Seminário eleitoral debate desafios do PCdoB Minas para 2008
3º Seminário Eleitoral reúne 250 pré-candidatos de cerca de 60 cidades e aponta os desafios dos comunistas para a ousada tática eleitoral deste ano. Encontro foi positivo para articular os eixos das campanhas e reforça
Publicado 17/03/2008 14:23 | Editado 04/03/2020 16:52
Após dois dias de intensas atividades, terminou no último domingo (16),
Seguindo a orientação nacional sobre o novo olhar eleitoral, este será o pleito em que o PCdoB mineiro lançará o maior número de candidaturas, principalmente a cargos majoritários. A expectativa do Partido é de lançar 29 candidatos a prefeito e
Na pauta do seminário, intervenções sobre os quatro eixos principais de organização das campanhas: político, organizativo, jurídico-financeiro e comunicação. Os painéis abordaram a conjuntura política nacional e estadual; o planejamento e organização das campanhas; as questões das convenções e registro dos candidatos e os meandros da propaganda eleitoral.
Antes do início dos trabalhos no sábado, o plenário prestou uma homenagem ao vereador Paulo Rogério, do PCdoB em Juiz de Fora, morto em um acidente quando dirigia seu carro para participar do seminário.
O secretário-executivo do Ministério do Esporte, Wadson Ribeiro, natural da cidade da Zona da Mata mineira e amigo pessoal do vereador, falou sobre a vida de lutas do camarada e considerou o ocorrido “uma fatalidade e uma perda irreparável”.
Perspectivas
Para o secretário-geral do PCdoB/MG, Richard Romano, o Partido sai fortalecido do seminário, com um olhar avançado sobre a disputa e um planejamento tático para as eleições. Ele considera que o encontro foi um passo estratégico para a construção dos projetos políticos em cada município.
“O momento, agora, é traduzir as seis reformas democráticas propostas pelo PCdoB – tributária, política, urbana, agrária, educação, e democratização da comunicação – para a realidade das cidades e pensar um aperfeiçoamento da gestão participativa. O Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) fará o acompanhamento junto aos municípios”.
Richard disse, ainda, que o Partido tem conversado com todas as forças partidárias nos municípios para compor frentes do campo democrático com reais possibilidades de disputa. “Estamos mais organizados e mais ousados. O PCdoB em Minas fará a sua maior campanha e com chances reais de ampliar os seus quadros nas prefeituras e Câmaras”, destacou.
Agenda positiva
No sábado pela manhã, a presidente estadual do Partido, deputada federal Jô Moraes (PCdoB), abriu a programação também lamentando a morte de Paulo Rogério. “Era uma grande liderança. Foi uma grande perda para Juiz de Fora e toda Minas Gerais”, disse.
Jô fez uma análise do quadro nacional, dizendo que as eleições estarão dentro de um contexto de acirrada disputa política. Ela destacou ainda a fundamental defesa das seis reformas democráticas propostas pelo PCdoB.
A deputada criticou a oposição, que tenta desmoralizar as ações do governo e os avanços conquistados para o País pela administração federal nos últimos anos. Na sua opinião, o momento é de sair deste cerco impondo uma agenda positiva.
“Sabemos que nas eleições municipais haverá polarização entre os que defendem os programas do governo Lula e os que o atacam. Nossos candidatos precisam dar visibilidade a projetos como o PAC, demonstrando exatamente de que lado nós estamos. Isso vai claramente refletir nas candidaturas municipais do campo democrático. Dessa forma, vamos dar mais musculatura para nossos candidatos”, defendeu.
Jô falou da composição do bloco de esquerda e disse que é necessário planejar as ações de acordo com cada realidade, focando a campanha também para as realidades e especificidades de cada localidade. “Garantir um bom resultado e um bom desempenho das candidaturas do campo democrático e popular nas principais cidades é fundamental para fortalecer o governo federal e reafirmar os rumos das mudanças”, observou.
Choque de gestão
Já o deputado estadual Carlin Moura (PCdoB) falou sobre o quadro político estadual. Ele destrinchou para a platéia dados, análises e números sobre o “choque de gestão” do governo Aécio Neves (PSDB), a maquiagem das contas públicas no Estado, o trato ao funcionalismo público, os altíssimos gastos com publicidade e o baixo desenvolvimento da educação.
O deputado fez um balanço destes anos em que o Estado está sob os mandos do governo tucano. “Vemos que esse governo tem sido de caráter extremamente neoliberal e tecnocrata, pautado numa idéia de estado mínimo e com características de extremo racionalismo político, que esconde atrás das propagandas os verdadeiros rumos do estado”, disse.
Sobre as contas públicas, Carlin mostrou uma manobra do governo estadual para colocar como sendo gastos na saúde despesas com atividades não diretamente relacionadas à área, como a construção de praças públicas e até locação de serviços de limpeza.
Para dar um panorama de como o governo enxerga a educação, Carlin expôs ao público o dado de que o Estado ocupa apenas a 10ª posição no ranking nacional de escolaridade da população adulta.
O integrante do Comitê Estadual, Manuel Cação, o “Quincas”, também fez uma exposição com fortes críticas e um desenho de análise eleitoral sobre o governo neoliberal de Aécio Neves.
Frentes competitivas
Na parte da tarde, o tema foi “Coordenação, Organização e Planejamento da campanha eleitoral”', com as intervenções do presidente municipal do Partido do PCdoB/BH, Zito Vieira, e do secretário estadual de Finanças do PCdoB, Fernando Máximo.
Zito apresentou uma visão de que, do ponto de vista partidário, nos marcos dos avanços do segundo governo Lula, é preciso o Partido imprimir um tática eleitoral mais afirmativa a audaciosa. O objetivo é constituir frentes políticas competitivas, aumentando o número de prefeituras dirigidas pelo PCdoB, elegendo mais vereadores e ampliando a participação em postos qualificados das administrações apoiadas pelos comunistas.
Zito disse que em Minas a expectativa é de se lançar 29 candidaturas a prefeito e
No segundo e último dia do seminário, o assessor do Comitê Central João Brasil foi convidado a fazer uma exposição técnica sobre questões jurídicas e financeiras das campanhas eleitorais, falando sobre as convenções e os registros dos candidatos.
Sola de sapato
Na parte da tarde, a mesa sobre propaganda eleitoral contou com o secretário de Comunicação do PCdoB/MG, Kerison Lopes, e Inácio Carvalho, que tem a mesma função no Partido do Ceará. Carvalho cuidou desta área em importantes campanhas, como na eleição de Inácio Arruda para o Senado e nas disputas pela Prefeitura de Fortaleza.
Inácio falou sobre a importância dos pré-candidatos já pensarem toda a comunicação de suas campanhas, baseada principalmente no tripé: logomarca, imagem e divulgação. Os desdobramentos destes três elementos vão resultar na produção do slogan, criação de site, padronização de peças gráficas, além das táticas de reprodução da informação, que vão desde a chamada “rádio peão”, até os jingles e programas televisivos.
Para Inácio, a comunicação é um grande e forte mecanismo de campanha, mas sozinha ela não ganha eleição. Por isso, deve ser trabalhada sempre em conjunto com a orientação política do Partido. Ele recomendou que, desde já, todos os pré-candidatos escolham seu coordenador de comunicação, que vai cuidar de toda a estrutura e deixar o candidato mais solto para “gastar a sola do sapato”.
De Belo Horizonte
Rafael Minoro