Sem categoria

Entrevista: portuário do PSB avalia futura Central Classista

Presidente há três anos do Sindicato dos Portuários do Rio de Janeiro, Sérgio Magalhães Giannetto é filiado à SSB (Sindicalismo Socialista Brasileiro), braço sindical do PSB. Para Sérgio, uma nova central classista deve abrir uma “discussão democrática pa

Sérgio foi presidente da Associação de Nível Superior da Companhia de Docas do Rio de Janeiro por duas vezes e sub-secretário na gestão anterior do Sindicato. Eleito presidente com 75% dos votos, Sérgio hoje dirige uma categoria de 3.800 trabalhadores, sendo 2.300 filiados.


 


Para Sérgio, o principal problema da CUT – central a qual o sindicato é filiado – é a falta de rumo e de independência da entidade em relação ao governo federal. Para o dirigente sindical “uma nova central tem a missão principal de rever métodos” e deve ser “representativa de fato para reunificar os dissidentes do movimento sindical que não aceitam a submissão política e econômica do povo brasileiro”.


 


Leia abaixo a entrevista exclusiva ao Vermelho-RJ na íntegra:


 


Qual a relação do Sindicato com as centrais que existem hoje?
 


Sérgio – Nosso Sindicato participou efetivamente na construção da CUT, em 1985. Quando a Oposição Sindical Portuária ganhou a direção do Sindicato, nos filiamos à CUT e, durante um longo período, tivemos nesta referência de organização de classe a nossa atuação. Outras centrais não serviam como referência para nossa categoria. A classe operária necessita manter a independência e lutar contra a exploração capitalista. Não há independência quando exercemos função conciliatória com os governos burgueses e neste aspecto todas as instâncias de governo oprimem nossa classe.


 


Devido a uma posição equivocada de conciliação, estamos fragilizados e a perspectiva da luta de classe cada vez mais está afastada da consciência da classe e passamos a ser simples contempladores neste processo histórico. Deixamos de ser agentes de transformação para ser correia de transmissão do desenvolvimento econômico capitalista que só atende aos patrões e ao governo.
 


Quais são principais reivindicações da entidade hoje?



Sérgio – Intervir no debate sobre a atividade portuária e a relação institucional que as Administrações Portuárias devem manter com o Governo Federal, a Secretaria Especial de Portos, com o empresariado do setor e, principalmente, sobre o mercado de trabalho portuário, a valorização profissional e a resolução das principais reivindicações trabalhistas.
 


Nestes quase cinco anos de governo Lula quais foram as principais mudanças?
 


Sérgio – Entendo que o governo tem acertos na política de inclusão social, apesar de toda a degeneração e o caos social existente no país. Este é um diferenciador em relação aos governos que o antecederam. Na questão da credibilidade popular, acredito que não há mudanças substanciais porque o sistema político não corresponde à necessária moralidade na ética e na política. Neste aspecto o governo Lula não traz as perspectivas de apelo popular, nem sindical e nem de mudanças estruturais.
 


Como você vê o movimento sindical no país? E quais são as dificuldades e desafios atuais?
 


Sérgio – Começo pelos desafios: o movimento sindical precisa reencontrar os rumos de independência de classe, degenerado pelas cooptações e conveniências pessoais das principais lideranças sindicais do país.


 


A relação capital versus trabalho é totalmente desfavorável aos trabalhadores. Para mudar este cenário temos que modificar procedimentos e trabalhar com mais perseverança, identificando as prioridades que proponham a discussão nacional sobre os interesses do operariado de modo que os níveis de exploração nacional sejam combatidos com maior expressividade.


 


As dificuldades: superar esta fase de indefinição, buscando ganhar o espaço anteriormente ocupado pela CUT.
 


A CSC está fazendo um movimento por uma outra central, com feição classista. O que você acha desta iniciativa?
 


Sérgio – Entendo que as forças políticas que constroem a nova central têm a missão principal em rever métodos. E que seja representativa de fato para reunificar os dissidentes do movimento sindical que não aceitam a submissão política e econômica do povo brasileiro. Inclusive abrindo a discussão democrática para todas as forças progressistas que estão no movimento sindical. Neste viés, a CSC está sincronizada com a SSB como as principais vertentes do movimento.


 


Como esse movimento pode repercutir no sindicalismo?



Sérgio – Pode repercutir como um instrumento poderoso no processo de intervenção pela maior participação crítica dos trabalhadores nas questões nacionais.
 


Qual deve ser a concepção do movimento sindical para uma outra central?
 


Sérgio – Ter independência de classe, respeitar o processo democrático dos trabalhadores. Não aceitar sob hipótese alguma a submissão ao patronato e a qualquer governo.