Caetano ataca FHC, questiona Gil e se diz farto da imprensa
O dia era da mãe, dona Canô, matriarca da família Viana Telles Veloso, que comemorava o aniversário de cem anos. Mais: o filho, Caetano Veloso anunciou que seu discurso seria apenas um “anticlímax” no seminário Os Sambas Brasileiros – Diversidade, Apropri
Publicado 17/09/2007 17:33
Rebatendo observações do antropólogo Hermano Vianna, Caetano acabou atraindo maior atenção para sua participação, que encerraria o evento. O cantor baiano criticou a pirataria, a entrevista do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso à revista Piauí, a absolvição do presidente do Senado, Renan Calheiros e o projeto de nova reforma ortográfica da língua portuguesa. Terminou cobrando do ministro da Cultura, Gilberto Gil, presente ao evento, um maior cuidado em defesa dos direitos autorais.
Caetano elogiou um dos aspectos da gestão do ministro – como o que ele chama de “licença alternativa” diante das propostas novas decorrentes da evolução tecnológica. Segundo Gil, trata-se de um “conjunto de benefícios novos para divulgação” de obras artísticas. Mas Caetano ressalvou: “É bacana, mas também temerário você afirmar isso como ministro, que é também produtor de cultura. Chega num ponto em que o ministério deveria agir nessa questão com mais cuidado”
Para o filho de dona Canô, “o estímulo a esse negócio cria uma sensação de vale-tudo”. Gil, no entanto, contestou e garantiu que está preparando “uma discussão profunda com a sociedade” e organizando o Fórum Nacional do Direito Autoral.
Caetano emendou em seu discurso uma crítica a Fernando Henrique, que disse à Piauí não gostar de paradas cívicas. A razão, eivada de preconceitos: os brasileiros não sabem marchar, sambam. “Achei um lixo essa entrevista, não gostei do tom dele, superior”, disparou Caetano. “É um tom chato que vem dessa área de São Paulo de se meter na política via intelectualidade.”
Imprensa
Caetano falou que pensa em parar de dar entrevistas, irritado com o fato de ser alvo de sites de fofoca e de insistentes câmeras fotográficas. E mostrou-se indignado com os excessos do batalhão de fotógrafos e câmeras de TV, que não deram trégua a dona Canô durante a missa realizada no domingo (16) em homenagem a ela na Igreja de Nossa Senhora da Purificação.
Algo semelhante já tinha ocorrido em outra missa no sábado, quando chegou à cidade a imagem de Nossa Senhora Aparecida, presente do padre Josafá Morais à cidade. As duas missas tiveram momentos de grande comoção, com a filha Maria Bethânia cantando Romaria, de Renato Teixeira, no sábado, e Maria, do neto de Canô Jota Velloso, domingo.
Sempre sorridente, dona Canô foi homenageada também pelos Correios (numa estranha e inadequada cerimônia dentro da igreja), que vão lançar um selo comemorativo de seu centenário com uma foto dela. Apontada por várias conterrâneas como exemplo de dignidade e bem-viver, ela permaneceu até perto de 13h30 numa tenda armada na frente da igreja para receber os cumprimentos da população que já vem há meses festejando a data antecipadamente.
Da Redação, com informações da Agência Estado