Prefeito de Porto Alegre vai para o PMDB buscar a reeleição
O prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, decidiu mudar de partido mais uma vez. Em nota oficial, divulgada nesta sexta-feira, Fogaça confirmou que deixa o PPS para voltar ao PMDB. Há seis anos, o ex-senador deixou o PMDB junto com o grupo ligado ao ex-
Publicado 28/09/2007 19:15
O presidente do PPS de Porto Alegre, Paulo Odone, disse que respeita a decisão e que não alimenta nenhum ressentimento, mas que Fogaça está saindo sozinho. “Ele vai ter uma sigla maior com mais estrutura e mais tempo de televisão. O PPS é um partido pequeno. Isso o eleitor entende”, disse Odone. Fogaça assina ficha no PMDB e viaja amanhã para a Alemanha.
Um dos principais padrinhos da decisão de Fogaça, o senador Pedro Simon (PMDB) saudou a nova aquisição da sigla e defendeu a reeleição do atual prefeito. “Acho que ele merece mais um mandato. Acho que não se deve repetir 16 anos com ninguém. Só mais uma vez”, disse Simon, que está no seu quarto mandato no Senado. O senador gaúcho é autor da PEC 050/96, que propõe a perda de mandato para deputado ou senador que se desfiliar do partido pelo qual se elegeu.
“Política não é uma questão de lado”
Segundo o documento “Democracia com Desenvolvimento – Novo Programa do PMDB”, “o instituto da fidelidade partidária é questão de princípio para o PMDB”. “O mandato eleitoral deve pertencer ao partido, perdendo-o quem o deixar ou dele for expulso”, diz o texto. Indagado sobre as repercussões negativas de mais uma troca de partido, Fogaça respondeu: “A política não é uma questão de lado, é uma questão de modo de fazer”.
Como senador, José Fogaça foi relator de um projeto de Reforma Política que previa, entre outras coisas, o estatuto da fidelidade partidária. Em 1991, Fogaça foi coordenou a comissão que reformulou o programa do PMDB e estabeleceu a fidelidade como questão de princípio. Agora, ao justificar a nova troca de partido, disse apenas que foi uma questão de “foro íntimo”.
Nem tão íntimo assim, considerando as declarações de Pedro Simon que já lançou a candidatura do atual prefeito à reeleição. Segundo o senador, a filiação de Fogaça encerra o debate para a cabeça de chapa do PMDB à eleição municipal de 2008. Há uma disputa para a candidatura à vice, admitiu, mas que já estaria praticamente definida. O nome mais cotado é o de José Fortunatti (PDT). Simon aposta alto em Fogaça. Em conversa com jornalistas, afirmou que se ele não trocasse de partido, apoiaria a deputada Manuela d’Ávila, do PCdoB.
Fogaça descumpriu palavra, diz vice do PPS
O vice-presidente estadual do PPS/RS, deputado Luciano Azevedo, disse que o sentimento do partido em relação à ida de Fogaça para o PMDB é de decepção. Segundo Azevedo, o PPS havia acreditado na palavra de Fogaça de que não sairia do partido. “Essa atitude, tomada praticamente às escondidas, deve ser explicada publicamente. Além disso, Fogaça precisa esclarecer os argumentos que o convenceram a ingressar no PMDB depois de ter dito, reiteradas vezes, que não o faria”, acrescentou o deputado em nota publicada no site do partido.
Como os argumentos de convencimento foram sempre a portas fechadas, protestou Luciano, o prefeito deve não só ao PPS, mas à opinião pública, uma explicação imediata sobre o que ocorreu. O PPS sempre respeitou Fogaça, mas o prefeito não teve a mesma postura em relação ao partido e a todos que confiaram nele, criticou o deputado.
As negociações para a ida de Fogaça para o PMDB duraram cerca de seis meses. Neste período, o prefeito negou por diversas vezes que estaria deixando o PPS. No dia 20 de setembro, durante desfile da Semana Farroupilha, rejeitou categoricamente essa possibilidade. Na verdade, já estava praticamente acertado com as lideranças do PMDB gaúcho.
Os argumentos utilizados em 2001 para justificar a saída do partido destacavam fortemente a impossibilidade de conviver com a cúpula do PMDB. Além disso, reclamou da falta de espaço para assumir determinadas funções, entre elas, a presidência do Congresso Nacional. Aparentemente, agora, Fogaça fez as pazes com a direção nacional peemedebista e obteve garantias para ocupar mais espaço político. Um dos projetos do prefeito de Porto Alegre é retornar ao Senado pelo PMDB.