Google declara a morte da TV
Por Antonio Brasil
Em evento recente, o iTV Conference, que aconteceu em San Jose, na Califórnia, Vincent Dureau, alto executivo do Google, declarou que televisão como a que conhecemos tem seus dias contados. Diante de uma platéia repleta de p
Publicado 05/09/2007 17:05
Mas Vicent Dureau também aproveitou a ocasião para tranqüilizar os executivos de TV e ao mesmo tempo fazer o seu comercial. “Não se preocupem. A TV pode estar morrendo, mas o Google já tem a solução. E o futuro pode ser bem mais promissor”, declarou. “As novas tecnologias como as TVs na Internet podem salvar as TVs tradicionais”. Ninguém ficou realmente surpreso. Mas era possível sentir um certo alívio entre os presentes.
Para o executivo do Google, o grande problema atual é o “excesso” de conteúdos nas TVs, a utilização de tecnologias que eliminam os comerciais como os DVRs (gravadores digitais de vídeo) e a crescente fragmentação do público.
Mas isso pode não ser algo ruim. Principalmente para os anunciantes. Essa fragmentação também significa uma especialização da audiência. Um maior número de canais de TV voltados para públicos específicos pode significar comerciais com maiores índices de interesse ou relevância. Dureau fez questão de lembrar que mais relevância pode significar mais dinheiro para os anunciantes. Ou seja, uma crise pode se tornar uma ótima oportunidade de melhores negócios.
Melhores comerciais
Em relação às tecnologias que eliminam comerciais da programação de TV, o executivo da Google disse que essa também pode ser uma ótima notícia para os anunciantes. Agora eles podem receber essa informação pelo retorno dos Set-top boxes, aquelas caixinhas de recepção e conversão de sinal digital.
Dessa forma, os anunciantes sabem com precisão quais foram os anúncios que um determinado telespectador eliminou e quais ele assistiu. Essa informação é preciosa para publicitários que não querem e não podem mais gastar fortunas em campanhas publicitárias que não atingem alvos específicos. Esse novo conhecimento também pode significar comerciais melhores e mais criativos.
Outra questão importante discutida no ITV Conference foi a competição com as TVs na Internet. Dureau disse que, ao contrário do que pensam seus executivos, a salvação das TVs tradicionais está em sites de vídeos participativos como o YouTube. Eles estariam desenvolvendo novas idéias, projetos e linguagens sem qualquer custo para as TVs. Essas experiências serão muito úteis para uma nova TV.
Vicnent Dureau também aproveitou a ocasião para defender os sites que disponibilizam programas de TV na Internet como o seu Google Vídeo e Yahoo Vídeo. “Estamos criando e garantindo novos públicos para os seus programas. Quem não assistiu ou quiser rever determinado show agora pode recorrer à rede”, acrescenta Dureau. A platéia de executivos de TV pode até não ter acreditado. Mas a proposta da Google tem uma certa lógica.
A pior entrevista
E você que ainda sonha em trabalhar na TV tradicional e, quem sabe, apresentar um telejornal, aqui está um alerta e uma boa idéia da rede americana ABC News.
Seus produtores estão tornando um grande desastre – a entrevista da “âncora” Merry Miller com a atriz Holly Hunter – em uma ótima idéia. A tal entrevista é um dos melhores e mais engraçados exemplos atuais da decadência do modelo tradicional de telejornais americanos.
O desastre foi transmitido ao vivo pela TV tradicional para uma pequena audiência. Mas se tornou um dos vídeos mais assistidos no YouTube. Garantiu a demissão da jornalista e diversos comentários do público dizendo que fariam muito melhor. Trata-se de um bom exemplo do novo jornalismo participativo. Bem mais crítico e interativo por parte do público.
Os executivos da ABC aproveitaram a crítica ou sugestão dos telespectadores e anunciaram um “concurso”, uma espécie de Big Brother, para encontrar a substituta para a infeliz apresentadora. Ou seja, eles tornaram uma crise, um desastre em uma grande oportunidade de sucesso. Aprenderam com seus erros, trocaram a arrogância pela humildade e se aproximaram ainda mais tanto do público telespectador como dos internautas.
A seleção também atraiu centenas de candidatos a apresentadores de telejornais. E você pode conferir os três finalistas aqui. O final dessa verdadeira novela será anunciado em breve.
E como “quase tudo” que acontece na TV americana tende misteriosamente a se repetir no Brasil, é melhor você se preparar. Por aqui, não faltam “grandes desastres” nos nossos telejornais. Quem sabe você também não consegue uma oportunidade, um “televidão” na TV. É uma boa idéia. Quem se candidata?