A construção do socialismo precisa de meios de comunicação
A comunicação está subordinada a interesses particulares, de grupos, acima do controle social e que se opõem à democratização crescente da sociedade. Para enfrentar esta situação, o jornalista Carlos Pompe aponta para o caminho do socialismo. “A luta c
Publicado 28/09/2007 16:49
A palestra sobre Comunicação e Poder, promovido pela Organização de Base do PCdoB no Congresso Nacional, foi realizada nesta sexta-feira (28), na Câmara dos Deputados, reunindo militantes e simpatizantes do Partido atuam no Parlamento.
A fala de Pompe – ilustrada com vários exemplos da cobertura de mídia – destaca o ensinamento marxista “de que se trata de uma luta pelo poder político, de uma luta pela construção de uma nova sociedade”. Ele destacou que “também neste embate, de um lado estão os proprietários dos meios de produção (e de comunicação), e de outro os despossuídos, os trabalhadores, os que vivem da venda de sua força de trabalho”.
O jornalista, que faz parte do conselho editorial da Revista Princípios, diz que, “assim como nas outras batalhas desta guerra de classes, é necessário que os setores revolucionários, os setores populares, criem também seus próprios veículos de comunicação – publicações, emissoras de radiodifusão (que no Brasil não estão acessíveis às organizações populares!), portais na internet”.
Manipulação da notícia
Segundo Pompe, o público do noticiário, em geral, tem um desconhecimento sobre os fatos veiculados e fica predisposto a aceitar como verdade o que é apresentado. “É mais fácil distorcer a imagem daquilo que desconhecemos”, disse, citando Goebbels, o companheiro de Hitler “sempre lembrado quando disse que a repetição de uma mentira pode criar uma verdade”.
Ele também citou o professor Wanderley Guilherme dos Santos, que disse que “o que a imprensa nos países da América Latina, e particularmente no Brasil, tem é a capacidade de criar instabilidades. Isso é próprio de países latino-americanos, mas particularmente no Brasil, em que as empresas jornalísticas têm poder econômico e capacidade e disposição para a intervenção política. Então, a arma da imprensa no Brasil, o seu recurso diante dos governos: esta capacidade de criar instabilidade política”.
E alertou que “aos meios de comunicação interessa a despolitização da sociedade. Substituem a informação e discussão dos temas políticos pela banalização, vulgaridade, sensacionalismo, espetacularização. Em vez de argumentos racionais, os apelos emocionais”.
Exemplos
Pompe se utilizou de vários exemplos para apresentar sua argumentação, destacando um mais recente, o da crise da aviação, quando a Rede Globo filmou pela janela do Palácio do Planalto o assessor do presidente Lula, Marco Aurélio Garcia, fazendo “top top”, ficando depois demonstrado que o governo não teve culpa no acidente do vôo 3045 da TAM em São Paulo, em 16 de julho de 2007, que matou 189 passageiros e mais dez pessoas em terra. A intenção era deflagrar mais uma crise no governo, com as cenas do “episódio verdade”.
A mesma Globo não mostrou um vídeo do Boninho, um de seus diretores de programas destinados a adolescentes, ensinando como apodrecer ovos para jogar em transeuntes, em Copacabana. “Este “episódio verdade”, filmado inclusive com o conhecimento do Boninho, e não às escondidas, como foi o do Marco Aurélio, não era notícia?”, questiona Pompe. As imagens foram usadas por uma concorrente, a Record.
Pompe citou outro exemplo para afirmar que a manipulação não acontece apenas no noticiário brasileiro. É um fenômeno mundial. O exemplo é da escolha ideológica das palavras.
“No conflito do Oriente Médio, palestinos e islâmicos que colocam bomba em seus corpos e se explodem para matar adversários são “terroristas”; mas civis judeus e sionistas que atacam palestinos e ocupam suas terras são “radicais”, com um detalhe a mais: geralmente a ação desses “radicais” foi uma resposta a alguma ação anterior dos “terroristas”.
De Brasília
Márcia Xavier