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Copom define juros sob forte pressão política

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decide a taxa de juros, nesta uarta-feira (16), pela primeira vez no governo Lula, sob pressão explícita de agentes políticos ligados ao governo contrários ao endurecimento da política monetária.

Até a União Nacional dos Estudantes (UNE), que ficou de fora da ocupação estudantil do prédio da reitoria da Universidade de Brasília (UnB), saiu da toca para atacar a diretoria do BC. Os estudantes programaram uma manifestação para hoje na frente do Banco Central contra o aumento dos juros.



O comando nacional do PT, por sua vez, divulgou nota oficial na noite desta teça-feira (15) condenando a política do BC, no mesmo tom da carta que as centrais sindicais encaminharam ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O PCdoB está em campanha aberta contra a alta dos juros, em programas de TV, nos discursos dos parlaemntares e na tentativa de formar uma Frente Parlamentar para engrossar o coro de críticas à política do BC.
 


Em seus últimos documentos, a diretoria do BC indicou que poderá aumentar a taxa de juro tendo em vista os sinais de recrudescimento da inflação. O ministro da Fazenda reagiu, mas baixou o tom depois de uma reunião com o presidente do BC, Henrique Meirelles, arbitrada no Palácio do Planalto pelo presidente Lula. Nessa reunião, Meirelles teria mostrado ao presidente e ao ministro que não existia outro caminho para o BC a não ser agir preventivamente contra a ameaça inflacionária.



Pressões de todo lado
 


Mas as pressões não pararam. O setor empresarial se manifestou por suas entidades de classe -a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) acusou o BC de traição contra o setor produtivo – e as centrais sindicais pediram a Lula que impeça o Copom de decretar o aumento da Selic. A escalada hostil a política do BC culminou com a distribuição da nota oficial da Comissão Executiva Nacional do PT contrária ao aumento dos juros ''diante de supostos sinais de aumento da inflação''.



A nota petista faz uma rápida análise da conjuntura econômica nos seguintes termos: ''Os dados da economia brasileira apontam para o crescimento das taxas de investimentos acima do crescimento da demanda, o índice projetado de inflação está muito próximo do centro da meta e não há indicações de escalada dos preços administrados. Ademais, o custo da elevação da Selic sobre a dívida pública poderá perturbar a execução orçamentária.''
 


A carta das centrais segue a mesma linha depois de afirmar que as últimas altas de preços estão ligadas à demanda internacional de alimentos e que uma elevação de juros no Brasil em nada influenciaria esse movimento. Diz a carta: ''Juros altos seguem na contramão da produção, do crédito e do consumo. Elevá-los ainda mais seria impor novos obstáculos ao desenvolvimento com distribuição de renda e valorização dos trabalhadores e trabalhadoras. Imporia redução no ritmo de geração de empregos. Elevaria o valor das prestações de produtos que o trabalhador deseja e precisa comprar''.



De Brasília
Com agências