Sem acordo, Venezuela nacionaliza siderúrgica ítalo-argentina
O vice-presidente da Venezuela, Ramón Carrizales, confirmou nesta quinta-feira (9) à noite a nacionalização da siderúrgica ítalo-argentina Siderúrgica do Orinoco (Sidor), em virtude da adoção, por parte da empresa, de um regime trabalhista semi-escravo e
Publicado 10/04/2008 13:51
A empresa havia sido privatizada em 1997, dois anos antes de o presidente Hugo Chávez assumir o poder. Trata-se da maior produtora de aço da Comunidade Andina de Nações (CAN) e do Caribe e a quarta da América Latina, segundo o Instituto Latino-americano de Ferro e Aço (Ilafa).
Carrizales disse que durante vários meses houve negociação com a empresa, que se negou a reconhecer direitos dos trabalhadores. Para impedir a continuação de um conflito numa área estratégica, o presidente Hugo Chávez optou pela nacionalização, segundo ele.
“Tentamos chegar a um acordo, mas definitivamente eles não cediam, queriam apoio do governo ao sistema brutal que utilizavam nessa empresa. Esse é um governo que protege os trabalhadores, que nunca vai ficar do lado de uma empresa transnacional”, afirmou o vice-presidente.
A Sidor se situa a cerca de 800 quilômetros ao sudeste de Caracas e o Estado venezuelano recebeu US$ 1,2 bilhão por sua venda, em 1997, quando o consórcio internacional Ternium, presidido por Paolo Rocca, adquiriu60% da siderúrgica, enquanto o governo permaneceu com 20%. Funcionários e ex-funcionários da companhia compartilharam os 20% restantes.
A infra-estrutura da empresa é composta por 20 instalações onde se produz aço, laminados a quente e a frio, ferro e encanamentos. A produção de tudo isso, com “matéria-prima subsidiada, da mesma forma que a eletricidade”, ocorria com “uma exploração impiedosa” dos trabalhadores, que eram “submetidos a um regime semi-escravo”, destacou Carrizales.
Além disso, mesmo com os subsídios, parte da produção era vendida depois à Venezuela “a preços internacionais”, explicou.
Da redação, com agências