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Argentina: Perón é tema recorrente entre presidenciáveis

Em época de eleições na Argentina, se fala pontualmente sobre os anos do governo de Juan Domingo Perón. A primeira-dama Cristina Fernández Kirchner e outros dois candidatos às eleições presidenciais de 28 de outubro recordaram nesta quarta-feira o 17 de o

Como já ocorre há muitos anos, a data não foi acompanhada pela série de comemorações de antigamente, quando em Buenos Aires e outras cidades do país diversos eventos homenageavam o 17 de outubro de 1945. Neste dia, os operários da periferia da capital chegaram à Praça de Maio para escutar da Casa Rosada o então coronel Perón, liberado da prisão na qual tinha sido confinado pelos militares.



A data, que marca um divisor de águas na história argentina, esteve mesmo assim no centro das comemorações de três dos 14 candidatos mais importantes às iminentes eleições presidenciais.



Além da primeira-dama Cristina Fernández, recordaram o “17 de outubro” também o ex-ministro da Economia Roberto Lavagna, à frente da coalizão “Uma nação avançada”, e Alberto Rodriguez Saa, da Frente Justicialista. Os três se uniram na recordação de Perón, apesar de serem ferozes adversários diante do compromisso eleitoral.



Com o olhar claramente dirigido para seu consistente eleitorado, Cristina Fernández salientou em seu discurso as “coincidências entre aquele 17 de outubro e hoje: em ambos os casos, os argentinos estão com o próprio destino nas mãos”.



Cristina, como é chamada por todos na Argentina a esposa do presidente Néstor Kirchner, será muito provavelmente a grande vencedora das eleições, à frente da coalizão “Frente para a Vitória”. Pesquisas indicam que ela poderia vencer já no primeiro turno, herdando de fato o poder das mãos do marido.



Mas, além dos comícios peronistas desta quarta-feira dos três candidatos, e dos debates pré-eleitorais dos últimos dias, a campanha eleitoral deste ano conseguiu bater o recorde de ser a mais entediante da história recente do país. O povo segue de modo apático as discussões, nas quais as idéias e os projetos de destaque brilham pela ausência.



Os problemas mais sérios do país são, no entanto, a inflação e a insegurança. Nos últimos meses, a inflação subiu perigosamente, fato contestado pelo governo que defende a confiança nos índices dos preços do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (o Ibge argentino). Os argentinos quase não acreditam nesta estabilidade, como demonstra o boicote organizado na semana passada contra os altos preços do tomate. A iniciativa obteve sucesso e os preços do produto baixaram. Para os próximos dias são aguardadas iniciativas idênticas para abaixar os preços da batata, abóbora e abobrinha.



Além da corrupção e, principalmente, da insegurança, ainda são os temas econômicos aqueles que mais preocupam os argentinos. O país ainda não apagou totalmente a lembrança da desastrosa crise de 2001, e após a retomada destes últimos anos pretende apostar na continuidade de Kirchner.