Protesto contra violência e por moradia marca Dia de Ação Global em Salvador
A idéia de que um outro mundo é possível mobilizou diversas entidades do movimento social durante a manhã de sábado (26/01) em Salvador. Os militantes chegaram cedo para participar da manifestação contra o despejo de 187 famílias que ocupam o edifíci
Publicado 28/01/2008 20:55 | Editado 04/03/2020 16:21
Faixas, cartazes e carros de som já não suficientes para chamar a atenção da sociedade. Por isso, cem bonecos sujos de sangue e um caixão foram colocados no meio do protesto, simbolizando o número de mortes violentas na cidade, apenas nos primeiros vinte e cinco dias do ano. Destes mortos, a imensa maioria é de jovens, negros e moradores de bairros periféricos. A polícia, que deveria proteger, figura com suspeita de muitos destes assassinatos. “Os exemplos são muitos, mas podemos citar a morte de três adolescentes e um jovem na última semana, todos vítimas de ações policiais mal sucedidas. Precisamos dar um basta na violência institucionalizada contra os mais pobres”, afirmou Adilson Araújo, coordenador estadual da Central dos Trabalhadores do Brasil.
O apelo forte chamou atenção de transeuntes e motoristas que passavam pela Rua Carlos Gomes. A via é uma das mais movimentadas do centro da cidade e foi interditada durante cerca de 30 minutos pelo protesto. Nos cartazes, os apelos das famílias que temem a volta para a rua, caso a Justiça cumpra a liminar da juíza da 21ª Vara Cível, Lígia Maria Cunha Lima, solicitando a desocupação do edifício Lord. A coordenadora do MNLM, Cirlene Santana, espera uma “ampla repercussão do protesto no sentido de alertar o Governo a intervir na mediação deste conflito que atinge cerca de 220 pessoas, incluindo crianças e idosos”.
Alternativa ao neoliberalismo
O Dia de Mobilização e Ação Global substitui em 2008 o Fórum Social Mundial, que acontece todos os anos em paralelo ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. A descentralização das atividades foi a forma encontrada pela organização do FSM para incluir um maior número de pessoas nas discussões de alternativas às políticas neoliberais que dominam o mundo, gerando violência, exploração, exclusão, pobreza, fome e o aquecimento global.
No sábado, 26/01, aconteceram manifestações em 72 países. Só no Brasil, pelo menos 19 cidades realizaram algum evento para marcar a data. Proposto originalmente como alternativa ao Fórum Econômico Mundial, o FSM é um evento organizado por movimentos sociais com o objetivo de celebrar a diversidade, discutir temas relevantes e buscar alternativas para questões sociais. O encontro é realizado desde 2001 e o próximo deve acontecer em janeiro de 2009, em Belém, no Pará.
De Salvador,
Eliane Costa