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Copom esbofeteia o Brasil e eleva juro em 0,5 ponto

A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central optou, nesta quarta-feira (16), pela pior solução entre as que estavam em sua pauta. Subiu a taxa de juro básica (Selic) em 0,5 ponto – de 11,25% para 11,75% –, contrariando as expectat

O aumento da taxa de juros foi o primeiro em quase três anos:a última elevação dos juros fora em maio de 2005. Na reunião anterior, realizada nos dias 4 e 5 de março, o órgão do Banco Central manteve a taxa inalterada, o que já provocou reações negativas. Mas o pior é que, segundo os analistas das intenções do Copom, o aumento desta terça-feira foi o primeiro de uma série, que pode elevar a taxa em 2 ou até três pontos ao longo deste ano. O próximo encontro do comitê ocorrerá nos dias 3 e 4 de junho.



Única mudança na nota foi para pior



Como de costume, a decisão foi comunicada em uma nota curta, seca e escrita para dificultar sua compreensão. O que fugiu do padrão dos comunicados anteriores foi uma mudança para pior, pois o texto sinaliza novas elevações do juro, embora dizendo que a decisão de hoje é ''parte relevante'' do aumento do juro. Veja a íntegra:




''Avaliando a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic, para 11,75% ao ano, sem viés. O Comitê entende que a decisão de realizar, de imediato, parte relevante do movimento da taxa básica de juros irá contribuir para a diminuição tempestiva do risco que se configura para o cenário inflacionário e, como conseqüência, para reduzir a magnitude do ajuste total a ser implementado.''



Oito pessoas decidem a portas fechadas



A decisão sobre os juros, funesta para o futuro da economia nacional e do bem-estar do povo, foi tomada por apenas oito pessoas, nenhuma delas detentora de mandato conferido pelo povo. Veja a lista:
– Henrique de Campos Meirelles, presidente do BC
– Alexandre Antonio Tombini
– Alvir Alberto Hoffmann
– Anthero de Moraes Meirelles
– Antonio Gustavo Matos do Vale
– Maria Celina Berardinelli Arraes
– Mário Gomes Torós
– Mário Magalhães Carvalho Mesquita, todos diretores do BC.



Fundado por FHC para servir aos especuladores



O Copom foi fundado no governo Fernando Henrique Cardoso, em junho de 1996. Desde então tem se mantido como reduto do fundamentalismo monetarista, prejudicando o desenvolvimento nacional em nome de um suposto rigor no combate à inflação. O atual governo Luiz Inácio Lula sa Silva não mudou esta orientação: a diferença é que agora o ultramonetarismo do órgão choca-se diretamente com a ala do governo que deseja acelerar o crescimento.



A decisão desta quarta-feira aprofunda o isolamento político desse bunker do neoliberalismo. Incontáveis vozes têm se levantado contra ele. Entre outros, Renato Rabelo, presidente do PCdoB, assinalou nesta segunda-feira (14) que o aumento do juro só interessa aos ''círculos financeiros, grandes credores e especuladores''.




''Não há fatos significativos que justifiquem o aumento 'preventivo' dos juros. Em verdade, este aumento é uma garantia aos grandes proprietários da riqueza líquida e estímulo à ciranda dos especuladores. Bancos Centrais não se baseiam em critérios puramente técnicos, suas hipóteses e decisões estão contaminados por preconceitos ideológicos. Sua independência é uma abstração formal. Estão, sim, submetidos a pressões permanentes dos poderosos círculos financeiros, grandes credores e especuladores'', afirma o artigo de Renato Rabelo (clique aqui para ver a íntegra).


 


Com o mesmo sentido, as centrais sindicais aprovaram nesta segunda-feira uma carta conjunta endereçada a Lula e Meirelles. O documento foi assinado pelos presidentes CGTB, CUT, NCST, Força Sindical, UGT e CTB, em nome da ''maioria dos brasileiros''.




''O movimento sindical brasileiro quer que o Comitê de Política Monetária (Copom) reduza a taxa básica de juros em sua próxima reunião. Exortamos o Banco Central, a quem o Copom é subordinado, a considerar outros fatores ao redor e repensar a estrutura do sistema de metas, extremamente conservadora'', diz a carta dos sindicalistas (clique aqui para ver a íntegra).