Tribuna de Debates da 12º Conferência Estadual do PCdoB – Pará 

A importância do trabalho de base – Aumentar os vínculos com o povo para realizar a nova tática 

A aplicação de uma nova tática, impõem novos desafios na política de construção partidária, como ressalta a resolução do CC: “Audácia e determinação para estruturar o Partido à altura do atual projeto político”. O Partido precisa crescer, ter mais densidade eleitoral. Para isso precisa abrir as portas para novas lideranças e aumentar os vínculos com o povo. Aumentar sua influência de massa e saber capitalizar eleitoralmente o trabalho nas 3 frentes de acumulação de forças: frente institucional, movimentos sociais e luta de idéias.



Cabe-nos encontrar os caminhos para concretizar tais objetivos.


 


Dentre os elementos a serem perseguidos, ressalta a necessidade de constituirmos uma rede estável e influente de Organizações de Base.


 


Para alcançarmos mais influência entre as massas, precisamos construir áreas de influência, redutos políticos e eleitorais, nos mais diferentes segmentos da sociedade, que deverão ser construídos e mantidos através de um trabalho de base permanente e conseqüente. Para isso é preciso desenvolver um trabalho sistemático nos mais variados segmentos. Integrar-se nas lutas do povo, agrupar a população para lutar por suas necessidades. Organizá-la.


 


Como pensar em chapas próprias para vereador ou deputado, contando apenas com o voto genérico de opinião. Vimos o resultado da experiência de lançar mais de um candidato a deputado estadual nas últimas eleições, em Belém, sem contar com redutos definidos. Em lugar de somar os votos, a votação se dividiu, não se elegendo ninguém. Em chapa própria, cada candidato tem de ter seu reduto, que somado a uma parcela do voto de opinião garante alcançar o quociente eleitoral e a eleição de vereadores e/ou deputados. E para se ter reduto, tem de ter trabalho de base.


 


Participação e presença em cada segmento respectivo, para se tornar referência.  Áreas de influência dos candidatos e áreas de influência do Partido. E isso só é possível com a constituição de um sólido trabalho de base, construindo OBs, atuantes, grandes e influentes.


 


Considero, que o Partido hoje subestima o trabalho de base. Podemos mesmo dizer que houve um abandono do trabalho de base. Há uma forte tendência a somente se considerar o trabalho por cima. Desconsidera-se àqueles que desenvolvem o trabalho na base, que pouco aparece, a curto prazo. Prioriza-se o debate à ação, à prática. Esse desvio grassa as fileiras do Partido, nas direções e mesmo no trabalho nas frentes de massa. No primeiro caso se manifesta em uma preocupação exclusiva em constituir direções em detrimento de construir bases, sem considerar que há uma relação dialética entre o trabalho de direção e de base. Um depende do outro.


 


Qualquer exclusivismo nesse caso, leva a distorções. A constituição de núcleos dirigente é indispensável, mas as direções devem ser formadas não para debater, mas para dirigir, e o debate necessário deve sempre servir à ação concreta que se completa com o trabalho de base. Direção é para dirigir o coletivo partidário para a luta. Coletivo este, que só pode ser dirigido se tiver organizado. Não havendo bases organizadas, as direções tendem a se bastarem em si. Esse desvio manifesta-se também em nosso trabalho de massas. Preocupa-se mais com as articulações, eleições em entidades, congressos, mas pouco com o trabalho concreto em cada entidade conquistada. E as entidades de base (sindicatos, associações de moradores, grêmios. Das) são os instrumentos indispensáveis para mobilizar as massas. E sem mobilização das massas, não há transformações na sociedade. Não se acompanha o trabalho desenvolvido por cada sindicato, cada associação de moradores, cada diretório acadêmico ou grêmio estudantil. E esse trabalho é que possibilita fazer com que as massas desenvolvam sua experiência e desenvolvam sua consciência. Essa tendência reflete-se também em nosso trabalho parlamentar. Atua-se por cima e mesmo quando se desenvolve um trabalho em determinado segmento, não se capitaliza, por falta de um trabalho de base que dê continuidade e sustentação ao mandato.


 


Assim, concluo que não conseguiremos concretizar a nova tática em toda sua inteireza, sem reservar um significativo tempo de nossa militância e do trabalho de direção à busca dos caminhos para desenvolver o trabalho de base, a organização e manutenção de organizações de base nos mais diferentes segmentos, que dêem sustentação à atuação de nosso partido.


 


Realizar encontros para se discutir como construir bases e redutos. Sistematizar nossa experiência para retirar ensinamentos. Deslocar camaradas experientes para dirigir bases importantes. Investir na formação de dirigentes de base. Realizar cursos de formação para dirigentes de base. Realizar encontros sistemáticos por município para acompanhar o trabalho desenvolvido. Trabalhar com o Manual de OBs., são algumas das medidas que se fazem necessárias.


 


*Marcos Casteli Panzera
Secretário Estadual de Formação e Propaganda do PCdoB – Pará.