Copa no Brasil trará transparência ao futebol, diz Orlando Silva
O ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB), afirmou em entrevista à Agência Brasil que a confirmação de que a Copa do Mundo de Futebol de 2014 será realizada no Brasil deve trazer uma série de benefícios ao esporte, como a necessidade de mais t
Publicado 27/10/2007 15:48
O ministro faz parte da comitiva que estará em Zurique, na Suíça, na próxima terça-feira (30), quando a Fifa (entidade que organiza o futebol mundial) irá anunciar se o Brasil será ou não a sede do Mundial de 2014.
Leia abaixo a entrevista:
Pela campanha que o Brasil fez até agora para sediar a Copa do Mundo de 2014, pelas impressões expressas pelos inspetores da Federação Internacional de Futebol (Fifa) que vieram ao Brasil, qual expectativa para a próxima semana?
Nossa expectativa é de que no próximo dia 30 o Comitê Executivo da Fifa anuncie que a Copa do Mundo de 2014 será no Brasil. Isso é uma homenagem à torcida brasileira, que é apaixonada por futebol, e ao futebol brasileiro, que é o único pentacampeão do mundo. É uma homenagem à América do Sul, estamos sendo brindados pelo rodízio entre os continentes e todos os países da região apóiam a candidatura brasileira.
Quando será definido em que cidades brasileiras serão realizados os jogos?
Dezoito capitais estão interessadas e inscritas no projeto que foi apresentado à Fifa pela Confederação Brasileira de Futebol. Entre as 18 terão que ser escolhidas dez ou 12. Falo esse número por que existe uma idéia original da Fifa de serem dez as cidades sede de jogos e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), com nosso apoio, tem argumentado que seria importante que fossem 12, já que o Brasil é um país continental. As 18 cidades estão definidas e, a partir de inspeções realizadas pela Fifa no ano que vem, é que na eventualidade de o Brasil ser confirmado como sede, a Fifa decidirá quais serão as 12 premiadas.
O Brasil é candidato único. O senhor acredita que se for o escolhido isso pode dar margem a interpretações de que o país só irá sediar a Copa do Mundo de 2014 por que não teve concorrentes?
Creio que não. O Brasil é candidato único porque, de acordo com rodízio da Fifa, a Copa deve ser realizada na América do Sul, e a região inteira chegou à conclusão de que era justo o Brasil sediar. A Colômbia chegou a apresentar sua postulação. Com os debate feitos em nossa região decidiu-se que era melhor que todos unificassem em torno do Brasil. Na verdade, o que os países da América do Sul fizeram foi uma homenagem ao nosso futebol.
Em relação à estrutura, o que é necessário para tornar possível a realização da Copa do Mundo no Brasil em 2014?
O Brasil poderá usar algumas arenas existentes com reformas e adequações e outras serão construídas. Isso vai preceder a definição das cidades que realizarão os jogos e algum investimento terá que ser feito na área de transportes, aeroportos, rede hoteleira, infra-estrutura de telecomunicações, segurança pública, transporte urbano. Decidida a Copa no Brasil, fixadas as cidades sedes, tudo isso exigirá um plano meticuloso para a garantia do sucesso pleno. E o importante é que tudo aquilo que for construído, reformado, investido nas cidades sedes, ficará para o país depois da Copa.
Quem arcaria com esses custos, o governo, a iniciativa privada ou ambos?
Funções que são típicas de Estado podem ser responsabilidade de prefeituras, estados e do Governo Federal. Temas como segurança, logística, estradas, aeroportos, são matérias que merecem uma atenção direta por serem atividades tipicamente públicas. Teremos a participação da iniciativa privada, por exemplo, na rede hoteleira, com o investimento para a expansão de leitos, nos estádios. Aí teremos investidores privados para construir ou reformar. Já fomos procurados por várias empresas interessadas em participar de investimentos no Brasil para o projeto da Copa. Empresas do Brasil e também de outros países.
Durante os Jogos Pan-Americanos houve destaque para o esporte como um meio de transformação social, de ensinar aos jovens valores como disciplina e determinação. O senhor acredita que um evento como a Copa do Mundo, se realizada no Brasil, poderá ter essa interface social?
Seguramente, até por que o futebol é uma modalidade que tem um apelo muito grande junto às camadas mais desfavorecidas da sociedade brasileira e até alimenta o sonho de ascensão social para muitas crianças e jovens. Temos que ter capacidade de associar essa movimentação em torno da Copa com projetos sociais, valorizando o futebol como uma forma de educação, de formação para a cidadania, criando mecanismos de vivência esportiva e utilizando-a para melhor formar as futuras gerações.
Que tipo de retorno um evento como esse pode trazer para o Brasil?
A Copa do Mundo da Fifa no Brasil, por ser um dos maiores eventos internacionais, é uma plataforma única de promoção do país no exterior. Um resultado imediato é o incremento do turismo, a divulgação do Brasil no mundo e isso gera emprego. De outro modo, a realização dessa Copa exigiria uma séria de investimentos, o que vai gerar empregos no interior do Brasil em várias áreas que lidem com temas como o da infra-estrutura. A Copa do Mundo também pode ser uma oportunidade para que o futebol brasileiro aproveite o ambiente criado, as instalações que ficarão disponíveis depois e se modernize. Aposto que a Copa pode ser o ideal para o Brasil se referenciar na modernização de seu futebol, respeitando os direitos de seus torcedores, valorizando nossos atletas, protegendo os clubes formadores e tendo uma gestão de clubes e campeonatos mais transparente e mais profissional.