Para Lula, Evo Morales “é vítima de preconceitos”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva saíu em defesa do presidente boliviano Evo Morales, afirmando que este é “vítima de preconceitos”, mas conquistará apoio com a promoção de políticas sociais. “Quando o Evo era deputado, não podia andar na rua p
Publicado 20/12/2007 20:48
“Um país onde 90% é de origem indígena não pode ter um governante de olhos verdes e que fala inglês”, salientou Lula. E previu que as políticas sociais na Bolívia farão com que Evo Morales conquiste também o apoio da classe média.
Lula afirmou que não existem divergências entre ele e Evo Morales em relação ao gás boliviano, embora “todos” apostassem que haveria uma “guerra” entre os dois países. E defendeu o acordo desta segunda-feira (17) para que a Petrobras voltasse a investir no país vizinho. “Eu disse para o Evo que ia ser muito ruim para as relações Bolívia e Brasil, para mim e para você, não ter acordo”, disse.
Nesta segunda-feira, a Petrobrás anunciou investimentos de US$ 750 milhões na produção de gás na Bolívia. Trata-se do maior investimento estrangeiro no país desde a nacionalização das reservas de petróleo e gás, anunciada por Evo no 1º de Maio de 2006. O anúncio foi feito durante visita de Estado de Lula a La Paz, em um gesto de apoio ao governo Evo, que enfrenta sua pior crise em dois anos de mandato.
A crise política boliviana agravou-se no último dia 15 quando os governantes dos quatro departamentos da parte leste do país (Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando), ligados à oposição conservadora, proclamaram unilateralmente a “autonomia” das unidades administrativas que administram. A região da chamada Meia Lua, fronteiriça com o Brasil, possui as maiores jazidas bolivianas de gás e petróleo.
A crise tem também um componente étnico, já que a elite da Meia Lua orgulha-se também de ser a mais branca de um país de maioria indígena e mestiça. Evo, que venceu as eleições presidenciais de 2005 no primeiro turno, é da etinia Aymara. Sua chegada à chefia do Estado, sem precedentes em 500 anos de história, gerou forte reação deste setor, que não aceita a proposta de Constituição democrático-radical e se recusa até a participar do referendo que dará no ano que vem a palavra final sobre a nova Carta.
Da redação, com agências