Crescimento: PCdoB vive um círculo virtuoso
O reposicionamento político do PCdoB, este ano, abriu caminho para um aprofundamento da estruturação partidária que pode ser considerado excepcional. O partido vive, hoje, um círculo virtuoso, conseqüente de um verdadeiro “destampar da panela” que, com
Publicado 20/12/2007 14:25
Hoje, o partido alcançou um novo marco em sua relação com a sociedade brasileira e com o mundo político, sendo visto como um partido aberto, superando a imagem pública anterior. Expressão disso é o fato de o PCdoB fechar o ano com um número de filiados que supera a marca histórica só alcançada em 1945, quando tinha cerca de 200 mil filiados, e a forte expansão do partido pelo interior do país.
Conferências municipais e estaduais
O balanço das conferências é extremamente positivo. Pela primeira vez o partido atingiu de fato as metas traçadas de mobilização, expressão desse reposicionamento.
Os dados objetivos são eloqüentes: 228 mil filiados (crescimento de 27% em relação ao ano anterior), com forte crescimento em relação à mobilização para o 11º Congresso, de 2005: 90,7 mil militantes mobilizados (crescimento de 32%), 1.728 conferências municipais (crescimento de 27%), e mais de 500 outras comissões provisórias sem conferências, mas com possibilidades de lançamento de candidaturas. Começou a implantação da Carteira Nacional de Militante, atingindo 15 mil emissões.
Outro marco: as mulheres já constituem 31% das direções estaduais, cumprindo a norma aprovada na 1ª. Conferência Sobre a Questão da Mulher e pelo Comitê Central.
É notável, ainda, a forte expansão do PCdoB no Nordeste, no Sul e Sudeste. O partido cresceu assim: mais de 100% no Maranhão; entre 75% e 100% na Bahia, Sergipe e Rondônia; entre 50% e 75% em Alagoas, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina; entre 25% e 50% no Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul; até 25% no Amazonas, Piauí e São Paulo.
Houve decréscimo no Acre, Amapá, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Pará e Tocantins. Dessa forma, consideradas as várias regiões brasileiras, no centro-oeste foi onde houve diminuição relativa e absoluta.
Isso tudo é bastante expressivo, tendo ocorrido num prazo concentrado, de apenas um ano. Mas dá seqüência a um ciclo de expansão mais duradouro, que, com diferentes características, abarca todo o período desde a redemocratização e a legalidade em 1985. Agora, o partido está diante do maior impulso, comparável ao período pós-1945. O PCdoB maturou e colhe os frutos de sua orientação política essencialmente ligada à luta por um projeto nacional de desenvolvimento, integrante e identificado com a onda progressista que modifica para melhor a vida de milhões de brasileiros.
Defasagens
Mas é preciso ter cuidado com os riscos de uma visão baluartista e ufanista pois, mesmo não sendo mais um partido pequeno, o PCdoB ainda tem dimensão aquém do necessário ao seu objetivo político nesta quadra histórica, particularmente no tocante à representação política e na influência cultural-intelectual. Seu trunfo é sua forte ligação com os trabalhadores, com a luta social, e seu caráter militante e unitário.
Nesse sentido, alguns dados qualitativos podem ajudar a identificar melhor possíveis gargalos do mosaico partidário pelo país, onde se registram importantes (e novas) defasagens: há um grande diferencial no nível de estruturação dos comitês estaduais; há situações que se tornaram crônicas em termos de estagnação partidária; há acompanhamento espontâneo ou de certa frouxidão junto aos municipais; há carências materiais fortemente limitadoras; a vida partidária é relativamente frouxa quanto à ativação e retenção militante; a cultura político-institucional ainda carece de ser reforçada em alguns estados. E resta a situação de que há uma grande maioria da militância ainda muito nova, carente de formação política e ideológica e também de maior grau de estruturação pela base.
A gestão do crescimento partidário
Pode-se dizer que o crescimento é um dado já incorporado à cultura partidária, cada vez mais sujeito ao fluxo político e posicionamentos partidários, e pode indicar um ritmo ampliado de expansão para 2008.
Tudo somado, há um problema relativamente novo: a grande questão é a correta gestão do crescimento partidário, no sentido de fazer o PCdoB efetivamente conhecido por todo o povo e pelos trabalhadores, dar força à ação política e assegurar o caráter de seu projeto político e de sua organização.
O novo discurso frente a essa situação, construído no âmbito do Comitê Central, norteia um plano de ação política, ideológica e organizativa sobre essa realidade:
“A maior exigência neste momento é dotar o PCdoB de mais vida partidária, no sentido de valorizar mais e melhor a militância, revitalizar a necessária vida regular de suas organizações (…) imprimir maior espírito militante ao trabalho partidário (…) organizar em nova escala a atividade militante. Ninguém sem tarefas no partido (todos devem ter um lugar definido na ação política), todos os quadros devem se ocupar da vida partidária, de sua construção e reforço das direções, seguir consolidando ampla rede de quadros intermediários para ligação entre direções e bases militantes”.
A CNO elaborou seu planejamento estratégico para 2008, ainda em fase de finalização. Os temas da organização a enfrentar em 2008 foram assim definidos em torno de três grandes objetivos:
A) Consolidar abertura do PCdoB à sociedade.
– Buscar crescimento qualitativo, que é multiplicador, na frente política (embora limitado para os detentores de mandatos, pode se aplicar também a quadros políticos que atuam em governos); nas frentes cultural, artística, esportiva; no movimento social, especialmente trabalhadores e juventude (via Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB – e Congresso da UJS); nas mulheres em geral.
B) Elevar o zelo com a vida partidária, que define mais particularmente os objetivos do trabalho de organização:
– Desenvolver e consolidar o sistema de direção.
– Fomentar a regularidade da vida partidária: cada militante com seu lugar no trabalho partidário, em todos os níveis, sobretudo na base.
– Valorizar a militância, estabelecer liames mais efetivos entre os militantes em seu trabalho cotidiano.
– Consolidar em toda a linha a institucionalidade partidária como via de uma vida partidária regular, com base no novo Estatuto.
C) Elaborar e pôr em prática sistemática uma nova política de quadros.
* Informação apresentada pelo Secretário Nacional de Organização à reunião da Comissão Política Nacional realizada em 17 de dezembro de 2007