Aumento de desmatamento da Amazônia gera preocupação
O sistema de monitoramento do governo federal registrou aumento dos índices de desmatamento na região amazônica. Segundo dados oficiais, a derrubada – que foi controlada por três anos consecutivos – ganhou nova força em 2007 e, sem ações de controle, pode
Publicado 19/10/2007 18:33
Esses dados, na avaliação de parlamentares do PT da região amazônica, justificam a adoção de novas ações do governo federal para evitar a intensificação do desmatamento da região.
O deputado Anselmo de Jesus (RO) defendeu a implementação de ações como o fortalecimento da fiscalização do Ibama e a adoção de políticas públicas que estimulem as pessoas que agem em defesa da floresta. “É preciso compensar quem protege e defende a floresta, pois , hoje, quem desmata ganha dinheiro, mas quem cuida não é beneficiado,” afirmou.
Para o deputado Praciano (PT-AM), o governo deve colocar metas de recuperação das florestas, não apenas expor índices. De acordo com ele, a Amazônia tem que ser considerada uma região estratégica pelo governo brasileiro. “O governo deve liberar investimentos para a região, em setores como vigilância e pesquisa, e o orçamento da União deve ter recursos expressivos destisnados à Amazônia”, observou. Para o petista, os recursos devem contemplar também as Forças Armadas, para garantir a soberania da Amazônia e também o combate aos crimes contra a região.
Já o deputado Carlos Abicalil (PT-MT ) avaliou que se deve, primeiramente, distinguir o que é incêndio da prática ilegal de desmatamento, já que a área teve uma estiagem prolongada no período. Abicalil frisou a necessidade de transformar as florestas em ativo econômico, do ponto de vista da negociação de crédito de carbono ou na forma de incentivo de crédito para os produtores da região.
Na opinião de Abicalil, uma das principais ações para a contenção do desmatamento é o zoneamento econômico-social, que irá dialogar com as práticas da produção de biocombustíveis.
Plano emergencial
O Ministério do Meio Ambiente anunciou que, paralelamente a um plano emergencial para combater o surto de desmatamento, pretende concluir em fevereiro de 2008 um plano de controle do desmatamento para os próximos quatro anos. O objetivo é investir em alternativas econômicas para gerar emprego e renda na região, mantendo a floresta em pé.
Apesar de dizer que o acréscimo do desmatamento registrado neste ano não é muito significativo em número de hectares, o secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente (MMA), João Paulo Capobianco, reconheceu a necessidade de providências imediatas para conter o avanço da prática ilegal.
Segundo ele, o plano emergencial do governo federal contempla inspeções realizadas por equipes técnicas nos estados onde foi constatado aumento – Rondônia e Acre, além de Mato Grosso. “Essa ligeira alteração na curva, que eleva o desmatamento em alguns pontos, tem que ser vista como um sinal de que é preciso verificar onde está ocorrendo e quais são os agentes motivadores. Assim será possível corrigir os instrumentos de fiscalização e controle, evitando o aumento efetivo da taxa anual de desmatamento”, disse Capobianco.
Uma das possíveis causas do aumento do desmatamento é a recuperação do mercado de commodities. “Com a expectativa de lucro presente, as pessoas se arriscam mais”, disse o diretor de ações da Amazônia do Ministério do Meio Ambiente (MMA), André Lima. “Além disso, em 2008 há eleições municipais, que normalmente são acompanhadas pelo crescimento do desmatamento.”
No ano que vem, a intenção do governo é trabalhar com os cerca de 30 municípios amazônicos que derrubam mais. Entre 2008 e 2010, o ministério promete lançar mecanismos – especialmente financeiros – que promovam a exploração sustentada da floresta, além de exigir uma participação maior dos poderes estaduais e municipais para controlar a derrubada.
Queda – O governo federal tem comemorado a queda da taxa de desmatamento da Amazônia nos últimos anos, numa média de 30% em relação ao pico de 2004 – que atingiu 27.379 quilômetros quadrados, o segundo maior já contabilizado. Duas frentes principais do Plano de Combate ao Desmatamento, lançado há três anos, tiveram resultados positivos.
A primeira foram as ações de comando e controle, que desarticularam quadrilhas especializadas em grilagem e exploração ilegal da madeira. Isso segurou o corte indiscriminado e coibiu a prática. Outra foi a criação de unidades de conservação em áreas que sofrem grande pressão de grileiros e madeireiros, como a Terra do Meio, no Pará.
Especialistas e ambientalistas afirmavam que as medidas eram bem-sucedidas, porém de forma relativa. O lançamento do plano coincidiu com uma queda no preço das commodities, especialmente a soja.
Fonte: Agência Informes