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Gaza vive em condição aberrante, diz comissária da ONU

Israel deve colocar fim às restrições para a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, ajudando a melhorar as “condições aberrantes” em que se encontram os habitantes da região, disse hoje Louise Arbour, comissária para direitos humanos da Organiz

 



“A população de 1,4 milhão de pessoas em Gaza vive em condições aberrantes”, disse a comissária em um encontro de emergência de 47 membros do Conselho de Direitos Humanos da ONU, convocado por Síria e Paquistão, e apoiado por outros 20 países. Israel impediu a circulação da maioria dos bens e pessoas entre a fronteiras de Gaza há uma semana, em resposta ao lançamento de foguetes em seu territórios por militantes palestinos.



O primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), Salam Fayyad, também afirmou hoje que a situação em Gaza é “muito perigosa” e pediu a abertura de todas as passagens fronteiriças, fechadas por Israel.



“Não se pode manter a situação de Gaza, não se pode manter o sofrimento das pessoas nem condená-las a viver abaixo dos mínimos”, afirmou, depois de se reunir em Berlim com o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Frank-Walter Steinmeier.


Fayyad destacou que a abertura das passagens fronteiriças de Gaza não só é «necessária e urgente», mas deve ser feita oficialmente e no âmbito dos “esforços que devem ser realizados em conjunto para assegurar que o processo de paz dê resultados”.


“A situação em Gaza é muito perigosa. Manter 1,5 milhões de pessoas nas actuais condições só pode gerar mais violência”, disse.


“Melhorar as condições de vida nos territórios palestinianos é melhorar as condições de segurança, é prevenir violência e ganhar em credibilidade”, salientou, por sua vez, o ministro alemão, que destacou a visita de Fayyad com uma iniciativa intitulada “Futuro para a Palestina”.


 
Condenação na ONU



O bloqueio foi levemente levantado ontem quando Israel transferiu combustível para que a única usina de Gaza voltasse a funcionar. Desta forma, Israel tenta disfarçar para a opinião pública internacional a ação de verdadeiro terrorismo de estado que promove contra o povo palestino. Países árabes e muçulmanos propuseram uma resolução condenando a ação militar israelense em Gaza e na Cisjordânia, pedindo o fim do bloqueio e ação internacional para proteger civis palestinos.



Autoridades chinesas, russas e européias pediram que os dois lados parem com a violência e esperam que as restrições à entrada humanitária sejam suspensas. Diplomatas americanos e israelenses não participaram da sessão de emergência do conselho – a quarta para discutir a situação de Israel desde que ele foi criado, há dois anos. A reunião foi adiada para amanhã, quando os membros do conselho devem votar a resolução proposta, condenando Israel.


 


Não-alinhados também condenam Israel



Na quarta-feira (22), o Movimento dos Países Não-Alinhados já havia condenado, no Conselho de Segurança, os ataques de Israel contra a população civil palestina na Faixa de Gaza, fundamentalmente o mais recente deles, que deixou um saldo de 19 óbitos e 50 feridos.



O embaixador cubano Isidoro Malmierca, presidente do Bureau de Coordenação dos Países Não-Alinhados, falou na reunião de emergência a pedido deste Movimento, da Liga de Estados Árabes e da Organização da Conferência Islâmica.”Esta situação suscita grande preocupação no Movimento dos Países Não-Alinhados, uma vez que tais ações ilegais por parte de Israel provocaram a morte de mais de 150 civis palestinos, inclusive, de crianças e mulheres, no último mês meio”, manifestou o diplomata.



Além disso, ressaltou que a escalada violenta de Israel constitui uma grave violação do direito internacional, inclusive, do direito internacional humanitário e o referente aos direitos humanos, e exacerba o ciclo de violência.



O embaixador sublinhou que tais agressões põem em perigo a paz e a segurança internacionais, bem como o fraco processo de paz entre ambos os países.



Em sua intervenção no organismo da ONU, o presidente do Bureau de Coordenação dos Países Não-Alinhados assinalou que ações desse tipo agravam a lamentável situação humanitária na Faixa de Gaza.



“A população civil de Gaza continua submetida a uma cruel ocupação”, expressou Malmierca.



Também se referiu ao acirramento do bloqueio aos territórios palestinos ocupados, a ponto de impedir a entrega de alimentos à população desde 18 de janeiro passado.



Acrescentou que Israel insiste na redução dos fornecimentos de combustíveis à Faixa de Gaza, eliminando o fornecimento usina principal, em 20 de janeiro passado.



Malmierca fez um apelo para o Conselho de Segurança exortar Israel a suspender o bloqueio para permitir o acesso de alimentos e remédios.



Devem tomar-se medidas urgentes para garantir a entrada de provisões essenciais, bem como o restabelecimento do fornecimento de combustível na Faixa de Gaza, destacou.



O Movimento dos Países Não-Alinhados exortam a comunidade internacional, especialmente o Conselho de Segurança a cumprir suas responsabilidades, exortando Israel ao cessar imediato das violações e a acatar suas obrigações internacionais.


 


Da redação,
com agências