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Rússia apontará mísseis contra quem instalar escudo dos EUA

A Rússia não quer que ninguém se sinta ameaçado por seu arsenal nuclear, mas deixou claro que responderá a medidas unilaterais dos Estados Unidos. Na última semana, o presidente Vladimir Putin afirmou que não duvidará em apontar seus mísseis contra qualqu

“Se for instalado esse sistema (próximo às fronteiras deste país) e o Estado Maior (do exército russo) considerar que há perigo para nossa segurança nacional, seremos obrigados a tomar as medidas adequadas de resposta e, em primeiro lugar, a apontar parte de nossos mísseis em direção às instalações que nos ameaçam”, advertiu Putin.



O russo se referiu não somente à República Tcheca e Polônia, onde os Estados Unidos querem pôr uma estação de radares e uma dezena de interceptores de mísseis. Também inclui a Ucrânia, cujo governo solicitou há pouco tempo – embora deixe a decisão final para um referendo – o início do procedimento de adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte.



Perspectivas



Há duas semanas da eleição de seu sucessor, Putin concedeu sua última entrevista coletiva como presidente, a qual — em realidade — deveria compreender-se como a primeira reunião com informadores do seguinte primeiro ministro da Rússia, cargo que sem dúvida ocupará a partir de março quando Dmitri Medvediev, seu candidato, tome posse no Kremlin.



“Defini (na recente sessão do Conselho de Estado) as tarefas para o desenvolvimento da Rússia até  2020. As coisas estão se dando de tal maneira que tenho a oportunidade de contribuir a que se alcancem essas metas. Só há que se alegrar e se pôr a trabalhar”, recordou, por si, não dever haver nenhuma dúvida de sua intenção de permanecer ativo na política, ao menos nos próximos 12 anos.



Duplo nível



Durante quatro horas e 40 minutos, Putin respondeu a uma centena de perguntas, a maioria de pouca substância, formuladas por representantes da mídia local – dos 1364 jornalistas na sala, só havia 200 correspondentes estrangeiros.



Mas a ocasião também serviu para reiterar a posição da Rússia em relação a assuntos relevantes da agenda mundial. Ao se referir a Kossovo, por exemplo, o presidente russo qualificou de “amoral e ilegal” reconhecer a declaração unilateral da independência deste território da Sérvia e arremeteu contra o que chamou de política de “duplo nível” dos europeus.



“Não dá vergonha aos europeus, aplicar um “duplo nível” na hora de resolver os mesmos problemas em regiões diferentes?”, inqueriu Putin, e disse que a União Européia não se apressa a reconhecer a independência da República do Norte do Chipre, Abkházia, Ossétia do Sul e Transnístria.



A Rússia, acrescentou o presidente, só quer que se elaborem as mesmas regras de conduta. “Por que estimular o separatismo? Na Espanha nem todos querem viver em um mesmo Estado. Pois, apoiemos também aí”, lançou Putin.



Disse que, qualquer um que seja  substituto de Bush, a Rússia estará interessada em manter uma relação cordial e eqüitativa, sem confrontação, “sempre e quando também o deseje o novo presidente dos Estados Unidos”.