Mariano Freitas – E o Cocó?

Interrogo-me se a polêmica do Sargento Hermínio não pretende subrepticiamente desfocar a grande infração ambiental que Fortaleza experimenta neste momento: a construção de cinco torres no Parque do Cocó.

Ao assumirmos a Secretaria Executiva Regional I em Janeiro de 2005 por delegação da Prefeita Luizianne Lins, percorremos todo o seu território e encontramos dezenas de equipamentos públicos, praças e parques degradados.


 


O Pólo de Lazer da avenida Sargento Hermínio chamou-me a atenção pela sua grandiosidade e abandono. São 39 mil metros quadrados de área arborizada, não utilizada pela comunidade, mas ocupada por seres humanos ociosos, vítimas do sistema econômico e social do país.


 


Conseguimos então, em convênio com o Comando da Polícia Militar do Ceará, instalar uma Casa de Segurança que assegurou de imediato a freqüência dos moradores a uma pequena parte daquele logradouro. Logo após começamos a discutir e planejar como a comunidade poderia se apoderar do restante do espaço tão necessário para a prática da cultura, esporte e da própria contemplação da natureza.


 


Decidiu-se conjuntamente, SER I e comunidade, que nós construiríamos um anfiteatro com 250 lugares para apresentações artísticas e religiosas e uma quadra coberta com 60m x 40m, 2.400 metros quadrados de área, tendo sempre como eixo orientador da nossa ação a preservação e a não agressão à fauna e à flora lá existentes.


 


No último dia quatro, os arquitetos, engenheiros e topógrafos assessorados por uma empresa especializada em estudo de impacto ambiental entregaram um projeto licitado para análise à Semam, à Seinf e ao Ministério Público que se interessou pelo intenso debate nos jornais nas últimas semanas. Esperamos que a avaliação do projeto se processe com diligência e que o Mistério publicize o seu próprio juízo.


 


A Casa de Segurança, o anfiteatro e a quadra coberta não chegam a ocupar 10% da área do pólo, não causam nenhum dano ecológico e não retiram nenhuma árvore preciosa. Estas intervenções têm o objetivo de entregar àquela comunidade um espaço onde ela possa navegar prazerosamente, cotidianamente.


 


Interrogo-me se a polêmica do Sargento Hermínio não pretende subrepticiamente desfocar a grande infração ambiental que Fortaleza experimenta neste momento: a construção de cinco torres no Parque do Cocó.


 


Os ecologistas e articulistas deveriam sim, ocupar literalmente com tendas, barracas e banheiros químicos àquele sítio da cidade rica do leste. O Secretário Mariano Freitas não participará desta ocupação, pois, no momento, ocupa um cargo no governo municipal e não se sente liberado eticamente para participar desta iniciativa. Guardiões da natureza: mobilizai-vos.


 



Mariano Araújo Freitas – Titular da Secretaria Executiva Regional I e médico