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Juros e inflação: duas manchetes, uma mesma história

Meirelles fez de tudo para manter o mercado cheio de informações de que o BC irá aumentar a taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O mercado e o BC, um oxigenando o outro e ambos inflando a expectativa de alta dos juros.

Jornal do Brasil e O Globo deram manchete nesta quinta-feira (10) à questão dos juros. O Globo: “Inflação vai além do previsto e BC poderá subir juros logo”. JB: “Bancos antecipam aumento de juros do cheque especial”. E qual a história?


 


A história é a luta hercúlea do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para sempre privilegiar o sistema financeiro, seja qual for a situação.


 


Antes, sempre que subiam as taxas de juros nos EUA, subiam os juros aqui. Mas aí veio a crise e a solução para os americanos foi fazer despencar a taxa básica de juros por lá. Aí era hora de baixar por aqui também, não é?


 


Mas veio o BC, com seu Boletim Focus, e começou a apontar risco de a inflação subir, portanto, a necessidade de elevar a taxa de juros, segundo os manuais monetaristas, para conter o dragão inflacionário.


 


Dragão? Inflação em alta? Quanto? 4,73% em 12 meses. 0,23 ponto percentual acima do centro da meta, que é de 4,5%. Vale lembrar que a meta é 4,5% “mais ou menos 2 pontos percentuais”. Ou seja, de 2,5% a 6,5%. Quer dizer, o índice está perfeitamente dentro do objetivo oficial determinado pelo Conselho Monetário Nacional. Aliás, praticamente no centro dessa meta. Mas assim mesmo o Meirelles quer aumentar a taxa de juros.


 


O presidente do Banco Central foi ao presidente da República e fez uma palestra sobre os riscos de volta da inflação, contrariando o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que havia dito a Lula que a crise dos EUA não tinha grandes influências sobre a economia brasileira.


 


Meirelles mandou até suspender sua ida ao Senado, combinada anteriormente para falar sobre a crise americana. Preferiu faltar quando soube que o senador ia tentar argumentar publicamente contra o aumento dos juros, colocando-o na berlinda.


 


Fez de tudo para manter o mercado cheio de informações de que o BC irá aumentar a taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O mercado e o BC, um oxigenando o outro e ambos inflando a expectativa de alta dos juros. Até que os bancos “viram-se obrigados” a se antecipar — aumentando a taxa do cheque especial — para prevenir o aumento que ocorrerá só na semana que vem da taxa básica do BC.


 


E o povo? Bem, que se dane o povo! Mesmo que isso possa prejudicar a economia do país, estancar crescimento, etc. Como receita para os EUA, mercado e FMI abandonaram o monetarismo. Pra cá, arrocham mais.



Fonte: Blog dos Blogs