ARTIGO: “Convicções, isso é o que determina a política econômica”
“É nesse palco, pouco iluminado, com muitas fuligens e fumaça
que está o centro das discussões sobre o futuro dessa maravilhosa nação. Parece
razoável que os caminhos ortodoxos encontrados pelas diretrizes
macro-econômicas dão resultados de estabilidad
Publicado 17/03/2008 19:23 | Editado 04/03/2020 16:52
muito pouco sobre a questão econômica atual. No entanto, uma provocação foi o
suficiente para me desassossegar. O artigo “O medo do desconhecido” publicado
no sítio da Carta Capital da colunista Márcia Pinheiro coçou minha cabeça. A
colunista tem elegância no trato com a língua pátria, muita capacidade de
sistematizar um complexo assunto e outros elogios, mais que dispenso fazê-los,
pois, em outros momentos, nos confrontaremos em idéias.
debate do controle de fluxo de capitais, visto que o assunto pauta as nações.
Sem pestanejar, a economista faz o seguinte argumento: “Não ouvi do presidente
Lula uma frase mais assertiva sobre o apoio a tais controles”. A saber, nem vai
ouvir! O que ela propõe como pauta esbarra no que determina as motivações do
projeto econômico brasileiro.
discutir o âmago das convicções do Brasil de hoje, dirigido por forças de
diversos matizes ideológicos e que têm o PT como elo mais forte. Este sofre com
a falta de convicção sobre um projeto nacional e soberano. Assim, a política
econômica se fere com o viés conservador, mesmo que esse não encontre
ressonância na base aliada do Governo, mas encontre satisfação em seu seio.
que está o centro das discussões sobre o futuro dessa maravilhosa nação. Parece
razoável que os caminhos ortodoxos encontrados pelas diretrizes
macro-econômicas dão resultados de estabilidade, mas comprometem a curto-prazo
um processo de desenvolvimento de fôlego – tão aguardado no Brasil.
certíssimas. Com destaque para o decoupling da crise americana. Isto faz com
que nas condições apresentadas pelo cenário mundial, o Brasil se coloque como
alvo preferencial do capital especulativo. Assim, é nesse momento de
fragilidade americana que países, como o Brasil, podem tirar proveito dessa
situação. Então, se pensarmos o que vem por aí é positivo para o Brasil. É
preciso analisar o que fazer.
conservadorismo da nossa já íntima macrô. Com os caminhos conservadores que
levaram o Brasil a tal situação favorável, para que mudar? Afinal de contas, a
velha máxima do futebol pode ser aplicada nesse caso, “não se mexe com time que
está ganhando”.
para qualquer capital, sem perder a perspectiva de soberania e do
desenvolvimento, aproveitando a diversidade de capitais para uma fantástica
lavagem de dinheiro. Na lógica binária que ela coloca, as categorias de compra
e venda têm uma resultante: o que eu ganho? E aqui o “eu” são os investidores
do mercado financeiro.
debatedores de um processo de desenvolvimento com soberania nacional. Estamos atrelados
diretamente aos interesses de uma pujança econômica baseada no pagamento da
dívida social acumulada durante décadas, e digo, até séculos. Aqui, a lógica
binária tem como resultante o povo trabalhador de nosso país.
capitais, nessa conjuntura, cria as condições para o povo ganhar? Não
necessariamente, pois ficam impositivos os juros e superávit astronômicos. O
que emperra definitivamente qualquer perspectiva de desenvolvimento com valorização
do trabalho e da renda do trabalhador. O fato é que isso não é um dilema para o
desenvolvimento do país, visto que é necessário consolidar convicções para
iniciar um processo de mudança.
essa mudança não deve ser radical. Esta mudança não radical é importante ser
ressaltada, visto que o Brasil tem histórico de rupturas lentas e graduais para
elementos democráticos mais avançados.
fontes. É importante para o Brasil ter certos mecanismos de controle do capital
financeiro, principalmente o especulativo, para defender os interesses
soberanos da nação. Afinal, o Estado não serve para isso, “regular o mercado”?
Sem perder a perspectiva de que os investimentos estrangeiros são importantes
para nosso desenvolvimento. E também, comandar uma política de redução da taxa
de juros e do superávit, em função de investimentos em infra-estrutura.
Esse é um momento importante, e as transições impostas pelo conservadorismo
criaram um gargalo para o necessário debate sobre esta matéria. Temos que agir
agora, com cautela, prudência e caldo de galinha – que não fazem mal a ninguém.
Mas com convicções plenas de que o que for feito terá como vontade a redução da
nossa dívida social com os trabalhadores e o povo marginalizado de nosso país.
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* Weligton Santos é secretário de Comunicação do PCdoB/BH