Ambulantes voltam ao centro de Taguatinga

Proibidos de vender mercadorias no centro de Taguatinga há mais de 60 dias, ambulantes reclamam da morosidade do governo em concluir as obras da ‘Feira popular de Taguatinga’.

Desde que o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi assinado pelo Ministério Público do Distrito Federal e a Administração Regional da cidade, os cerca de 470 feirantes estão sendo transferidos para uma área no Pistão Sul – localizada entre os supermercados Extra e Carrefour. Também insatisfeitos, os ambulantes de Ceilândia, que há dois meses trabalham no Shopping Popular da cidade, alegam que as vendas estão fracas. Por determinação do GDF, no Gama os feirantes serão retirados do centro da cidade e encaminhados para o Shopping Popular, que fica no Setor Norte.


 


O ambulante Remi Ribeiro, 33 anos, reclama que, desde que foi removido do centro de Taguatinga, ele e seus colegas não conseguem vender as mercadorias. “A Administração está devagar. O lugar ainda está bastante improvisado. Então, fica difícil atrair consumidores”, explica. O também vendendor Jurandi Alves Pereira, 66 anos, demonstra preocupação. “Não temos mais como esperar. São quase 60 dias parados e as contas estão chegando e vencendo”, diz. Ribeiro conta que a demora tem feito com que ambulantes trabalhem ilegalmente nos centros de Taguatinga. “Se todos viessem para cá e montassem seu tripé estaríamos vendendo. Mas o desespero tem feito com que muitos ocupem os centros”, afirma.


 


 


Para o presidente da Associação dos Ambulantes de Taguatinga, Antônio Neto Barbosa, a maioria dos feirantes está satisfeita com a mudança. “Estamos saindo da ilegalidade. Agora podemos contar com ponto fixo”, defende. No entanto, Barbosa avalia que os 60 dias sem venda têm preocupado a Associação. “Muitos deles estão no vermelho e, por isso, correndo atrás para sobreviver”, diz. Segundo o presidente da Associação, a demora foi conseqüência de um impasse entre a Administração e a Associação. “Tínhamos 480 ambulantes cadastrados, mas a Administração disse que só atenderia 400. Então, levamos muito tempo chamando um a um para entrevista. Muitos não compareceram e percebemos que eram pessoas que queriam aproveitar da situação”, afirma. Barbosa acredita que, até o final da tarde, os 400 camelôs ocuparão a feira. “Já tem alguns boxes prontos para negociação. Acredito que daqui a um mês estaremos funcionando a todo vapor”, completa.


 


Infra-estrutura


O diretor de serviços da administração de Taguatinga, Ubiraci Reis da Costa, rebate as reclamações dos ambulantes. “Já estão instaladas água, luz e a Brasil Telecom está implantando aos poucos os terminais de linha telefônica. Os ambulantes terão agora 30 dias para montar os boxes. Enquanto, isso eles podem usar seus tripés para não ficarem parados. Mas, após o prazo, só serão aceitos os boxes e, quem não se adaptar, perde a concessão”, explica. Costa conta ainda que a área tem banheiros químicos, que futuramente serão substituídos por fixos. “Toda mudança gera uma reação. Quando foi para ir para a Feira do Paraguai ninguém queria ir. Hoje, ninguém quer sair de lá porque se tornou um comércio nobre”, completa. Sobre o fraco movimento, Costa limitou a dizer “Serão alguns meses de sacrifício, mas eles colherão no futuro”, prevê o diretor.


 


Movimento pequeno


Já no Shopping Popular de Ceilândia, os boxes já estão montados e quase todos os 836 lugares ocupados. Mesmo assim falta freguesia. Com as vendas fracas, os ambulantes já até fizeram uma ‘vaquinha’ para pagar um carro de som para fazer a divulgação da feira, mas não deu muito resultado. O administrador da cidade, Adauri da Silva Gomes, explica que o governo custeará anúncios na TV assim que o shopping estiver todo pronto. Os camelôs ainda funcionam de forma improvisada. Eles deverão seguir uma estrutura padrão, que custará entre R$ 3,5 mil e R$ 5 mil a cada um. Os feirantes foram retirados do centro depois de ocuparem por mais de 20 anos o espaço. Após um incêndio no local em março deste ano, provocado por ligações elétricas clandestinas, o GDF resolveu dar um fim ao comércio.


 


Risco


A reportagem observou que, principalmente nos fins de semana, o movimento de ambulantes no Centro de Taguatinga voltou a ser intenso. Aos poucos, eles ocupam as áreas de onde foram retirados há dois meses. Eles comercializam DVDs, óculos, roupas, bolsas e produtos importados e disputam, aos gritos, os clientes que passam pelo local. Quando são surpreendidos por fiscais, eles saem e retornam mais tarde.


 


Um dos feirantes – que preferiu não identificar – explica que timidamente os vendedores estão voltando devido ao pouco movimento na ‘Feira Popular de Taguatinga’. “Ambulante tem que ficar onde tem gente, no meio do povão. Já tivemos uma queda de 50% nas vendas por termos que trabalhar em horários alternativos para fugir dos fiscais. Quando o fiscal fecha o olho, a gente encosta”, conta. O ambulante diz que já teve a mercadoria apreendida pela fiscalização. “A multa é de R$ 160. Muitos reclamam até que, de duas sacolas cheias, muitas voltam pela metade”, diz. O diretor de serviços da administração de Taguatinga, Ubiraci Reis da Costa, faz um alerta. “Os ambulantes que forem pegos vendendo produtos na rua serão cortados do direito a um box na Feira Popular”, avisa.


 


 


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