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Perpétua sugere medidas de combate à violência, além do Pronasci

Na semana em que a Câmara aprovou o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC-foto) fez discurso no plenário da Câmara para elogiar a iniciativa do governo de combate à violência, mas também

“Não podemos abrir mão de que, em paralelo com as medidas rumo ao desenvolvimento, sejam adotadas outras medidas que busquem amenizar o problema e combater o crime no curto e médio prazo. Temos que sair do estado de verdadeira guerra civil que ocorre nas nossas favelas, nas nossas periferias e nas avenidas de nossas cidades”, alertou.



“Drogas, armas, acidentes de trânsito, corrupção policial, prostituição de menores são os personagens desta realidade trágica que leva a vida de cidadãos inocentes, particularmente dos jovens brasileiros”, descreva a parlamentar como a situação brasileira, para, em seguida, denunciar a atitude das elites que “subiram as grades de suas casas, as grades eletrificadas dos seus condomínios, colocaram alarmes nos carros, blindaram seus automóveis, compraram armas e segurança particular, mas não se viram livres da violência”.



Ela alerta que, apesar de todas as medidas adotadas pela elite, “a violência e a criminalidade são algo aterrorizadamente democrático. Atinge ricos e pobres, homens e mulheres de todas as idades. Todos somos vítimas e interessados em resolver o problema. Não há solução individual para a violência. Ou a sociedade se organiza para combatê-la ou sucumbirá ao crime”, enfatiza.



“Para combater a violência é necessário reduzir as desigualdades em nosso país. Esta comprovado que uma comunidade com educação e saúde de qualidade, com lazer e cultura para os jovens e com perspectiva de emprego não entrega seus filhos ao tráfico e a marginalidade”, propõe a parlamentar comunista.



E enfatiza que: “É necessário perseguir constantemente o objetivo de construir um projeto nacional de desenvolvimento com geração de empregos e distribuição de renda. Esta é a solução de longo prazo para o problema da violência no Brasil”.



Vítimas da violência



Os índices de mortes de jovens de 14 a 29 anos no Brasil aproxima-se dos índices de mortes em guerras, como o Iraque ou Afeganistão. “A situação é tão grave que em algumas cidades brasileiras a violência esta alterando a composição de gênero da nossa população, com um número muito maior de mulheres”, afirmou Perpétua.



A parlamentar comunista também destacou que, embora a violência atinja a todos indistintamente, “quem morre mais nas ruas das nossas cidades são jovens. São jovens pobres, do sexo masculino, negros, sem estudo e aliciados pelo tráfico de drogas. Se a violência atinge a todos, atinge com mais crueldade os mais pobres”, afirmou, acrescentando que “o governo Lula acerta a direcionar um conjunto de ações as comunidades carentes e aos jovens”.



Mudança de cultura



Para a parlamentar, “é importante o Estado reconhecer seu importante papel no combate à violência”, mas destaca que o combate à violência exige mudanças culturais e de valores, “como o respeito às mulheres e aos homossexuais, dirigir com segurança nas nossas estradas, desarmar a população. Coisas que não se mudam de um dia para o outro”, explicou.



Ela citou um caso recente de acidente de trânsito, ocorrido em Brasília esta semana, em que um “pega” entre dois carros guiados por homens resultou na morte de três mulheres. Paulo César Timponi, 49 anos, suposto responsável pelo acidente, fugiu sem prestar socorro às vítimas.



“O Pronasci analisa bem a problemática, reconhecendo a necessidade de mudanças culturais, de engenharia de tráfego, de educação, mas não aprofunda ações para coibir o infrator que faz “pega” e mata pessoas”, afirmou Perpétua, alertando para necessidade de “avançar neste questão.



De olho no Pronasci



Perpétua avalia que o Pronasci tem o objetivo de enfrentar, “com vontade política e determinação o medo e a insegurança que o crime impõe a nossa sociedade, com um conjunto de propostas que aperfeiçoam a atuação do Estado no combate à criminalidade”.



O Pronasci investirá R$6,7 bilhões em quatro anos em segurança pública para garantir polícia equipada, bem remunerada, com auto-estima elevada, elementos necessários para combater o crime. “Torcemos e acompanharemos com grande atenção a implementação do Pronasci, tendo grande esperança que a partir deste programa a vida dos nossos jovens será preservada e poderemos viver em uma sociedade livre da insegurança e que cultue a paz”, afirmou Perpétua.



A parlamentar elogiou a criação do Sistema Único de Segurança Pública nos estados com a subordinação das polícias civis e militares ao Secretário de Segurança Pública como uma medida que aperfeiçoa o sistema e que trará resultados positivos na redução da violência nas grandes cidades.



Também destacou a unificação das academias e escolas de formação, a criação de órgão integrado de informação e inteligência policial e da corregedoria única e a proibição da participação de policiais que ocupem órgãos de direção no sistema de segurança em empresas de segurança privada como regras que fortalecem o caráter profissional do sistema no Brasil.



“As mudanças constitucionais que visarão o estabelecimento do vencimento básico para policiais, a desvinculação da polícia militar do exército, e a criação de ouvidorias autônomas darão outra cara a segurança no Brasil”, lembrou ainda a parlamentar.



De Brasília
Márcia Xavier