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Presidente da Petrobras nega falha em transporte de dados

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou nesta quarta-feira (20) que não houve falha de transporte no caso do furto de computadores da estatal com informações sobre recentes descobertas de petróleo.

De acordo com Gabrielli, que acompanhou o presidente Lula numa visita ao gasoduto Cabiúnas-Vitória, o que houve foi um procedimento usual de retirada de equipamentos de sondas.



“Essa retirada de equipamento de sonda não é transporte de dados, o transporte de dados é feito on-line. Não tem nada a ver com o transporte físico de dados. Foi um procedimento absolutamente normal.”



Sistema inseguro



O Superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, delegado Valdinho Jacinto Caetano, criticou ontem a segurança do sistema de transporte de dados importantes da empresa. Na opinião de Caetano, ele é “falho”.



“O sistema de segurança para esse material era bastante falho. Não havia forma de controle específica e havia muita gente que tinha acesso a esse tipo de informação. Para um escritório-contênier, a segurança era adequada, mas quando há informação privilegiada, a forma de segurança passou a ser inadequada.”



Na segunda-feira, foi o governo federal que admitiu a fragilidade da segurança.



“As investigações [sobre o furto] já estão em andamento e, independentemente da motivação do crime, elas revestem-se de importância, em função da possível fragilidade do sistema de segurança para o transporte de informações reservadas que o episódio evidenciou”, afirma um comunicado assinado pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, e pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, Jorge Armando Felix.


 


A Polícia Federal (PF) descartou ontem a hipótese de crime comum no furto de dados sigilosos da Petrobrás, que estavam em computadores e discos rígidos da empresa norte-americana Halliburton. Segundo o superintendente da PF no Rio, Valdinho Jacinto Caetano, os ladrões deixaram outros computadores no local, o que reforça a tese de espionagem industrial.



“Havia basicamente material de escritório e alguns laptops (no contêiner). E se privilegiou o roubo desses (laptops), o que nos leva a descartar a hipótese de roubo comum. Até porque, em roubo comum, se leva o computador inteiro para uso posterior, e não o HD (disco rígido)”, argumentou Caetano. Os dois HDs levados foram retirados de computadores que também estavam no contêiner.



Segundo Caetano, um dos trabalhos dos investigadores será apurar quem teria interesse nas informações. 'O que se pode tirar é que alguém tinha interesse em informações e supunha o que tinha ali', comentou.


 


Halliburton prejudicou investigações


 


A polícia ainda não conhece o conteúdo dos dados furtados. Em depoimento no dia seguinte à descoberta do furto, o gerente de Proteção Empresarial da Petrobrás, Luiz Lima Blanc, disse apenas que os equipamentos saíram de uma plataforma de perfuração da Bacia de Santos.



No mercado, suspeita-se que havia dados referentes à descoberta gigante de gás de Júpiter, anunciada no dia 21 de janeiro. A plataforma que descobriu Júpiter concluiu os trabalhos no dia 18, mesmo dia em que a carga deixou a Bacia de Santos.



Os investigadores já tomaram depoimento de nove envolvidos no transporte da carga e esperam ouvir mais 15 nas próximas semanas.



A perícia no contêiner violado ocorreu, segundo o delegado, no dia 2 de fevereiro e foi prejudicada pelos funcionários da Halliburton. “Talvez por desconhecimento de normais de perícia”, disse Caetano, “eles mexeram nos equipamentos restantes, desconfigurando a cena do crime”. Mesmo assim, a existência de outros computadores no local definiu a linha de investigações em torno da hipótese de espionagem.



Amiga da CIA



A Halliburton é a maior corporação do mundo no ramo de prestação de serviço para companhias de petróleo, presente em mais de 100 países. Apenas a título de “reconstrução” do Iraque, a Halliburton recebeu US$ 10 bilhões em contratos do governo dos EUA.



A empresa tembém teve por muitos anos, como grande acionista, o atual vice-presidente dos EUA, Dick Cheney. Diante da tanto envolvimento com a atual administração americana, a Halliburton tem tudo para ser um braço do serviço de inteligência dos EUA.



A empresa atua com bastante liberdade em países invadidos e lucra com a tortura, o seqüestro e os assassinatos perpetrados pelo governo Bush.



As informações roubadas sobre o mega-campo de Tupi não representam a primeira vez em que a Petrobrás teve informações sigilosas roubadas. Fernando Fortes, engenheiro aposentado da empresa, afirmou que durante o governo FHC o prédio da Avenida Chile, no Rio de Janeiro, foi escancarado para executivos estrangeiros.



Era possível entrar ali e acessar dados estratégicos da Petrobrás, muitos deles utilizados nos leilões que viriam a ser promovidos pelo governo neoliberal de FHC.



Blogs progressistas na rede têm insistido na tese de que todos os contratos com a Halliburton deveriam ser imediatamente suspensos, já que as informações foram transportadas num contêiner de sua responsabilidade.