No ABC, Lula reforça importância do investimento em universidades
Depois de visitar hoje (28) obras da Universidade Federal do ABC, em Santo André (SP), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que investir no ensino superior é um bom negócio, com retorno garantido. Segundo ele, faltam profissionais qualificad
Publicado 28/09/2007 16:57
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro da Educação, Fernando Haddad, estiveram em Santo André, São Paulo, nesta sexta-feira (28), para ver de perto as obras da Universidade Federal do ABC. Por determinação do presidente, os trabalhos, que seriam concluídos em meados de 2009, serão acelerados e devem ser encerrados já no próximo ano.
Mesmo em instalações provisórias, o campus da UFABC atende cerca de mil alunos de graduação e 96 de pós-graduação, desde 2006. Ali trabalham 110 professores, todos doutores, e 85 servidores. O governo federal investirá R$ 117,2 milhões na construção de seis prédios — dois edifícios para salas de aula, um centro cultural, um restaurante, um conjunto esportivo e uma torre do relógio. O edifício do bloco B, quase pronto, recebeu a visita do presidente e de Haddad, acompanhados do ministro da Previdência Social, Luiz Marinho, e do ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins.
Lula fez questão de cumprimentar cada operário. Um mestre-de-obras perguntou ao presidente se ele continuará ampliando as vagas no ensino superior federal. Lula respondeu que serão dez novas universidades e mais 48 extensões universitárias até 2010.
“Quero que vocês tenham oportunidades que eu não tive, que tenham acesso a um direito que não me foi garantido”, disse o presidente a uma platéia de alunos, professores e funcionários da Universidade Federal do ABC.
Em seu discurso, Lula destacou que apesar de não ter formação superior terá sido, ao final de seu governo, o presidente que mais abriu vagas públicas. Serão dez novas universidades, 48 extensões universitárias e 214 escolas técnicas até 2010. “Em oito anos, abriremos mais escolas técnicas desde a criação da primeira, em 1909”, exemplificou.
“Cada centavo que a gente investir na educação hoje, a gente vai arrecadar seis vezes mais quatro anos depois, quando o aluno estiver formado. A gente vai arrecadar muito mais”, afirmou. “Agora que a economia brasileira começou a crescer a gente está sentindo falta de mão-de-obra qualificada. Isso por que não se investiu há 10 anos”, completou o presidente.
Manifestações de apoio e aplausos da comunidade acadêmica entrecortaram, por diversas vezes, o discurso do presidente. Alunos e professores não contiveram a emoção ao ver suas expectativas transformadas em realidade. Há quase 30 anos, a população da região aguardava a abertura de vagas federais no ensino superior. Até a criação da UFABC, em 2005, a região tinha 77 mil estudantes. A maioria (65%) estava matriculada em instituições privadas.
Para o ministro Haddad, a expansão universitária em São Paulo devolve a dignidade acadêmica ao Estado. “São Paulo passou anos sem investimentos federais. Estamos pagando uma dívida histórica”, ressaltou.
O reitor da UFABC, Luis Bevilacqua, lembrou as palavras do presidente Lula, em seu discurso de posse, de que a educação é um exercício de liberdade. “Isso é realizado aqui e agora”, destacou.
Mais investimentos
Os prédios da UFABC ocuparão um terreno de 77 mil metros quadrados, doado pela Câmara Municipal, e abrigarão 11 mil alunos. A universidade faz parte do projeto de expansão da educação superior do governo federal. Estão previstos recursos de R$ 11 milhões para a implantação, no próximo ano, de uma extensão da UFABC na cidade vizinha de São Bernardo do Campo. O presidente anunciou a compra do terreno no qual será erguido o novo campus, no centro da cidade — o custo foi de R$ 50 milhões.
Durante a visita, Haddad adiantou à comunidade acadêmica que está previsto para outubro o Plano Nacional de Assistência Estudantil, resultado de acordo com a União Nacional dos Estudantes. Serão investidos R$ 200 milhões em 2008, dos quais R$ 70 milhões em uma nova modalidade de bolsa, a de iniciação à docência. Na visão do ministro, a bolsa inova ao estimular a formação de professores e reforça a qualidade da educação básica. Outros R$ 140 milhões serão destinados à assistência estudantil, mais especificamente à alimentação e à moradia de alunos de baixa renda.
Criada pela Lei nº 11.145, de 26 de julho de 2005, a UFABC atende a alunos do ABC Paulista, área industrial formada por sete municípios da região metropolitana de São Paulo — Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. A universidade inovou ao adotar o bacharelado interdisciplinar — todos os alunos cursam três anos iniciais de bacharelado em ciência e tecnologia.
Michele Yanagihara, 19 anos, aluna do segundo ano, é monitora da disciplina bases experimentais das ciências naturais. “Fizemos experimentos de óptica, vimos os diversos tipos de clorofila presentes nas plantas e estudamos cromatografia”, enumera a estudante, já familiarizada com os termos específicos da área.
Ela constatou que a pesquisa reforça o aprendizado e já decidiu que quer trabalhar com pesquisa. “Gostaria que as empresas investissem mais em pesquisadores”, diz. Depois dos três anos iniciais, o estudante pode se formar ou prosseguir os estudos em uma área específica.
Da redação,
com informações do MEC