Defesa das reformas democráticas une partidos de esquerda
O Ato de Lançamento da Campanha em Defesa das Reformas Democráticas, na tarde/noite desta quarta-feira (20), em Brasília, reunindo cinco partidos políticos – PSB, PCdoB, PT, PDT e PRB – representa a retomada do fio da história brasileira iniciada em 19
Publicado 20/02/2008 20:29
O presidente do PCdoB, Renato Rabelo – o primeiro orador e o que fez o discurso mais longo – disse que ''essa iniciativa de se discutir as reformas democráticas tem sentido político importante para os partidos de esquerda e progressistas e para o governo do Presidente Lula. Segundo ele, ''a luta pelas reformas democráticas – em um país de grandes desigualdades sociais e regionais, discriminações e dependências – comparado aos diversos períodos da nossa história, em que teve momentos de assenso e descenso, é a expressão no campo político dessa realidade estrutural''.
Para o senador Cristovão Buarque (PDT-DF), a luta deveria ser para que a escola do filho do trabalhador seja a mesma escola do filha do patrão. Ele, que foi recebido com o canto de ''Parabéns Prá Você'', disse que ''nós estamos aqui porque temos um lado, que é diferente da elite brasileira que defende a continuação do que se tem desde o começo do nosso País. Vamos procurar a causa comum que nos faz igual apesar das siglas diferentes'' e estendeu os parabéns a todos os presentes, ''porque somos diferentes, sonhamos e sabemos o nosso lado''.
A deputada Jô Moraes, que falou em nome do PCdoB – a última a falar na solenidade que foi marcada por um grande número de oradores – foi breve. Ela disse que ''cabe a nós, lideres dessa Casa, nos transformarmos em instrumentos regimentais e legais da força transformadora que cada um de vocês traz para as ruas na mobilização em torno dessas reformas'', acrescentando que ''temos convicção de que somos capazes de nosso unir em torno de projeto de desenvolvimento que leve este país a dias melhores''.
A parlamentar comunista disse ainda que ''se soma às reformas, desafios maiores, inclusive os que entravam o desenvolvimento do País – as taxas de juros e superávit primário'', mas enfatizou a certeza da ''construção de um núcleo de convicção que compreende que para enfrentar desafios de desenvolvimento, a unidade em torno de uma plataforma é fundamental''.
Luta de muitos anos
Para Renato Rabelo, a luta por reformas estruturais no país ''começa nos anos 1950 e chega ao apogeu com o ex-presidente João Goulart e as forças avançadas da época, que assumem a luta pelas reformas de base. O golpe militar de 1964 trunca essa luta que crescia e se expandia e mobilizava contingentes cada vez maiores do nosso povo. Reaparece essa luta com a redemocratização do país e fim do regime militar. A Constituição de 1988 já reflete e expressa sentimentos e anseios dessa reformas democráticas que é mais uma vez truncada com os governos neo-liberais, que perpassou a década de 1990''.
Ele destacou que ''a eleição de Lula abre um novo ciclo político do País e abre caminho para que as reformas sejam aplicadas levando em conta as condições concretas do nosso país. Mas as mudanças exigem luta e pode até dizer que é luta de reformas e contra-reformas'', citando o exemplo da reforma trabalhista, de flexibilizar regras trabalhistas, como contra-reforma ou anti-reforma
O dirigente comunista disse ainda que ''os partidos de esquerda devem ter como plataforma reformas democráticas e lutar por elas''. Ele lembrou também o compromisso dos partidos da base do governo ''de se contrapor a agenda negativa imposta pela oposição com uma agenda positiva e propositiva de reformas democráticas que atendam os interesses do povo''.
Preparando o caminho
O presidente do PT, Ricardo Berzoini, destacou as mudanças que estão sendo feitas pelo Governo Lula. Mas ressaltou que ''por mais felizes que possamos estar com os resultados alcançados, não estamos satisfeitos, porque o Brasil é um país tão desigual que apenas um governo com dois mandatos não é capaz de superar todas as desigualdades''.
Ele vê na iniciativa de lutar pelas reformas democráticas ''o caminho para preparar o País para este século que imporá mais desafios'', afirmando que ''vai empenhar o PT para que possamos viabilizar uma agenda comum, uma aliança programática, uma mobilização popular, que vai sustentar nosso projetos, que é dar continuidade as mudanças promovidas pelo Governo Lula e que são mudanças que estão sendo aprovadas pelo povo''.
Palavras de apoio
Os representantes do PSB, senador Renato Casagrande (ES) e o líder do Partido na Câmara, deputado Rodrigo Rollemberg (DF), também discursaram. Casagrande fez também um longo discurso, em que ressaltou as dificuldades do andamento dos trabalhos legislativos impostas pela atuação da oposição, que produz crises para evitar o avanço das reformas iniciadas pelo Governo Lula.
Na esteira da fala do companheiro de Partido, Rollemberg destacou a importância da pauta positiva que representa a defesa das reformas democráticas. Acrescentando o empenho que os socialistas têm e terão, junto com as demais legendas progressistas, para lutar pelo que considera avanços para o País.
Kleber Verde, do PRB-MA, manifestou o desejo do seu Partido de se engajar na campanha e disse que ''fazemos com consciência histórica da necessidade dessas transformações para viver em uma país justo, soberano e igualitário''. Ele elogiou a iniciativa do evento de buscar apoio dos partidos e a participação do povo, adiantando que as reformas pretendidas ''vão ser favoráveis ao povo brasileiro''.
O deputado Vieira da Cunha (RS), líder do PDT na Câmara, também lembrou o ex-presidente João Goulart, ''que pregava as mesmas reformas que hoje discutimos para o desenvolvimento do país''. E fez coro às palavras do correligionário – senador Cristovão Buarque – destacando a necessidade e importância da reforma educacional.
Pelo PT também falou o líder na Câmara, Maurício Rands (PE), que disse estar orgulhoso da mobilização dos partidos de esquerda pelas mudanças iniciadas no governo Lula. ''Os partidos de esquerda, que tem compromisso em construir o socialismo, devem discutir reformas emancipatórias, que é o que nos unifica, o valor da igualdade e a radicalização da democracia'', afirmou.
De Brasília
Márcia Xavier