Deputados se mobilizam contra gestão centralizada na Eletrobrás
Parlamentares do Norte começam a se mobilizar contra a proposta de centralizar a gestão das companhias energéticas federalizadas da região e de dois estados do Nordeste numa única diretoria das Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás), provavelmente
Publicado 16/04/2008 12:55 | Editado 04/03/2020 16:13
Sob o argumento de que as companhias são deficitárias, o que provoca prejuízos à Eletrobrás de R$ 1 bilhão ao ano, a empresa comunicou que deu início aos estudos que vão permitir centralizar a gestão das seguintes distribuidoras. Eletromazon (resultado da fusão da Manaus Energia e Ceam), Companhia de Eletricidade do Acre (Eletroacre), Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron), Companhia Energética do Piauí (Cepisa) e Companhia Energética de Alagoas (Ceal).
A deputada federal Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) diz que na próxima terça (22), às 18h, a bancada do Amazonas discutirá o assunto em Brasília com o ministro das Minas e Energia, Edson Lobão. No encontro, que foi solicitado pela deputada ao coordenador da bancada, Átila Lins (PMDB-AM), será entregue um abaixo-assinado de todos os parlamentares do Norte contrários à proposta.
“Não existe uma explicação plausível da Eletrobrás de que centralizar a gestão irá resolver os problemas financeiros das companhias. O que resolverá será investir mais recursos para equipar as distribuidoras e evitar perdas. Além disso, os R$ 22,5 bilhões que foram investidos pela Eletrobrás não visaram a recuperação e, sim, a preparação delas para a privatização”, disse a deputada.
Em entrevista a revista ISTOÉ desta semana, o presidente da Eletrobrás, José Antonio Muniz Lopes, disse que as distribuidoras dão prejuízo e todas “serão presididas por um diretor da Eletrobrás”. Na semana passada, durante audiência pública na Câmara dos Deputados, os representantes da empresa anteciparam essa tendência.
Dependência “crônica”
No documento, os parlamentares do Norte também alegam que diferente das geradoras e da própria Eletrobrás, as distribuidoras federalizadas possuem uma relação direta com os seus consumidores o que exige tomada de decisão rápida e busca de soluções imediatas para os problemas. A centralização também fere a autonomia administrativa e financeira das empresas.
“As Regiões Norte e Nordeste são as mais esquecidas do país. Implementar políticas de desenvolvimento a partir de gabinetes instalados no Rio de Janeiro ou em Brasília é, no mínimo, inaceitável”, descreve o documento.
Sobre a dependência “crônica” de recursos da Eletrobrás para garantir prestação de serviço, o abaixo-assinado relata que balanços contábeis de algumas dessas empresas “vêm dando sinais de recuperação, passando de empresas com déficit operacional de caixa, para posição diretamente oposta, inclusive com ousados investimentos na região”.
Para resolver os problemas deficitários, os parlamentares propõem: pesados investimentos a serem custeados pela Eletrobrás, como qualquer gestor pode avalizar; e a retirada das empresas do Plano Nacional de Desestatização (PND), “como forma de dar maior confiança as mesmas e permitr que possam ir ao mercado pleitear recursos para suas gestão”.
De Brasília
Iram Alfaia