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Sem acordo, greve nos Correios chega ao seu quinto dia 

Sindicalistas reunidos com a direção da Empresa de Correios e Telégrafos nesta segunda-feira (17) disseram que foi mantida a proposta salarial para os funcionários da estatal. Como o impasse persiste, a paralisação, que já está no quinto dia, deve continu

“O presidente da empresa melhorou a questão da assistência médica e o auxílio creche, mas manteve a mesma posição que já foi rejeitada de aumento salarial. A nossa avaliação é que a greve continua. A empresa está intransigente e não avançou um milimetro”, disse José Gonçalves, membro da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e integrante do comando Nacional de Greve.


 


Segundo ele, o presidente dos Correios, Carlos Henrique Custódio reafirmou a proposta de dar um abono de R$ 400 mais uma incorporação salarial de R$ 50 a partir de janeiro de 2008. Os sindicalistas propuseram, além disso, que haja um aumento a partir do próximo mês de R$ 41, o que foi descartado pelos dirigentes da estatal.


 


A única melhora, segundo o sindicalista, foi na parte social. A proposta é garantir que os funcionários possam usar creche para filhos de até sete anos e colocar pai e mãe em plano de saúde.


 


A proposta será apresentada nas assembléias estaduais dos sindicatos, mas a recomendação do comando é manter a paralisação por tempo indeterminado, segundo Amanda Corsino.


 


Os funcionários de Brasília já fizeram assembléia e resolveram permanecer em greve.


 


Seis milhões de cartas em SP


 


A assessoria de imprensa dos Correios informou nesta segunda que pelo menos seis milhões de objetos acumulam-se nas agências da Capital, Grande São Paulo e Baixada Santista. Entre eles, 100 mil são urgentes.


 


A assessoria dos Correios informou que há 800 trabalhadores temporários para auxiliar nos serviços operacionais, de tratamento e distribuição de entregas.


 


Segundo a empresa, todas as agências abriram nesta segunda e calcula que 35% dos trabalhadores tenham aderido à greve. O sindicato da categoria informa que 90% dos trabalhadores aderiram à paralisação.


 


Paraná tem adesão de 85% 


 


A adesão à greve já é de 85% da categoria na maioria dos 399 municípios do Paraná, de acordo com o  Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom-PR). 


 


Segundo Nilson Rodrigues dos Santos, secretário-geral do sindicato, no restante do país a adesão é de quase 100% entre os 62 mil servidores da área operacional – carteiros e operadores de triagem. Das 12 agências de Curitiba, seis estão fechadas, incluindo as duas maiores, localizadas no centro da cidade. 
 


Os trabalhadores, em grupos de 50, se revezam para manter o acampamento ao redor do prédio central dos Correios. “Mesmo com chuva e frio nesta segunda, não sairemos daqui  enquanto não houver um acordo entre o comando de greve e a direção dos Correios. Até agora rejeitamos todas as contrapostas por considerar as alterações que vêm sendo feitas na proposta inicial,  ainda muito distantes de nossas reivindicações”.


 


Segundo o sindicalista, no final do dia deve ser realizada uma nova assembléia para avaliar as negociações realizadas hoje em Brasília.


 


Ameaças dos Correios


 


Na semana passada, a empresa, embora negasse a adesão de 90% da categoria à greve, declarou que se a greve continuasse iria entrar com ação na Justiça. Diante das ameaças a categoria lançou uma Carta Aberta à população solicitando a continuidade das negociações e pela defesa do direito de greve.


 


''A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresa de Correios, Telégrafos e Similares, representando seus 33 (trinta e três) sindicatos filiados, bem como os 108.659 (cento e oito mil, seiscentos e cinqüenta e nove) trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, manifesta a defesa intransigente do direito fundamental da classe trabalhadora, o direito de greve, que está sendo exercido a nível nacional pelos 27 (vinte e sete) sindicatos, totalizando aproximadamente 90% (noventa por cento) de paralisação em todo o país'', registra a nota.   


