Caso Renan: falta de consistência deve arquivar 2º processo
Aliados do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) apostam no arquivamento da segunda representação contra o peemedebista que será analisada pelo Conselho de Ética do Senado nesta quarta-feira. Senadores da própria oposição admitem que a segunda denúncia contra
Publicado 17/09/2007 19:53
“Eu acho que essa é uma representação de difícil comprovação. Não devemos ficar perdendo tempo com ela, que ficaria para análise da Câmara. Temos que concentrar nossa munição nas outras duas representações que são mais consistentes”, disse o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), um dos senadores que tentam derrubar o presidente do Senado na esperança de eleger um oposicionista para o lugar de Renan Calheiros.
O DEM e o PSDB ainda não definiram a posição que terão durante a votação no Conselho de Ética. Os partidos estão divididos, uma vez que parte dos senadores disse ser contrária ao arquivamento da segunda representação por razões políticas e para não desagradar a mídia.
“Se fosse lá atrás, talvez a denúncia fosse arquivada. As circunstâncias mudam um pouco por causa das ruas. É uma luta de boxe. O papel que faz a oposição é continuar minando as resistências. Se arquivar, podemos recorrer”, afirmou o senador Heráclito Fortes (DEM-PI).
Heráclito defende que o DEM apresente voto em separado ao texto do senador João Pedro (PT-AM) –caso o petista recomende o arquivamento da denúncia. Em última instância, o ex-pefelista defende a apresentação de recurso ao plenário do Senado contra o arquivamento da representação.
O PSOL, autor da segunda representação contra Renan, também está disposto a recorrer da decisão do Conselho de Ética caso a denúncia seja arquivada. “Não vamos aceitar o arquivamento sumário”, disse o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).
Na segunda representação, o PSOL cobra investigações sobre a denúncia de que Renan teria beneficiado a Schincariol junto ao INSS depois que a empresa comprou uma fábrica de seu irmão a preço acima do mercado. Os aliados de Renan consideram a denúncia frágil uma vez que não há testemunhas diretas da denúncia –apenas matérias veiculadas na imprensa sobre o caso.
“Acho que essa denúncia será arquivada, assim como a quarta representação contra o Renan”, disse o senador Gilvan Borges (PMDB-AP).
O relator João Pedro já sinalizou que deve recomendar o arquivamento da representação, apesar de oficialmente não declarar o teor do relatório que será apresentado ao Conselho de Ética.
Câmara rechaçou denúncia midiática
No último dia 5 de setembro, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados se debruçou sobre a denúncia feita pelo PSOL com base em artigos de revista.
Em cerca de duas horas de depoimento, Olavo Calheiros apresentou sua defesa, elencando argumentos que desmontam a denúncia e recebeu a solidariedade dos integrantes do Conselho. “Tudo não passa de picuinha”, resumiu o deputado Abelardo Camarinha (PSB-SP). “Não vi nada consistente nas denúncias”, afirmou o deputado Paulo Piau (PMDB-MG).
Os deputados Wladimir Costa (PMDB-PA) e Moreira Mendes (PPS-RO) também saíram em defesa de Olavo Calheiros. Para Wladimir, a representação do PSOL propondo a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar é “esdrúxula”, enquanto Mendes disse que “não há nada que comprove” as acusações.
Em seu depoimento ao Conselho de Ética, Olavo Calheiros atribuiu as denúncias de irregularidades à sanha de seus adversários políticos. O deputado disse ser vítima de “injúria” e, assim como Renan, também atacou duramente a imprensa. “Primeiro a mídia denuncia, julga e condena. Depois busca aliados para a execução”, declarou.
O deputado alagoano negou haver irregularidades na venda da fábrica de refrigerantes Conny, de sua propriedade, para a Schincariol. Segundo ele, o preço se justifica porque a Conny era uma empresa em ascensão no Nordeste. “Uma fábrica completa pronta para ultrapassar os limites de Alagoas”, afirmou. “Nunca misturei meu mandato parlamentar com meus negócios”, disse.
O deputado classificou a denúncia do PSOL como “anêmica em fatos” e de “aventureira”, por se basear apenas em notícias publicadas na imprensa. “É uma representação infame: oca de fatos e órfã de provas. Não pratiquei na minha atuação parlamentar irregularidade alguma. É um ataque vulgar e gratuito (…) Representações como essa só servem como mecanismo de destruição de adversários políticos”, criticou. “Sou um homem discreto e de hábitos simples. Minha atuação de cerca de 17 anos foi pautada mais pelo silêncio e pela ação. Sou da máxima 'a palavra é de prata, e o silêncio é de ouro'”, acrescentou Olavo Calheiros.
Da redação,
com agências