PCdoB cresce e fortalece projeto eleitoral

Logo na abertura dos trabalhos, o presidente do partido, Renato Rabelo, procurou desenhar o quadro do cenário internacional, destacando os principais fatos que interferem na conjuntura brasileira atual. Dentre esses fatos, Renato Rabelo chamou atenção especialmente para o desenvolvimento da crise financeira mundial, tendo como epicentro a economia norte-americana.

A decisão de reduzir a taxa básica de juros por parte do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês, contrapartida do nosso Copom) do Federal Reserve em 0,5% pegou de surpresa os observadores. Praticamente ninguém esperava por isso, argumentou Renato, mostrando que a crise é realmente séria – e é possível uma recessão nos Estados Unidos. Essa redução da taxa de juros tenta evitá-la.

Segundo o presidente do PCdoB, a crise imobiliária americana tem um lado comercial (compra e venda de imóveis), um lado produtivo (indústria da construção civil) e um lado financeiro (bancos e fundos que não garantem o resgate de seus aplicadores, etc.). Por este último aspecto, atinge-se o mercado financeiro de outros países – principalmente onde os fundos decidiram arriscar-se no subprime. O último episódio foi o prejuízo violento do banco inglês Northern Rock Plc.

Uma recessão nos Estados Unidos afetaria, mais ou menos, o desempenho da economia mundial, de acordo com sua duração e profundidade. Para Renato Rabelo, não há como fugir desse fenômeno, dado o peso ainda grande da economia norte-americana no mundo inteiro e a interligação econômica crescente, protagonizada pelos Estados Unidos. Porém, mesmo com as intervenções dos bancos centrais, ninguém diz que a crise está prestes a acabar.

Outro fato significativo, lembrou Renato, é que os preços do petróleo têm se elevado muito. O barril passou dos US$ 82 – um recorde nominal. Isto é fonte de grandes preocupações, devido à importância que essa matriz tem na cesta energética e por suas repercussões na economia como um todo.

A conjuntura brasileira

Uma notícia importante sobre a situação econômica do Brasil, disse Renato, foi divulgada na semana passada, revelando que o crescimento do PIB brasileiro foi de 5,4% no segundo trimestre de 2007 em relação ao segundo trimestre do ano anterior. A elevação foi puxada pela indústria de transformação e com apoio no mercado interno – as importações crescem mais que as exportações.

Há também um crescimento significativo na indústria da construção civil com as maiores facilidades de crédito imobiliário. Espera-se também uma safra agrícola recorde, de aproximadamente 130 milhões de toneladas de grãos. Um dado muito positivo desse quadro é que houve um aumento substancial da taxa de investimentos – Formação Bruta de Capital Fixo -, que se elevou para 17,7% do PIB. É o maior índice para o período de abril a junho desde 2000.

Tudo isso possibilita previsões de que o PIB de 2007 poderá se situar na casa dos 4,5%. Prevê-se também que a taxa de investimentos poderá chegar a pouco mais de 21% por volta de 2010.

Já a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad), divulgada pelo IBGE na semana passada, mostrou que houve um aumento de 7,2% no rendimento médio real do trabalhador em relação a 2005. Os dados reforçam a perspectiva de um processo lento mas constante de recuperação do valor do trabalho, especialmente com a valorização do salário mínimo.

O crescimento do PCdoB

A Comissão Política Nacional destacou em suas resoluções o grande impulso da ação política partidária, vinculados com o lançamento de candidaturas a prefeito em 17 capitais de estado e em mais outros 335 municípios do interior do país, particularmente entre 82 dos 267 municípios com mais de 100 mil habitantes. Merece destaque especial o trabalho de ampliação do apoio à reeleição do atual prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, no Estado de Sergipe.

O esforço agora é para viabilizar estas candidaturas com amplo apoio político e social, como é o caso de Manuela D'Ávila em Porto Alegre, Jandira Feghali, no Rio de Janeiro, Aldo Rebelo, em São Paulo, Jô Moraes, em Belo Horizonte, Olívia Santana, em Salvador, Luciano Siqueira, em Recife, Chico Lopes, em Fortaleza, Vanessa Grazziotin, em Manaus, Flávio Dino, em São Luís, Osmar Júnior, em Terezina, Evandro Milhomen, em Macapá entre outras cidades importantes.

Essa perspectiva eleitoral tem criado um movimento quantitativo e qualitativo nas fileiras partidárias, que deve ter seguimento até o próximo dia 30 de setembro. Também no movimento sindical se verifica esse crescimento, principalmente agora quando se articula o movimento classista e democrático para a construção de uma nova central sindical. A central tem seu congresso de fundação em Salvador, na Bahia, marcado para os dias 12, 13 e 14 de dezembro próximo.

Já o congresso da União Brasileira de Mulheres (UBM) igualmente contribui para esse processo de crescimento, com data de realização de 22 a 25 de novembro, em Luiziânia, Goiás. As resoluções da Comissão Política conclamam também a militância comunista a participar ativamente da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) e da luta pela paz, contra a guerra, através do Cebrapaz.

Por fim, a resolução sobre a estruturação partidária insiste em uma questão-chave do atual processo de expansão das fileiras partidárias. Trata-se do esforço de incorporação de fato dessas novas lideranças que procuram o partido em uma de suas organizações. A resolução destaca que ninguém – novo ou antigo – pode restar sem tarefas no PCdoB neste momento.

Leia abaixo as resoluções aprovadas na reunião da Comissão Política.

– Resolução sobre a estruturação partidária

– Resolução sobre o projeto eleitoral do PCdoB para 2008

– Resolução sobre o movimento social e a luta pela paz