 


A carta também esclarece as reivindicações da categoria a chama a atenção do ministro das Comunicações, Hélio Costa, para a necessidade de mais contratações para os Correios. A empresa já é hoje a maior empregadora em regime de CLT do Brasil.


 


Leia abaixo íntegra da carta aberta, escrita por Manoel Cantoara, secretário geral da Fentect/CUT.


 



Senhores e Senhoras,


 


A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresa de Correios, Telégrafos e Similares, representando seus 33 (trinta e três) sindicatos filiados, bem como os 108.659 (cento e oito mil, seiscentos e cinqüenta e nove) trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, manifesta a defesa intransigente do direito fundamental da classe trabalhadora, o direito de greve, que está sendo exercido a nível nacional pelos 27 (vinte e sete) sindicatos, totalizando aproximadamente 90% (noventa por cento) de paralisação em todo o país.


 


Manifestamos nossa vontade na abertura do diálogo com a Direção da ECT e com o Ministério das Comunicações, na perspectiva de encontrar uma solução para as reivindicações dos trabalhadores. Acreditamos que o diálogo e nossa disposição em negociar, convença a Direção da Empresa a não tomar qualquer iniciativa de resolver o caso com ajuizamento de Dissídio Coletivo, com interdito proibitório, atacando a organização sindical, tratando uma questão social de reivindicações da classe trabalhadora meramente como um caso de polícia.


 


Afirmamos que nossa greve tem como objetivo principal a recomposição das perdas salariais; a abertura de negociação para a implantação do Plano de Cargos de Carreiras e Salários (PCCS); a manutenção do nosso plano de saúde; a contratação imediata de mais trabalhadores para melhorar os serviços postais prestados à sociedade; o respeito à organização sindical; e a proteção aos direitos sociais das mulheres.


 


Manifestamos ainda, nosso repúdio à Direção da Empresa, que no momento de negociação apresenta uma contra proposta nociva, principalmente no tocante às cláusulas sociais, retirando e restringindo direitos essenciais da classe trabalhadora.


 


A Fentect manifesta publicamente a defesa dos Correios como empresa pública, defende os interesses de seus empregados, mobilizou os trabalhadores na defesa do Monopólio Postal, apóia as declarações do Ministro das Comunicações, Hélio Costa, no tocante às declarações sobre a revisão do contrato com o Bradesco sobre o Banco Postal, inclusive apoiando a ruptura do mesmo, e a intenção dos Correios de adquirir seus próprios aviões de cargas, pois, Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares


 


End. : SDS Edi f . Venâncio '' V'' Bloco ''R'' loja n.º60 – Brasília/DF- CEP: 70393-900 e-mail: fentect@uol.com.br – telefax:.(061)3323-8810 CNPJ 03.659.034/0001–80- Site: www.fentect.org.br entendemos que são passos significativos para o fortalecimento dos Correios como uma empresa pública e de qualidade.


 


Esta Federação alerta de forma contundente a necessidade urgente do Ministério das Comunicações fazer mais contratações, pois, há um déficit significativo no quadro de funcionários da Empresa, principalmente na área operacional. Nossa posição política sobre as Franquias é a de que elas sejam agências próprias dos Correios, uma vez que, a concessão e a permissão dos serviços postais para o modelo de Franquias afrontaram os princípios constitucionais, a lei de licitação 8.666/93, trazendo fortes prejuízos à Empresa de Correios e Telégrafos.


 


Desta forma, a Fentect pede a compreensão e a solidariedade de toda sociedade, pois a nossa greve é por justiça, distribuição de renda para os trabalhadores dos Correios e principalmente por uma empresa pública na garantia de melhores serviços para todo o povo brasileiro.


 


Saudações Sindicais,


 


Manoel Cantoara, secretário geral da Fentect/CUT