Professores temem parceria com setor privado

Nesta quarta-feira (17) ocorre, em Porto Alegre, a primeira reunião do Conselho Superior Universitário, órgão máximo de decisão da universidade. O professor Celson Canto Silva, integrante da Associação dos Professores da UERGS (Aduergs), avisa que a entidade já irá deixar claro que é contrária à gestão de uma OSCIP. Ele teme que a universidade perca a sua independência enquanto instituição pública, já que uma parceria envolveria interesses privados.

“Não concordamos com essa proposta. Em primeiro lugar, como a OSCIP não é um órgão governamental, não precisa necessariamente atender a alguma política pública. Apenas há metas a serem traçadas pelo governo, mas é algo muito tênue. Nós trabalhamos em uma universidade que tem como objetivo o desenvolvimento regional e a inclusão social. E não entendemos como essa missão pública será buscada pelas entidades privadas”, diz.

Celson lamenta que o governo estadual discuta a possibilidade de entregar a gestão da UERGS à iniciativa privada, logo agora que a instituição está se consolidando. Ele relata que novos professores foram contratados e mais concursos serão realizados ainda neste ano para aumentar o quadro de docentes. Além disso, Celson, que é professor do campus de Cachoeira do Sul, avalia que os cursos da universidade têm se desenvolvido muito desde a sua criação, em 2001.

O grande problema da universidade continua sendo o baixo investimento do governo estadual, que reduziu os orçamentos. No ano passado, ficou em torno de R$ 42 milhões. Para 2007, o orçamento deve baixar para cerca de R$ 36 milhões.

“A universidade hoje está reiniciando o seu quadro docente. Hoje temos 80 professores em definitivo, mais 42 professores aprovados nos últimos meses, com uma perspectiva de novos concursos, com provas marcadas para os próximos dias, resultando em 150 professores. Ou seja, praticamente a metade do seu quadro de docentes previsto desde sua inauguração, que é de 300. As unidades da UERGS estão em funcionamento com professores para ter vestibular e os cursos estão sendo reconhecidos. O que precisamos é de investimentos”, argumenta.

Na semana passada, a governadora encaminhou à Assembléia Legislativa o projeto de lei que regulamenta as OSCIPs e sugeriu 33 órgãos e fundações para participarem de parcerias com a iniciativa privada. Entre eles, além da UERGS, estão o Theatro São Pedro, a TVE, a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA) e a Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS).

Agencia Chasque