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Polícia conclui que Padre Júlio Lancellotti sofreu extorsão

O caso de extorsão denunciado pelo ativista dos direitos humanos, padre Júlio Lancellotti, está esclarecido para a polícia, segundo o delegado André Luiz Pimentel, titular do Setor de Investigações Gerais (SIG) da 5º Delegacia Seccional. Mesmo assim, o ju

O inquérito policial será encaminhado à Justiça e poderá virar ação penal. Hoje deverá ser ouvido um porteiro do edifício na Praça da Bandeira, região central, onde fica o apartamento em que Anderson, Conceição e Evandro foram presos no dia 26 de outubro.


 


Para o delegado, há provas que demonstram a extorsão praticada pela quadrilha e, principalmente, indícios de que Anderson e Conceição, sem ocupação definida nem profissão, passaram a viver com bens fora dos padrões normais. Entre esses bens está a Mitsubishi Pajero, no valor de R$ 67 mil, vários equipamentos eletrônicos, que somam mais de R$ 30 mil, além de outros carros relacionados pelo próprio Anderson à polícia.


 


A conclusão da polícia toma por base o testemunho do padre; as gravações de ligações telefônicas com conversas entre o religioso, Anderson e Conceição; e a apreensão da Pajero e dos equipamentos eletrônicos no apartamento – que comprovam a vida de luxo que o casal levava nos últimos três anos.


 


Denúncias anteriores e os bens ostentados pelo casal fizeram a polícia solicitar à Justiça a quebra de sigilo fiscal de Anderson nos últimos dois anos. Também foi pedido ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) – braço do Ministério da Fazenda especializado no combate à lavagem de dinheiro – o rastreamento das movimentações financeiras dos dois.


 


O advogado Nelson Bernardo da Costa disse que entrou ontem com pedido de revogação da prisão de seus quatro clientes. Para Costa, a extorsão não está caracterizada e não há provas de que o padre tenha sido forçado a dar dinheiro ao grupo em troca de alguma coisa.


 


Solidariedade


 


Inúmeros movimentos sociais se solidarizaram com o caso do Padre Júlio nas últimas semanas.


 


Para os movimentos, a mídia realizou um verdadeiro apedrejamento ao padre em função de sua ativa mobilização nas entidades que defendem os direitos humanos no Estado de São Paulo.


 


Questões como a chacina de mendigos ocorrida na Praça da Sé, centro da capital, o fim das rampas anti-mendigos na cidade, entre outras, fazem parte das inúmeras ações desenvolvidas pelas entidades em que o padre atua.


 


Segundo os movimentos, setores mais conservadores da elite paulista teriam criado um factóide para tentar incriminar o padre em função de seu ativismo.


 


“Tenho a impressão de que o crime do Padre Júlio é estar ao lado dos mais fracos e marginalizados. Seu maior crime é ser uma pedra no sapato dos que desrespeitam os direitos humanos. O ataque a sua imagem e de seu trabalho social objetiva o seu descredenciamento e das entidades a ele relacionadas na defesa dos direitos humanos em São Paulo”, declarou Gustavo Petta, ex-presidente da UNE em seu blog na última terça (6).