2010: Dirceu vê Serra naufragar e aposta na aliança PT-PMDB

Dirceu cita como indícios deste naufrágio político anunciado o fato de que, em São Paulo, a candidatura –praticamente irreversível– do ex-governador Geraldo Alckmin à prefeitura revela que Serra não tem o controle do próprio partido. ''O governador José Serra vê consumada mais uma derrota depois de perder, de forma vergonhosa, a liderança tucana na Câmara dos Deputados – seu candidato, Arnaldo Madeira (SP) foi batido por José Aníbal (SP), apoiado pelo governador de Minas, Aécio Neves'', lembra Dirceu.

Segundo ele, ''como Aécio trabalha para ser o candidato a presidente tucano, ou pelo PMDB, em 2010, aos poucos o governador paulista vê naufragar seus planos de suceder o presidente Lula. Sem votos no Norte-Nordeste (nas duas regiões é rejeitado pela postura ''imperialista'' de São Paulo), no Rio de Janeiro, e sem apoio de Minas, a candidatura Serra não tem futuro''.

''Como não há espaço vazio na política, aos poucos a candidatura alternativa de Aécio está substituindo à de Serra, para desgosto de seu principal patrono, o ex-presidente FHC. A reunião do governador de Minas esta semana com os líderes peemedebistas, deputados Michel Temer (SP) e Delfim Netto (SP) é apenas um passo desse minueto, cuja dança se iniciou com a aliança PSB-PT à prefeitura de Belo Horizonte'', completa o ex-ministro, referindo-se a um acordo informal entre o prefeito petista de Belo Horizonte, Fernando Pimentel e o governador Aécio Neves para, juntos, apoiarem um candidato do PSB à prefeitura de Belo Horizonte.

Em recente entrevista à revista Piauí, Dirceu deixou claro que se ressente do fato de sua opinião sobre uma aliança prioritária com o PMDB não ter sido acatada em 2003, quando Lula formou seu primeiro governo. Segundo a revista, Lula preferiu se apoiar em legendas menores como PTB e PL, para alicerçar sua base de apoio no Congresso, e o resultado dessa opção foi o desencadeamento, tempos depois, da chamada ''crise do mensalão'', que fez do próprio ex-ministro José Dirceu uma das principais vítimas, já que teve seu mandato de deputado cassado.

Esse histórico talvez explique porque Dirceu, agora, volte a apontar a aliança com o PMDB como principal ''trunfo'' para o governo Lula conseguir eleger seu sucessor. ''A chave da nossa vitória contra os tucanos em 2010 é a aliança PT-PMDB. O candidato tem de ser escolhido de comum acordo com o Presidente Lula, e ter trânsito na base governista, particularmente no PCdoB-PSB-PDT. Há que se considerar a legitimidade da candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) e sua força eleitoral'', defende Dirceu, sem deixar claro se a citação a Ciro Gomes é um ''convite'' ou um ''alerta''.

Dirceu finaliza o comentário em seu blog dizendo que ''esta vitória'' começa a ser construída este ano. ''Ela se constituirá em ponte para a sucessão estadual em 2010 porque nossa proximidade com o PMDB é maior do que com qualquer outro partido, e não temos, até o momento, candidato natural ao Palácio dos Bandeirantes'', finaliza o ex-ministro.

Da redação,
com informações do Blog do Dirceu ( http://blogdodirceu.blig.ig.com.br/ )