Entrevista: portuário do PSB avalia futura Central Classista
Presidente há três anos do Sindicato dos Portuários do Rio de Janeiro, Sérgio Magalhães Giannetto é filiado à SSB (Sindicalismo Socialista Brasileiro), braço sindical do PSB. Para Sérgio, uma nova central classista deve abrir uma “discussão democrática pa
Publicado 28/09/2007 16:08
Sérgio foi presidente da Associação de Nível Superior da Companhia de Docas do Rio de Janeiro por duas vezes e sub-secretário na gestão anterior do Sindicato. Eleito presidente com 75% dos votos, Sérgio hoje dirige uma categoria de 3.800 trabalhadores, sendo 2.300 filiados.
Para Sérgio, o principal problema da CUT – central a qual o sindicato é filiado – é a falta de rumo e de independência da entidade em relação ao governo federal. Para o dirigente sindical “uma nova central tem a missão principal de rever métodos” e deve ser “representativa de fato para reunificar os dissidentes do movimento sindical que não aceitam a submissão política e econômica do povo brasileiro”.
Leia abaixo a entrevista exclusiva ao Vermelho-RJ na íntegra:
Qual a relação do Sindicato com as centrais que existem hoje?
Sérgio – Nosso Sindicato participou efetivamente na construção da CUT, em 1985. Quando a Oposição Sindical Portuária ganhou a direção do Sindicato, nos filiamos à CUT e, durante um longo período, tivemos nesta referência de organização de classe a nossa atuação. Outras centrais não serviam como referência para nossa categoria. A classe operária necessita manter a independência e lutar contra a exploração capitalista. Não há independência quando exercemos função conciliatória com os governos burgueses e neste aspecto todas as instâncias de governo oprimem nossa classe.
Devido a uma posição equivocada de conciliação, estamos fragilizados e a perspectiva da luta de classe cada vez mais está afastada da consciência da classe e passamos a ser simples contempladores neste processo histórico. Deixamos de ser agentes de transformação para ser correia de transmissão do desenvolvimento econômico capitalista que só atende aos patrões e ao governo.
Quais são principais reivindicações da entidade hoje?
Sérgio – Intervir no debate sobre a atividade portuária e a relação institucional que as Administrações Portuárias devem manter com o Governo Federal, a Secretaria Especial de Portos, com o empresariado do setor e, principalmente, sobre o mercado de trabalho portuário, a valorização profissional e a resolução das principais reivindicações trabalhistas.
Nestes quase cinco anos de governo Lula quais foram as principais mudanças?
Sérgio – Entendo que o governo tem acertos na política de inclusão social, apesar de toda a degeneração e o caos social existente no país. Este é um diferenciador em relação aos governos que o antecederam. Na questão da credibilidade popular, acredito que não há mudanças substanciais porque o sistema político não corresponde à necessária moralidade na ética e na política. Neste aspecto o governo Lula não traz as perspectivas de apelo popular, nem sindical e nem de mudanças estruturais.
Como você vê o movimento sindical no país? E quais são as dificuldades e desafios atuais?
Sérgio – Começo pelos desafios: o movimento sindical precisa reencontrar os rumos de independência de classe, degenerado pelas cooptações e conveniências pessoais das principais lideranças sindicais do país.
A relação capital versus trabalho é totalmente desfavorável aos trabalhadores. Para mudar este cenário temos que modificar procedimentos e trabalhar com mais perseverança, identificando as prioridades que proponham a discussão nacional sobre os interesses do operariado de modo que os níveis de exploração nacional sejam combatidos com maior expressividade.
As dificuldades: superar esta fase de indefinição, buscando ganhar o espaço anteriormente ocupado pela CUT.
A CSC está fazendo um movimento por uma outra central, com feição classista. O que você acha desta iniciativa?
Sérgio – Entendo que as forças políticas que constroem a nova central têm a missão principal em rever métodos. E que seja representativa de fato para reunificar os dissidentes do movimento sindical que não aceitam a submissão política e econômica do povo brasileiro. Inclusive abrindo a discussão democrática para todas as forças progressistas que estão no movimento sindical. Neste viés, a CSC está sincronizada com a SSB como as principais vertentes do movimento.
Como esse movimento pode repercutir no sindicalismo?
Sérgio – Pode repercutir como um instrumento poderoso no processo de intervenção pela maior participação crítica dos trabalhadores nas questões nacionais.
Qual deve ser a concepção do movimento sindical para uma outra central?
Sérgio – Ter independência de classe, respeitar o processo democrático dos trabalhadores. Não aceitar sob hipótese alguma a submissão ao patronato e a qualquer governo.