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Cuba confirma início de reforma gradual no sistema socialista

A direção cubana confirmou o início de uma reforma gradual no sistema socialista, voltada para o estímulo à produção agrícola e incluindo em sua agenda as carências da economia popular, a rejeição do ''triunfalismo'' nos meios de comunicação, a exigên

O presidente em exercício, Raúl Castro, falou das mudanças na sessão ordinária do Parlamento. Como antecipara em julho passado, disse que o processo requer consenso e será lento. ''Todos gostaríamos de marchar mais depressa, mas nem sempre é possível'', afirmou.

Na abertura da sessão, o presidente da Assembléia Nacional, Ricardo Alarcón, leu uma mensagem de Fidel Castro (clique aqui para ver a íntegra, em  Mensagem de Fidel compara EUA a ''Gigante de Sete Léguas''), licenciado há 17 meses de suas funções. O presidente disse que leu previamente o discurso de seu irmão Raúl e anunciou aos deputados: ''Erguerei minha mão junto com as de vocês, para apoiá-lo.''

As duas intervenções mostram o interesse do líder cubano e do presidente em exercício em transmitirem a mensagem de que continuam a atuar articulados entre si, como têm feito durante mais de meio século.

Raúl Castro citou como fator protagonista do processo os fóruns populares de setembro e outubro deste ano, que trataram da questão econômica e social. Mais de 5 milhões de pessoas participaram deles e ao final se registrou mais de 1,3 milhão de propostas.

Sobre a agenda das mudanças, Raúl disse que se busca ''com urgência'' que a terra seja trabalhada por quem produza ''com eficiência, seja apoiado, reconhecido socialmente e receba a recompensa material que merece''. Declarou também que o crescimento deve ''se refletir ao máximo na economia doméstica, onde estão presentes carências cotidianas''.

Raúl afirmou que se pretende ''eliminar a tendência nociva ao triunfalismo e à complacência'' nos meios de informação e garantir que os funcionários prestem contas regularmente de sua gestão, com ''realismo, de forma diáfana, crítica e autocrítica'', e propiciem o ambiente para que os demais falem ''com absoluta liberdade''.

O irmão de Fidel reforçou as críticas ao ''excesso de proibições e medidas legais que trazem mais dano que benefício. Poderíamos dizer da maior parte que foram corretas e justas no seu momento, mas não poucas delas foram superadas pela vida''.

Embora sem entrar em detalhes, Raúl fazia menção à densa rede de normas sobre a vida cotidiana, que vão desde a ilegal proibição de que cubanos se hospedem em hotéis pagos em divisas, ou comprem celulares, até as extensas regulamentações sobre moradia, posse de carros ou viagens ao exterior.

O orador assinalou que o governo deve ajustar sua gestão para torná-la mais organizada e coerente em seus diversos níveis, fixar prioridades e usar racionalmente os recursos, em busca da eficiência e produtividade.

Em sua mensagem, Fidel Castro recordou uma declaração sua na semana passada, sobre seu desapego a aferrar-se ao poder. ''Posso acrescentar que o fui, por um tempo, por excesso de juventude e escassez de consciência''. Agregou que foi mudando com o passar do tempo e o estudo ''de Martí e dos clássicois do socialismo. Quanto mais eu lutava, mais me identificava com esses objetivos, e muito antes do triunfo já pensava que meu dever era lutar por eles ou morrer no combate.''

Fidel Castro, aos 81 anos de idade, não descartou sua possível reeleição como chefe de Estado e de governo.

Fonte: La Jornada, México (http://www.jornada.unam.mx)