Trabalhadores do RS lançam manifesto por nova central – classista e democrática – nesta sexta-feira
Delegações de mais de 150 sindicatos e representantes de diversas Federações de trabalhadores de todo o estado devem estar presentes na plenária estadual de lançamento do manifesto pró-central classista e democrática, que realiza-se nesta sexta-feira (
Publicado 07/11/2007 21:07 | Editado 04/03/2020 17:12
São esperadas 300 lideranças na atividade que é organizada pelo movimento pró-central classista e democrática. Com o nome provisório de Central dos Trabalhadores do Brasil – CTB, o movimento surgiu a partir da saída de centenas de organizações da Central Única dos Trabalhadores (CUT), de federações urbanas e rurais e sindicatos independentes. No Brasil, aproximadamente 25% dos sindicatos que hoje fazem parte da CUT deverão migrar para a nova central.
Representatividade
Entre os organizadores do evento no estado estão a FETAG RS, que reúne cerca de 350 sindicatos rurais na base; a FECOSUL (Federação dos Comerciários do RS), que representa cerca 300 mil trabalhadores no comércio gaúcho e tem 45 sindicatos filiados; a Federação dos Rodoviários do RS, que conta com mais de 100 mil trabalhadores na base; a Federação dos Trabalhadores do Asseio e Conservação, com cerca de 30 mil trabalhadores na base; e, a Federação dos Movimentadores de Mercadorias do RS, com cerca de 10 mil trabalhadores na base. Entre os principais sindicatos participantes estão o Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul, que tem cerca de 46 mil trabalhadores na base; o Sindicato dos Sapateiros de Campo Bom que representa 8,5 mil trabalhadores; e o Sindicato dos Trabalhadores na Panificação de Porto Alegre. Também estarão presentes lideranças de servidores públicos, bancários e de diversas outras categorias. A plenária ocorre após intensa mobilização e debates realizados em todas as regiões do estado.
Para o presidente da Fecosul, Guiomar Vidor, da coordenação do movimento, o objetivo é que a central seja orientada por princípios classistas ''de defesa intransigente dos interesses imediatos e futuros da classe trabalhadora; uma organização unitária, democrática e plural''. Ainda, segundo ele, a idéia é contemplar o conjunto de organizações que atuam no sindicalismo nacional, sem hegemonismos. ''Com a nova central queremos expressar a unidade dos trabalhadores urbanos e rurais; uma entidade decididamente autônoma e independente, frente ao capital, a governos e partidos políticos'', frisou.
''A representatividade na CTB no RS deverá ser grande. A Central terá presença dos trabalhadores rurais e industriais, além dos prestadores de serviços, funcionalismo público e profissionais liberais. Significará na prática a unidade dos trabalhadores do campo e da cidade, antigo sonho dos classistas'', declarou Vidor.
O Brasil que os trabalhadores querem
Nesta sexta-feira, durante a plenária estadual, será discutida a visão dos trabalhadores sobre o projeto de desenvolvimento para o Brasil, sob uma ótica classista. ''Vamos discutir uma nova concepção de central. Estamos defendendo a unidade dos trabalhadores em um novo patamar, mais elevado. Não se trata de disputar com outras centrais'', destacou o presidente do Sindicato dos Sapateiros de Campo Bom, Vicente Selistre. Segundo ele, a nova central defende uma nova Conferência da Classe Trabalhadora (Conclat), que unifique as centrais sindicais em torno de um projeto unitário de país soberano e democrático.''Com uma nova Conclat queremos debater e construir a unidade da classe trabalhadora em torno da defesa de um projeto de desenvolvimento para o Brasil, com soberania, valorização do trabalho e direitos sociais. Além disso, reforçar os princípios que orientam a atividade sindical, como a democracia, a transparência e a participação da base''. Ele afirmou ainda que, apesar da existência de várias centrais, os classistas defendem a unicidade sindical na base.
Para Elton Roberto Weber, Presidente da FETAG RS, e membro da coordenação do movimento pró-central classista e democrática, seguindo as diretrizes nacionais, a CTB será democrática, classista e independente dos patrões, de governos, dos partidos. ''Uma central de luta, sem hegemonismo desta ou daquela corrente política. Uma central que defenda os avanços para uma sociedade mais justa como perspectiva da classe trabalhadora e que coloque as mulheres no mesmo patamar que os homens''. Afirmou ainda que o movimento está sintonizado com uma necessidade atual dos trabalhadores e do povo. ''As mudanças são sinal de que uma nova conformação está se configurando no movimento sindical do país. Para o sindicalismo classista, os trabalhadores têm oportunidade de construir um novo rumo, onde os sindicatos intensifiquem suas lutas por direitos e conquistas sociais sem perder de vista a importância de sua autonomia perante patrões e governo''.
Renovação, representatividade e ampliação da luta
Outra importante liderança sindical do RS, que participa do movimento, é o Presidente da Federação dos Rodoviários do RS, e vereador em Pelotas, José Inácio de Jesus, ''o Zéquinha''. Para ele é imprescindível a renovação e o aumento do protagonismo da classe trabalhadora na luta política e no movimento social, ''de forma a quebar a resistência das forças conservadoras e abrir caminho para transformações mais profundas e contra as precarizações dos direitos trabalhistas. A central classista nasce com a certeza de que poderá contribuir, e muito, neste sentido'', declarou. Disse ainda que a nova central se propõe ao debate sobre o novo papel dos dirigentes e da estrutura do movimento sindical brasileiro, ''que tem o desafio histórico de aumentar a representatividade e a capacidade de mobilização''. Salientou que outro aspecto defendido pelos classistas é a valorização e apoio às lutas dos movimentos sociais e de segmentos da sociedade, como a luta das mulheres, negros, meio ambiente, diversidade sexual, movimento cultural e trabalhadores desempregados.
Lideranças nacionais
A plenária contará com a presença de lideranças da coordenação nacional do movimento pró-central classista e democrática. Entre eles a do metalúrgico e ex-dirigente da CUT nacional, Pascoal Carneiro que é da CSC (Corrente Sindical Classista); do Presidente da FETAEMG, Vilson da Silva; e do trabalhador em educação do RJ, Joilson Cardoso, da SSB (Sindicalismo Socialista Brasileiro).
Aprovação de bandeiras de lutas imediatas
A plenária, além de debater os princípios e linhas de atuaçao da nova central, deverá aprovar algumas bandeiras de luta e mobilização para os trabalhadores gaúchos. Entre as principais estão:
– Pela não retirada de direitos dos trabalhadores na Previdência;
– Pelo fim do Fator Previdenciário;
– Contra o ''Tarifaço'' e o desmonte do estado promovido pelo Governo Yeda
– Pela redução da jornada para 40 horas, sem redução de salarios
– Novo modelo agrícola, com efetiva reforma agrária e prioridade à agricultura familiar – Defesa do desenvolvimento nacional, com soberania e valorização do trabalho – só com direitos a mais, e nenhum direito a menos.
Lançamento nacional
O congresso de fundação da nova central está marcado para os dias 12, 13 e 14 de dezembro, em Belo Horizonte. Participarão confederações e federações e mais de mil sindicatos. O Rio Grande do Sul deverá enviar 80 representantes ao evento.
SERVIÇO:
Plenária Estadual do Movimento Pró-Central Classista e Democrática
Data: dia 9 de novembro, sexta-feira
Horário; às 8h30
Local: Rua Santo Antonio, 121 – Centro, Porto Alegre/RS.
Auditório da FETAG RS
De Porto Alegre
Clomar Porto