Surfe como opção de trabalho
Quem vê a criançada no mar, “pegando” onda, pensa que tudo não passa de mera diversão, quando, na verdade, o surfe vem se tornando uma opção de vida no Pirambu. Há quase uma década, o projeto Surfando com Cidadania aposta no esporte como ferramenta de tra
Publicado 24/12/2007 18:40 | Editado 04/03/2020 16:36
Assim como outras 241 entidades cearenses, a Associação Leste-Oeste Surf Club do Pirambu foca suas ações para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Foi observando os meninos na praia, surfando com tábuas de madeira, que o policial civil e surfista Fábio Galvão resolveu dar a sua contribuição. “Eles só querem uma oportunidade para sair da ociosidade”, frisa ele.
Os 40 meninos e meninas inscritos no projeto praticam surfe na praia da Kartódromo, todos os dias, e ainda têm aulas de fabricação de pranchas, ou curso de “shaper”, de acordo com a nomenclatura do esporte. Nos últimos seis anos, o projeto recebeu impulsos com a formação de parcerias. Do Ministério do Trabalho, eles receberam o material para a fabricação das pranchas; da Prefeitura de Fortaleza, a sede e do Governo do Estado, bolsa esporte para 15 meninos.
“Nossa missão é socializar, profissionalizar e integrar os jovens à sociedade, porque eles estão excluídos”, explica Fábio Galvão. Em breve, com a reforma da nova sede, a fábrica de pranchas funcionará em regime de economia solidária e será coordenada pelos jovens que estão no projeto há mais tempo. Com essa perspectiva, o projeto tenta oferecer um futuro realmente promissor para meninos como Antônio Keison da Silva Barbosa, de 10 anos.
O garoto mora em uma casa pequena no Pirambu, com a mãe, a avó, irmãos e primos. Ele nem sabe ao certo quantas pessoas moram com ele e para antes do projeto, pedia dinheiro no sinal. “Quando crescer quero ser surfista, mudar de casa e ajudar a minha família”, prevê o menino que, segundo os amigos, é um dos mais estudiosos da turma e tem grandes chances de ser “doutor”.
Mas, ele reafirma o sonho de infância e se envergonha de confessar que pediu dinheiro na rua. Mais que enfrentar o mar, os jovens terão que superar seus desafios.
Fonte: Diário do Nordeste