Fórum sobre Questão da Mulher discute ações para congresso da UBM
No começo deste mês, o Fórum Permanente sobre a Questão da Mulher, vinculado à Secretaria Nacional da Mulher, que faz parte do secretariado do PCdoB, realizou sua segunda reunião. O foco foi debater os preparativos para a realização do congresso da UBM –
Publicado 17/09/2007 12:22
No que diz respeito ao processo congressual, foi reafirmada a meta de mobilizar, no mínimo, 10 mil mulheres em todos os estados. A plenária final, que acontece em Luziânia, Goiás, deverá contar então com mil participantes.
Como eixos centrais que orientarão a discussão no Congresso estão o impacto do neoliberalismo na vida das mulheres, sua participação política e os espaços de poder; o mundo do trabalho e as mulheres; a corrente emancipacionista e a UBM. “Isto não significa que as chamadas bandeiras específicas não serão contempladas, como saúde, direitos sexuais e direitos reprodutivos, violência contra a mulher, comunicação e mídia, educação e cultura”, disse Liége Rocha, da Secretaria Nacional da Mulher. Transversalmente, a discussão deverá tratar também da questão racial e étnica, geracional e de orientação sexual.
Além disso, a reunião ressaltou que as discussões no processo de realização do congresso precisam priorizar o aprofundamento teórico e político da atuação da UBM, com definição de bandeiras mais mobilizadoras, que reflitam os anseios das mulheres. “A UBM, em toda a sua trajetória, não trabalhou na realização dos seus congressos com teses, mas com documentos orientadores das discussões centrais. Neste, não será diferente”, explicou Liége.
Renovação da UBM
Nos debates sobre o fortalecimento e renovação da UBM, os participantes do fórum verificaram ser necessária uma série de medidas nos âmbitos da própria UBM, do fórum e do PCdoB. Por meio da entidade, é preciso, conforme relatório da reunião, “superar os problemas de intervenção política, que passa por uma melhor definição de bandeiras; realizar campanhas mais massivas, com ação política de massas; ter presença e protagonismo na agenda política de massas; criar um centro político de direção, com quadros disponíveis e atuação exclusiva na entidade, com estrutura de militância garantida e fortalecer a articulação da UBM com a CSC, UJS, Conam, Unegro e outras frentes”.
Na esfera do fórum, é preciso “ampliar o debate e a nossa elaboração teórica sobre a emancipação da mulher e o socialismo e dirigir politicamente a UBM”. Pelo PCdoB, destacam-se “a superação do desconhecimento que o partido tem do trabalho da UBM, divulgando mais e melhor a revista Presença da Mulher e a página da UBM; o entendimento de que as dificuldades da UBM são dificuldades do partido e precisam ser enfrentadas coletivamente; a definição de uma política de quadros que leve em conta a condição feminina, incentivando a formação e promoção de mulheres e possibilitando assim uma participação política mais efetiva das comunistas”.
Conferência
A 2ª Conferência Nacional de Políticas para Mulheres mobilizou 195 mil mulheres em todo território nacional, envolvendo governos estaduais e municipais, além da sociedade civil. Na avaliação de Liége Rocha, “a conferência possibilitou, em alguns casos, o fortalecimento e a maior visibilidade dos espaços e mecanismos institucionais: secretarias, superintendências, assessorias, coordenadorias e conselhos da mulher”.
O evento foi marcado pela polarização, especialmente com as militantes do PT, hegemônicas no processo. “Estivemos ausentes em todos os espaços decisórios”, lamentou Liége, que chamou atenção ainda para a necessidade de, em eventos como esse, fortalecer a articulação das comunistas, de maneira a influenciar mais diretamente nas decisões.
No entanto, para a dirigente comunista, a conferência possibilitou “a discussão sobre a participação das mulheres nos espaços de poder, tema debatido nos grupos, onde foram aprovadas várias propostas para os partidos políticos no que diz respeito à participação política das mulheres”.
Do ponto de vista do PCdoB, disse, “avançamos na nossa organização e mobilização em relação à primeira CNPM”. Ela destacou o papel do Vermelho e do Partido Vivo no processo, além do trabalho feito pela secretaria. Com relação à participação, a corrente emancipacionista esteve presente com 140 delegadas de 18 estados.
Da experiência, o Fórum salientou a importância de se aprofundar o entendimento sobre o realinhamento político do PCdoB e de se verificar em que forças as comunistas devem se articular. Além disso, é importante também que se trabalhe com o objetivo de não se abrir concessões políticas diante de pressões, mas de possibilitar mediações que não impliquem na perda de autonomia política e aperfeiçoar o protagonismo da corrente emancipacionista, com uma intervenção política mais destacada e autônoma.