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Nassif alerta para o risco da inflação importada

Há um dado novo no cenário econômico brasileiro, que ainda não foi digerido pelo Banco Central, em função da invencível dificuldade do banco em sair dos manuais e analisar a realidade: a chamada inflação importada. Até agora, o ambiente externo era def

Influenciadas pela desvalorização do dólar, agora se tem, em uma ponta, as commodities agrícolas com picos ainda maiores de alta. E os bens de consumo deixaram de cair, depois que a China mudou o patamar das relações trabalhistas.



O tema da inflação importada foi tratado no último relatório da Rosenberg e Associados.



Em 2007 o preço médio das commodities agrícolas aumentou 11,5% em dólares. Em 2008, o aumento já é de 42,7%. Soja e milho tiveram alta de 54,2% e 39,5% respectivamente. As commodities metálicas subiram menos: 3,1% em 2008, depois de 29,9% em 2007.



Apesar dessa volatilidade, o relatório considera que a alta das commodities se deve aos chamados fundamentos – ou seja, fatores permanentes. Um maior consumo de carne, por exemplo, impacta em oito vezes o mercado de grãos – para produzir um quilo de carne são necessários oito quilos de ração.



Quando se analisam os últimos dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Ampliado), os principais impactos foram de produtos cujos preços foram afetados por fatores externos ou por problemas sazonais.



O IPCA de março foi de 0,48%. O acumulado de 12 meses ficou em 4,73% contra 4,61% dos doze meses encerrados em fevereiro.



Os itens de maior influência foram Alimentação e Bebidas (0,20), puxado especialmente por alimentação no domicílio (0,14), justamente onde foram maiores as pressões das cotações internacionais. E há uma extensa lista de preços – diretamente afetados pela demanda – que simplesmente não registraram alteração nenhuma, ou pesaram menos que 0,2 pontos no índice. É o caso de Despesas Pessoais (0,01), Recreação Fumo e Filme (0,01), Produtos Farmacêuticos e Óticos (0,01), Serviços Pessoais (sem alteração), Artigos de Limpeza, Consertos e Manutenção, Jóias e Bijouterias, Tecidos e Armarinhos, TV, Som e Informática – todos com inflação zero.



Se os maiores fatores de pressão são externos, o que acontece com os juros? Divida os preços em três categorias: comercializáveis (os que tem preços cotados internacionalmente), não comercializáveis (preços cotados internamente) e administrados (preços definidos pelo governo ou por índices). Os juros só afetam os não comercializáveis. Se ocorrem altas provocadas pela inflação externa, há duas maneiras de atuar. Uma, dando um tempo até os preços se acomodarem – é para isso que a meta de inflação tem uma margem de segurança para cima ou para baixo. A segunda, é tentar resolver em uma só pancada. Quanto maior a pancada, maior os sacrifícios impostos ao país.



Fonte: Blog do Nassif



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