, Cuba exibiu o maior crescimento do Produto Interno Bruto da região, com um índice de 12,5 %, o menor índice de mortalidade infantil, de 5,3 por mil crianças nascidas vivas, de uma expectativa de vida em torno de 77,9 anos, de um contingente de mais de 700 mil jovens universitários entre 18 e 25 anos – que significa 58% do universo desta faixa etária – entre outros índices de desenvolvimento social e econômico.
De São Paulo,
Pedro de Oliveira